terça-feira, 8 de maio de 2012

Beastie Boys - Check Your Head - 1992



O rap achava que não precisava disso. O rock também. O início dos anos 90 assistia à formação de dois impérios que dominariam o pop dali por diante. Nevermind (1991) devolvia às guitarras a relevância perdida e atentava a possibilidade de o rock alternativo virar o jogo. Um ano depois, e do outro lado da ponte, The Chronic revelava o poder de sedução que a vida bandida de Dr Dre exercia sobre a classe média americana, e o rap conseguia o que precisava para ganhar respeito - ou seja, ganhar muito dinheiro. Você também podia pensar que não precisava de Check Your Head, mas os Beastie Boys insistiram em criar uma terceria via.
O trio vinha de uma situação complicada. O ambicioso Paul´s Boutique (1989) falhara em repetir o impacto de Licensed to Ill(1986), o bardo machista e cervejeiro que foi acusado de clonar o hip hop, mas vendeu horrores. O trabalho meticuloso de mixagem do disco, a cargo dos Dust Brothers, confundiu quem esperava batidões e riffs metálicos. A crítica também não deu bola para o álbum, que seria cultuado por poucos ao longo dos anos até ter reconhecida sua importância. Naquele momento restava a Ad-Rock, MCA e Mike D a dura missão de partir do zero, a começar pela criação de seu próprio selo, o Grand Royal, o que daria liberdade de criação e seria o primeiro passo no extreme makeover de um trio de fanfarrões em ícones do cool.
 
 
Como boas ovelhas brancas do rap que eram, eles decidiram forçar ainda mais a diferença e aproveitaram o background de banda de hardcore para voltar aos instrumentos básicos do rock. Mas a intenção não era retomar a fúria do início da carreira - à exceção de "Time for Livin"', link quase palpável com o punk e o skate. Em suas andanças por lojas de vinis raros e fora de catálogo, os ex-garotos idiotas foram coletando discos espertos de jazz, latin soul, boogaloo, funk e groove dos mais diversos. No estúdio, eles agregaram o tecladista Mark Ramos Nishita, mais conhecido como Money Mark. O japonês mais chicano do pedaço refogou o balanço do trio com um molho picante vintage vindo de seus Hammonds e Wurlitzers.
Contudo, a chave da empreitada estava do lado de lá, na mesa de gravação. Depois de Rick Rubin e os Dust Brothers, os Beastie Boys escolheram o brasileiro Mario Caldato Jr para a missão de captar a energia de uma jam session e envolvê-la com texturas via samplers e colagens. "Esta é a primeira canção do nosso novo álbum", anuncia Mike D na introdução de "Jimmy James". Não é apenas formalismo ou tique de MC. Naquele momento, era necessário anunciar a transformação de um trio de rap caricato num símbolo de novas tendências sonoras. A faixa se baseia num sampler de baixo tocado por Hendrix ("Happy Birthday", também usado pelo De Falla no mesmo ano, mas isso é outra história). A estrutura, apesar de complexa, ainda era familiar ao universo do hip hop, mas servia para ambientar o ouvinte para o que viria em seguida: a guitarra malaca de "Funky Boss", os scratches sincronizados à bateria com eco (e acústica) de "Pass the Mie" e o espetacular baixo com fuzz de "Gratitude".
E o que dizer das instrumentais (num grupo de rap! Rap?) "Pow", "In 3's" e "Groove Holmes"? Mesmo"So What'cha Want", que foi bem nas paradas de rap, tinha algo de psicodélico que cheirava à novidade. As referências de rap da velha guarda, funk setentista, jazz dançante da Blue Note e rock alternativo alcançariam a perfeição e o gosto popular depois, com "Sabotage", megahit de Ill Communication (1994), que fez os Beastie Boys se tornarem um dos favoritos das programações das college radios americanas. Mas sem Check Your Head o apreço indie não seria possível.Compre e deixe na sua coleção o cheiro da novidade rap. 
 
Faixas:
1 Jimmy James 3:14
2 Funky Boss 1:35
3 Pass the Mic 4:16
4 Gratitude 2:45
5 Lighten Up 2:41
6 Finger Lickin' Good 3:39
7 So What'cha Want 3:36
8 The Biz ·vs· The Nuge 0:33
9 Time for Livin' 1:48
10 Something's Got to Give 3:27
11 The Blue Nun 0:32
12 Stand Together 2:47
13 POW 2:13
14 The Maestro 2:52
15 Groove Holmes 2:33
16 Live at P.J.'s 3:18
17 Mark on the Bus 1:05
18 Professor Booty 4:12
19 In 3's 2:23
20 Namasté 4:01
 

quarta-feira, 28 de março de 2012

Miles Davis e Seu Silencioso Caminho - Miles Davis - In A Silent Way - 1969



Bom já sabemos que Miles inventou e re inventou o jazz como quis e nos deixou discos eternos. Mas depois do devastador e mais belo disco de jazz já gravado, " Kind Of Blue", Miles e seu trompete começaram a eletrificar o jazz . O trompetista montou seu novo time e foi dar início ao que conhecemos como Jazz Rock ou Fusion. Miles foi o jazzista que deu início ao  novo movimento musical, e integrantes de sua banda , formariam tempos depois bandas fundamentais para a continuidade do jazz rock.

E como só um gênio como Miles poderia fazer , ele gravou um diferente disco , que não era para os fãs tradicionais do jazz ou amantes do rock e principalmente devotos do fusion. E sim um disco para quem gosta de um som que flui devagar , para quem aprecia o toque de um artista sensível o suficiente para deixar que o silêncio fale tão  alto quanto a música , este é o disco In A Silent Way.

 Este também é um disco para , Quem sabe saborear a liberdade única de músicos que conseguem trafegar pelos sons sem restrição, sendo este disco composto por duas peças  longas , cada uma com cerca de 20 minutos de duração, temos um músico que explorou a exaustão sua musicalidade e a do final dos anos 60, a maestria dos  teclados  de Herbie Hancock e Chick Corea , o sax soprano de Wayne Shorter e a incrível atmosfera criada pelo tecladista Joe Zawinful. Do outro lado é simplesmente genial a contraposição entre as ondas de silêncio das melodias de Miles que são lindas mas subestimadas, e os aparentemente infinitos solos de guitarra de John Mclaughlin.

In A Silent Way se coloca no meio das incursões de Miles aos meios eletrônicos demais entusiasmadas e  também pelo furor causado pelo Jazz Rock ,  que ele e seu supertalentoso grupo fariam na década seguinte, sendo a pedra fundamental  para um estilo que teria seu momento máximo em Bitches Brew também de Miles Davis. Só uma coisa, três décadas depois o triunfo do álbum é completo e reconhecido por todos , mas você aí já tem o seu ?

sábado, 17 de março de 2012

Discos que Marcaram a Minha Vida - Frank Zappa - Hot Rats - 1969



Visionário, polêmico, louco, ousado, provocativo, sarcástico, inventivo, contestador, virtuoso, revolucionário … para defini-lo, na verdade, bastaria um só adjetivo: genial! Falar de Frank Zappa é trazer à mente o nome de um dos artistas mais importantes do século 20 e, porque não, da história da música universal. E isso não é nenhum exagero! Sua morte, em 1993, deixou uma lacuna irreparável na música e no coração dos fãs.
Frank Vincent Zappa nasceu em 21 de dezembro de 1940, na cidade de Baltimore, Estados Unidos, filho de uma família pobre de imigrantes italianos. Ainda garoto começou a se interessar por música, ouvindo junto com os pais discos de r&b, blues e jazz. Mais tarde, passou também a se interessar por música clássica, tendo Igor Stravinsky, Karlheinz Stockhausen e Edgard Varèse como seus compositores prediletos. Vem daí a sua adoração por estruturas musicais complexas e grandiosas. Há um tempo atrás eu já havia ouvido tudo isto dito acima, e um pouco mais sobre o bigodudo mais louco do mundo da música, e foi com este disco que além de conhecer , gostar e começar a comprar seus discos, foi este que me mostrou a genialidade e exuberância musical de Frank Zappa.
Mais em 1969, Zappa além de frustrado por seus discos com o Mothers of Invention não venderem bem, pagar o salário de sua antiga banda literalmente deixou um rombo no bolso do guitarrista. Não havia outra opção,se não uma mudança de banda para o próximo lançamento e Zappa não perdeu tempo.Pegou seu fiel amigo Ian Underwood, seu chapa Captain Beefheart, e os violinistas Don Sugarcane Harris e Jean Luc Ponty, contando com um número menor de músicos em sua banda, Zappa não deixou barato, gravando e produzindo um de seus melhores  álbuns.
Um álbum todo instrumental,contando com apenas uma música com vocal, Hot Rats gira em torno do jazz , do rock e algumas outras influências de Zappa, mas contamos também com o virtuosismo dos músicos e a forma como o colocam nas faixas. " Peaches En Regalia" é inspiradora e peculiar ao mesmo tempo, sendo a música preferida do público nos 20 anos seguintes, é só ouvir e comprovar; nela Zappa toca um octave bass. Já em "Willie the Pimp", com os grunhidos chapantes de Beefheart, vai fundo no Blues e tem um solo explosivo do guitarrista com wha wha. " Son of Mr.Green Genes", amplia a forma do disco anterior, com um toque mais jazzístico. A faixa " Little Umbrellas", calcada em uma linha de baixo, é mais tranquila , metálica, estranha com um arranjo peculiar, que quanto mais se ouve mais se curte.
“Hot Rats” nos reserva ainda mais um ápice musical com a incrível “The Gumbo Variations”, um rhythm and blues peculiar que serve de cama para performances arrebatadoras de Zappa, Ian Underwood e Don Harris. Ouvir seus quase treze minutos de duração é uma experiência única, e que deveria ser recomendada para toda e qualquer pessoa que tem a música como um dos elementos principais da sua vida.Encerrando, uma curiosidade histórica: a figura da capa de “Hot Rats” até hoje é apontada por muitos como o próprio Frank Zappa, mas na verdade é Christine Frka, uma das integrantes do grupo exclusivo de groupies que seguia Zappa e sua banda, as GTOs – Girls Together Outrageously. A foto, com Christine esperando na surdina dentro de uma piscina, foi tirada em uma mansão de Beverly Hills, e não deixa de ser uma metáfora para o que “Hot Rats” faz com o ouvinte: o pega de surpresa, no susto, e o leva a uma viagem fantástica, da qual ele jamais se esquecerá.

Músicas :
1 - Peaches En Regalia - 3:37
2 - Willie The Pimp - 9:16
3 - Son Of Mr. Green Genes - 8:58
4 - little Umbrellas - 3:04
5 - The Gumbo Variations - 16:55
6 - It Must Be A Camel - 5:15




 

sábado, 10 de março de 2012

Weather Report - Heavy Weather - 1977


O Weather Report foi o mais duradouro dos grupos de fusion, pois agregando uma variedade de influências,indo do Free Jazz ao Rock Progressivo, eles estabeleceram seu nome definitivamente no mundo da música. Atravessaram  a década de 70 e metade da década de 80 definindo e redefinindo os rumos da sua complexa e cerebral música, juntamente com a  Mahavishnu Orchestra de John Mclaghlin,e o Return to Forever de Al Di Meola. O Weather Report foi fundado por músicos egressos do grupo de Miles Davis do final dos anos 60. Não apenas isso, mas o Weather Report nasceu como um verdadeiro grupo all-star que reunia alguns dos principais nomes do jazz-rock (e do jazz de maneira geral) da época. A formação original contava com Joe Zawinul aos teclados, Wayne Shorter ao sax, Miroslav Vitous ao contrabaixo, Airto Moreira à percussão e Alphonse Mouzon à bateria. Destes, Zawinul e Shorter haviam desempenhado, um papel importantíssimo junto a Miles Davis. Nessa primeira fase, o som do grupo era mais cerebral e experimental, uma extensão da música do revolucionário trompetista.Houve diversas mudanças de formação, principalmente no contrabaixo, na bateria e na percussão. Por outro lado, Shorter e Zawinul permaneceram sempre no grupo, com Zawinul assumindo gradativamente o papel de líder. Jaco Pastorius entrou no grupo em 1976, trazendo consigo sua energia característica e musicalidade inigualável, pois foi Jaco quem inventou o baixo fretless e seu timbre único,que o acompanhou por toda a carreira.

Mas tendo concorrentes que se soavam mais pesados ou com um suingue sobrenatural, era de se esperar que o Weather Report tivesse um diferencial de seus concorrentes, e foi exatamente isso que a banda mostra neste ótimo disco , pois do início ao fim ouvimos melodias cantaroláveis e com uma seção rítmica que se achava na obrigação de botar quem ouvia suas músicas para dançar, com o baterista e o percussionista impulsionando a banda com seu tom fluído afro - cubano. Ouça "Birdland" e "Teen Town", esta com Jaco Pastorius como baterista, e a 1ª que foi o hit tanto da banda como deste disco.

 Tendo uma maleável estrutura jazzística , com sintetizadores moldando e colorindo,elementos da música latina esse foi o fundamental disco do Weather Report, uma série de composições devastadoras executadas de uma forma brilhantemente virtuosa.

A produção deste disco, é um verdadeiro ato de amor a música.Contando também com o inigualável  e inovador virtuose Jaco Pastorius,que teve toda sua genialidade mostrada para o mundo a partir deste disco, não tem como não dizer que esta é uma obra fundamental  para  sua coleção.



sábado, 3 de março de 2012

Vamos Falar de Rock Progressivo


Biografia :
Rock progressivo (também abreviado por prog rock ou prog) é um estilo  que surgiu no fim da década de 1960, na Inglaterra. Conseguiu se tornar muito popular na década de 1970, e ainda hoje possui muitos adeptos.O estilo recebeu influências da música clássica e do jazz fusion, em contraste com o rock estadunidense historicamente, influenciado pelo rhythm and blues e pela música country. Ao longo dos anos apareceram muitos sub-géneros deste estilo tais como o rock sinfônico, o space rock, o krautrock, o R.I.O e o metal progressivo. Praticamente todos os países desenvolveram músicos ou bandas voltados a esse gênero.

1 - Pink Floyd - The Piper At The Gates Of Dawn - 1969  - Aonde tudo começou. O Rock nunca mais foi o mesmo depois da aparição de Syd Barret e cia. Psicodelismo, novidades sonoras embebidos em LSD, atitude e músicas marcantes que apesar de raramente terem sido tocadas , anos depois pela banda, marcou nossas vidas para sempre. Essencial.

2 - Genesis - Foxtrot - 1972 -  Depois de mudanças na banda, a formação clássica e o melhor momento de todos, nas letras, nas músicas nos arranjos e o início de Peter Gabriel com suas atuações performáticas, fantasias, levando ao público um novo formato de shows de rock.   

 3 - Emerson, Lake and Palmer - Tarkus - 1971 - O melhor disco gravado pelo maior trio de rock progressivo já existente. Virtuosismo em sua força máxima , mais sem perder a qualidade e sem ficar na mesmice ou chato. Arranjos inovadores onde as qualidades musicais do trio são mostradas de forma inigualável. Compre de olhos fechados.  

4 - Renaissanse - Prologue - 1972 - Annie Haslam estréia na banda ressucita a mesma e o disco se torna maravilhoso. Sem virtuosismo, mas tendo músicas bem executadas e melodias extraordinárias, na minha opnião algumas das melodias mais bonitas do progressivo estão aqui. Se tem coragem compra e ouça de olhos fechados.

5 - Novalis - Sommeraband - 1976 - O disco mais bonito do progressivo alemão e um dos mais belos que já escutei, melodias cativantes. Músicos com uma execução primorosa. Os temas sofrem mudanças constantes que de nenhuma forma entendia ninguém. Compre e ouça com seu amor.

6 - Premiata Forneria Marconi - Storia Di Un Minuto - 1972 - Conheci esta banda por um vizinho, e depois não parei mais. A melhor banda de progressivo italiano em seu 1º lançamento já demonstrava que nada ficava devendo aos medalhões ingleses. Um equilíbrio entre a beleza acústica e o peso elétrico do rock. Compre.

7- Yes - Fragile - 1972 - Foi o 1º disco do Yes que tive e escutei de cabo a rabo até os dias de hoje. Músicas , execução , arranjos e a produção são belíssimos. O pontapé inicial para outras pérolas que a banda gravou e nos deixou para toda a vida. Essencial.

8 - King Crimson - In The Court Of Crimson King - 1969 - Assim como o 1º disco do Pink Floyd , aqui temos outro marco na história da música, pois foi lançado no final dos 60's, e ninguém havia composto, arranjado e ou produzido algo parecido. Definiu o rock progressivo. Uma inteligente visão do que vemos hoje no mundo, a paranóia humana com o futuro da humanidade. Essencial é a palavra.

9 - Gentle Giant - Free Hand - 1972 - Pode não ser o maior album definitivo de rock progressivo, mas sem sombra de dúvidas "Free hand" ficou comercialmente acessível pelo menos para aquelas pessoas que seriam novos ouvintes desta banda estilo medieval. Por falar em medieval que ainda está presente neste album, a sonoridade também não se deixa levar com o renascentismo, algo muito incomum de bandas que fazem o estilo de folk-prog o que caracteriza . "Free hand" um trabalho tão adorado, pelos fãs e  você já tem o seu?

10 - Eloy - Power and the Passion - 1975 - Outro grupo alemão que marcou presença no estilo, capitaneado pelo cantor, líder e guitarrista Frank Bornemann. Disco conceitual que conta uma história de viagem no tempo, melodicamente fabuloso, não deixando de ser Hard quando necessário, tendo uma cozinha altamente rítmica e que não deixa a peteca cair. Compre.
Bom mais uma lista no blog, já falei de Blues, Jazz, Soul e Rock Brasileiro. O intuito aqui não é criar um Top 10 , passo longe disso e sim quero criar listas que tenham bandas referências nos estilos e ajude quem nunca ouviu. Se você gostou das bandas aqui listadas, não deixe de escutar também : Marillion, Jethro Tull, Camel , Focus, Solaris entre outras. E mergulhe fundo nas histórias progressivas.


sábado, 25 de fevereiro de 2012

Thelonious Monk Quartet With John Coltrane - at Carnegie Hall - 1957



Estamos em 1957, após uma discussão prolongada com agressão física  termina uma das  parcerias mais geniais e fundamentais do jazz , entre  o trompetista e gênio Miles Davis , e na minha opnião o maior tenorista  concebido neste planeta John Coltrane, este fato foi  assistido pelo pianista Thelonius Monk , após uma  apresentação da banda de Miles. Não perdendo tempo o pianista , logo chamou Coltrane para intregar seu quarteto, e o tenorista logo aceitando o convite. Em uma dupla musical também tão fundamental e genial , quanto a anterior entre Coltrane e  Miles, o saxofonista e o pianista deixaram um dos mais belos discos gravados , na música. Thelonious Monk é um pianista único, um matemático que compunha melodias e criava ritmos nada usuais. Seus dedos eram rígidos, deixava-os perfeitamente eretos, e os batia nas teclas tal qual uma baqueta faria em um tambor. Preciso, fazia com duas ou três notas o que outros pianistas faziam com nove ou dez. Era um “teclador de elite”, cada nota entrava perfeitamente no contexto da música, numa mistura melódica e rítmica. Somente notas necessárias e muito bem trabalhadas. Nesse sentido sua característica se aproxima com a de Miles Davis, notas poucas e boas, aliás, perfeitas. Excêntrico, Thelonious não era muito bem visto pela crítica da época, porém era unanimidade entre os jazzistas. Por anos andou apagado, sumido dos bares de Jazz, e isso deve-se a um acontecimento muito infeliz. Em 1951 a polícia novaiorquina encontrou narcóticos no carro de Bud Powell, amigo de Monk. Ambos os músicos estavam presentes durante a apreensão e como o carro era de Powell, a polícia ligou-o com as drogas. Thelonious negou-se veementemente a testemunhar contra o seu amigo e por isso foi impedido de tocar em qualquer lugar que vendesse álcool por alguns anos. Tal acontecimento fez com que Monk se restringisse à composição, apresentações em teatros (exatamente a situação da gravação deste disco) e gravações no início dos 50′s até mais ou menos 1957. Sobre o seu estilo, pode-se dizer que era semelhante ao Bebop, sendo ele o maior pianista do estilo inaugurado por ,  Bird e Diz.


Todas as músicas aqui , já haviam sido tocadas anteriormente, e o quarteto simplesmente da cara nova a todas , sem excessão, tendo arranjos belíssimos por todo o decorrer da bolacha. as fitas foram encontradas por acaso por um historiador chamado Larry Applebaum, na Biblioteca do Congresso dos EUA, e relata a curta parceria entre os dois gênios naquele ano . A dupla entre os dois durou apenas nove meses no ano de 1957 e esse show foi realizado no dia de Ação de Graças, em 29 de novembro. Trane relata que apesar do tempo curto, a convivência com Monk foi fundamental para seu desenvolvimento: "aprendi muito sobre teoria, técnica e composição. Monk foi extremamente generoso e paciente comigo."  Os outros 2 componenetes do quarteto também não podem ser esquecidos, o baixista Ahmed Abdul - Malik, e  o baterista Shadow Wilson contribuem muito para tornar os arranjos, e os solos sobrenaturais. Outro fator que também conta a favor desta obra prima do jazz, é a produção toda feita com muito esmero e respeito que a obra merece, saindo em uma edição de cd , com controle anti cópias. Enfim , como eu disse antes um dos mais belos discos que escutei em minha vida, e que com certeza irá colorir as  suas diariamente. Fundamental em nossas vidas.


Faixas :
1. Monk's Mood
2. Evidence
3. Crepescule With Nellie
4. Nutty
5. Epistrophy (Live)
6. Bye-Ya
7. Sweet And Lovely
8. Blue Monk
9. Epistrophy

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

King Crimson - Lizard - 1970



Estamos no ano de 1.970, época de grandes acontecimentos no cenário musical em geral. No rock progressivo que começa a mostrar sua cara, não foi diferente. Nessa época muitas bandas surgiam, algumas na estrada há mais tempo lançavam ótimos álbuns. Entre esses estava o King Crimson. Está banda que por alguns recebe o titulo de criadora do progressivo, não parou por ai. A banda começou com um guitarrista britânico, seu nome é  Robert Fripp. Junto com ele vieram dois irmãos Peter Giles “Baixo” e Micahel Giles “bateria”,gravaram o segundo e ultimo disco deles com o king Crimson ,  pois se trata de um trabalho do mesmo nível do primeiro, por incrível que pareça , tendo também o  auxílio de diversos músicos de jazz,  certamente superior ao seu antecessor. Lizard já abre com uma das melhores criações de Robert Fripp, a tenebrosa “Cirkus”, cuja estrutura básica consiste em lindas estrofes, cantadas com intensidade por Gordon Haskell, e sempre seguidas de um sinistro tema de mellotron, acompanhado de um dedilhado apático no violão.Esse pode ser considerado o álbum de mais difícil assimilação da banda, com evidencias claras do jazz, erudito e o sinfônico, Lizard se mostra um trabalho complexo, dinâmico, e único. 


 O disco também contou com a participação de Jon Anderson vocalista do Yes, ele faz os vocais da primeira parte da faixa titulo Lizard. Esse fato se deu porque algum tempo antes Jon Anderson convidou Fripp para ser o novo guitarrista do Yes, já que ma mesma época a banda procurava um novo guitarrista, depois da saída de Peter Banks logo depois do álbum Time And Word 1.969. Fripp não aceitou o convite preferindo continuar o king Crimson. Em uma forma de agradecimento convidou Jon Anderson para fazer os vocais em Lizard.Quanto ao Yes logo depois eles conseguiriam um novo guitarrista, o mago das guitarras Steve Howe. Esse se trata de  um álbum de Jazz Rock, e daí vem um pergunta a cabeça, mais isso é King Crimson? Realmente a sonoridade deste álbum se diferencia muito dos trabalhos anteriores, pode ser considerada uma transformação radical. Esse fato é bem verdade, esse com certeza é o trabalho com maiores influencias do jazz e dos seus artistas, como Miles Davis, grande nome do jazz, que influenciou muita gente, na época. Não diria que esse álbum seria o melhor para começar a conhecer o King Crimson, tente primeiro ouvir In the Court of Crimson King, e Red, depois vá para a audição de Lizard, com certeza estará mais acostumado com som e os experimentalismos da banda, se gostar dos dois exemplos citados, é bem provável que goste de Lizard.

O clima torna-se ensolarado com “Indoor Games”, primeira a aproveitar a fórmula jazzística funkeada de “Cat Food”, com um resultado bem positivo, especialmente no instrumental aparentemente aleatório, mas onde todas as performances se encaixam perfeitamente. “Happy Family” é uma faixa deliciosa, que também segue a fórmula de “Cat Food”, mas de forma mais simples. Além do tema instrumental, que gera um efeito cativante ao combinar timbres díspares de vários instrumentos como piano e sintetizador, destaco nessa música o vocal de Haskell, que, assim como em “Cirkus”, não apresenta maiores virtudes técnicas, mas encaixa-se perfeitamente ao que a música pede, como que tornando-se um instrumento a mais. Após a calma “Lady of the Dancing Water”, temos a  participação especialíssima nos vocais de  Jon Anderson (Yes)! Ele substitui Haskell na primeira parte da belíssima suíte "Lizard". Esta inicia com o belo tema cantado por Jon, ao qual se segue um trecho instrumental de arranjo impecável, com ênfase nos sopros e ótimas intervenções de piano. Esse tema, que mantém o clima dramático da música, encerra-se com um desfecho glorioso. A esse desfecho, emenda-se um novo movimento, que vai aos poucos se definindo, inclusive com Haskell cantando timidamente, até que a parte vocal dá lugar a um trecho instrumental mais arrojado, com a entrada da bateria. Um novo tema dos sopros é então apresentado, irascível, onde destaco novamente as intervenções sapientíssimas do piano! Esse tema ensaia alguns desfechos, até que finalmente some e deixa apenas a guitarra de Fripp chorando baixinho, um choro raivoso, que logo dá lugar a uma nova utilização de colagens sonoras pela banda, encerrando esse lindo disco com um resultado novamente acima da média.Então,progger compre o seu.