sábado, 21 de janeiro de 2012

Discografia Básica do Rock - Yes - Fragile - 1972



Um dos mais elogiados grupos do rock progressivo escreveu em definitivo seu nome no cenário mundial com um álbum de 1972. Com excelente  produção do lendário Eddie Offord e capa de Roger Dean (que daria início a uma longa parceria e passaria a ser uma das marcas registradas do Yes desde então), o disco trazia ao todo nove faixas: quatro músicas desenvolvidas pelo grupo e as cinco restantes por cada um de seus integrantes, onde sua individualidade era explorada em benefício do todo.Com a saida do tecladista Tony Kaye (muito criativo mas pouco habilidoso) abriu-se no Yes espaço para a entrada do lendário tecladista Rick Wakeman (muito criativo e  habilidoso) que deixou as coisas muito mais interessantes. Com essa nova excelente formação (Jon Anderson, Chris Squire, Steve Howe, Bill Bruford e Rick Wamenan), o Yes lança no fim de 1971 o disco Fragile .

A primeira faixa, “Roundabout” (que, lançada em compacto em versão reduzida, tornou-se o grande hit de “Fragile”), principiava por uma nota soando, imperceptível a princípio, e terminando não por um estrondoso acorde, como seria esperado, mas por um suave harmônico no violão de Howe. Seu arsenal de guitarras, violões, pedal steels (e o que mais você imaginar que tenha cordas), os diversos teclados de Rick Wakeman, o timbre agudo do baixo Rickenbacker de Squire (que acabou tornando o instrumento mundialmente conhecido e um must entre todos os baixistas do gênero), a bateria explorada como se fossem peças independentes de percussão por Bill Bruford e o vocal peculiarmente alto de Jon Anderson reinariam absolutos na cena progressiva nos anos seguintes e ditariam padrões para os grupos que surgiriam naqueles dias. “Roundabout” tem tudo isso numa composição de rara felicidade, onde letra, melodia e arranjo se completam. Logo após seguem se "Cans And Brahms" , faixa solo do mago Rick Wakeman em que foram usados vários teclados para reproduzir um pequeno trecho de música clássica do compositor Brahms. E depois vem "We Have Heaven",  Música em que Jon Anderson cria harmonias consigo mesmo sobrepondo sua voz várias vezes com melodias interessantes.




" South Side Of The Sky" , Mais uma música excelente da banda que por razões desconhecidas, nunca foi executada ao vivo. O riff principal (que dizem ser roubado de uma composição de Howe com uma banda de que fez parte anteriormente) é intimidante, intercalado por pequenas improvisações (sim, Howe afirmou que sempre tocava e até compunha improvisando) que nunca se repetem. Ainda temos uma passagem
solo de Wakeman no piano que dá uma sensação espacial, cuja parte final é sobreposta por uma harmonia vocal belíssima feita por Anderson, Squire e Howe. A música parece que se encaminha pro fim com o som do piano ficando cada vez mais baixo, mas inesperadamente a música volta à distorcida frase principal antes de terminar .


Já em , " Five Percent For Nothing " Bruford gravou a bateria e os outros integrantes da banda foram sobrepondo riffs que contrariam qualquer teoria musical, com tempos de lógica muito obscura. A música parece estar toda quebrada quando surge um acorde de orgão para consertá-la e todos instrumentos parecem se ajeitar.  O título se refere aos 5% que pertencia ao empresário da banda.5% do trabalho pra nada.




 "Long Distance Runaround" , A musica mais pop do disco, se é que se pode dizer isso. Começa com piano e guitarra tocando exatamente a mesma melodia, que me lembra chorinho. Logo entram baixo e bateria tocando em tempos diferentes sobre essa melodia. A parte vocal é mais lenta com baixo e guitarra tocando praticamente a mesma coisa. E volta ao riff inicial. Isso se repete algumas vezes, com pequenas mudanças.
" The Fish (Schindleria Praematurus)", Composição solo de Squire em que baixos e mais baixos vão sendo adicionados e se sobrepondo aos poucos, acompanhados por bateria. Squire Usa baixo com vários efeitos diferentes, inclusive um wah-wah e uma distorção que fazem o baixo soar como uma guitarra. Sobre isso Anderson repete "Schindleria Praematurus" ecoando a melodia de um dos baixos.
" Mood For A Day", Belíssima música de Steve Howe, mostrando que domina o violão como poucos. Com influências óbvias de música clássica e espanhola.
" Heart Of The Sunrise", E o melhor fica guardado para o fim. A frase inicial, pesadíssima, me lembra muito uma certa parte da música 21'st Century Schizoid Man (King Crimson - In The Court Of The Crimson King). Segue-se uma frase muito bonita e lenta do baixo que aos poucos vai sendo preenchida com um mellotron com som de violino e uma bateria . Bill Bruford consegue não apenas fazer a percursão da música, como também parte da melodia!! Sem nunca repetir nada!! Esse é um dos trechos mais bonitos de música que já pude deliciar. Ao fundo a guitarra surge tocando a frase incial que se encaixa perfeitamente nesse novo tempo! Após voltar à quebradeira inicial, a musica praticamente cessa para entrar os vocais. É notável a maneira como a música passa várias vezes de totalmente empolgante para calma e pacífica em questão de segundos. Um show de todos os músicos, especialmente de Wakeman no Moog, Hammond, Piano, Mellotron. Assim termina uma produção, que irá ser um item eterno nas suas coleções.

Faixas:

1.  Roundabout
2.  Cans and Brahms
3.  We Have Heaven
4.  South Side of the Sky
5.  Five Per Cent for Nothing
6.  Long Distance Runaround
7.  The Fish (Shindeleria Praematurus)
8.  Mood For a Day
9.  Heart of the Sunrise


 

Um comentário:

  1. Cara existe muitas bandad excelente mais quando conheci o yes é observei como a técnica musical dos integrantes ultrapassa o limite de sermos fã , pois os integrantes tem formação erudita! E esta formação faz VC trilhar o rumo do musicismo , foi por causa do Howe que resolvi estudar violão clássico e hoje em dia vejo os frutos disso, em minha vida profissional musical!
    Léo Troppiano:professor licenciado de música!

    ResponderExcluir