sábado, 25 de fevereiro de 2012

Thelonious Monk Quartet With John Coltrane - at Carnegie Hall - 1957



Estamos em 1957, após uma discussão prolongada com agressão física  termina uma das  parcerias mais geniais e fundamentais do jazz , entre  o trompetista e gênio Miles Davis , e na minha opnião o maior tenorista  concebido neste planeta John Coltrane, este fato foi  assistido pelo pianista Thelonius Monk , após uma  apresentação da banda de Miles. Não perdendo tempo o pianista , logo chamou Coltrane para intregar seu quarteto, e o tenorista logo aceitando o convite. Em uma dupla musical também tão fundamental e genial , quanto a anterior entre Coltrane e  Miles, o saxofonista e o pianista deixaram um dos mais belos discos gravados , na música. Thelonious Monk é um pianista único, um matemático que compunha melodias e criava ritmos nada usuais. Seus dedos eram rígidos, deixava-os perfeitamente eretos, e os batia nas teclas tal qual uma baqueta faria em um tambor. Preciso, fazia com duas ou três notas o que outros pianistas faziam com nove ou dez. Era um “teclador de elite”, cada nota entrava perfeitamente no contexto da música, numa mistura melódica e rítmica. Somente notas necessárias e muito bem trabalhadas. Nesse sentido sua característica se aproxima com a de Miles Davis, notas poucas e boas, aliás, perfeitas. Excêntrico, Thelonious não era muito bem visto pela crítica da época, porém era unanimidade entre os jazzistas. Por anos andou apagado, sumido dos bares de Jazz, e isso deve-se a um acontecimento muito infeliz. Em 1951 a polícia novaiorquina encontrou narcóticos no carro de Bud Powell, amigo de Monk. Ambos os músicos estavam presentes durante a apreensão e como o carro era de Powell, a polícia ligou-o com as drogas. Thelonious negou-se veementemente a testemunhar contra o seu amigo e por isso foi impedido de tocar em qualquer lugar que vendesse álcool por alguns anos. Tal acontecimento fez com que Monk se restringisse à composição, apresentações em teatros (exatamente a situação da gravação deste disco) e gravações no início dos 50′s até mais ou menos 1957. Sobre o seu estilo, pode-se dizer que era semelhante ao Bebop, sendo ele o maior pianista do estilo inaugurado por ,  Bird e Diz.


Todas as músicas aqui , já haviam sido tocadas anteriormente, e o quarteto simplesmente da cara nova a todas , sem excessão, tendo arranjos belíssimos por todo o decorrer da bolacha. as fitas foram encontradas por acaso por um historiador chamado Larry Applebaum, na Biblioteca do Congresso dos EUA, e relata a curta parceria entre os dois gênios naquele ano . A dupla entre os dois durou apenas nove meses no ano de 1957 e esse show foi realizado no dia de Ação de Graças, em 29 de novembro. Trane relata que apesar do tempo curto, a convivência com Monk foi fundamental para seu desenvolvimento: "aprendi muito sobre teoria, técnica e composição. Monk foi extremamente generoso e paciente comigo."  Os outros 2 componenetes do quarteto também não podem ser esquecidos, o baixista Ahmed Abdul - Malik, e  o baterista Shadow Wilson contribuem muito para tornar os arranjos, e os solos sobrenaturais. Outro fator que também conta a favor desta obra prima do jazz, é a produção toda feita com muito esmero e respeito que a obra merece, saindo em uma edição de cd , com controle anti cópias. Enfim , como eu disse antes um dos mais belos discos que escutei em minha vida, e que com certeza irá colorir as  suas diariamente. Fundamental em nossas vidas.


Faixas :
1. Monk's Mood
2. Evidence
3. Crepescule With Nellie
4. Nutty
5. Epistrophy (Live)
6. Bye-Ya
7. Sweet And Lovely
8. Blue Monk
9. Epistrophy

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

King Crimson - Lizard - 1970



Estamos no ano de 1.970, época de grandes acontecimentos no cenário musical em geral. No rock progressivo que começa a mostrar sua cara, não foi diferente. Nessa época muitas bandas surgiam, algumas na estrada há mais tempo lançavam ótimos álbuns. Entre esses estava o King Crimson. Está banda que por alguns recebe o titulo de criadora do progressivo, não parou por ai. A banda começou com um guitarrista britânico, seu nome é  Robert Fripp. Junto com ele vieram dois irmãos Peter Giles “Baixo” e Micahel Giles “bateria”,gravaram o segundo e ultimo disco deles com o king Crimson ,  pois se trata de um trabalho do mesmo nível do primeiro, por incrível que pareça , tendo também o  auxílio de diversos músicos de jazz,  certamente superior ao seu antecessor. Lizard já abre com uma das melhores criações de Robert Fripp, a tenebrosa “Cirkus”, cuja estrutura básica consiste em lindas estrofes, cantadas com intensidade por Gordon Haskell, e sempre seguidas de um sinistro tema de mellotron, acompanhado de um dedilhado apático no violão.Esse pode ser considerado o álbum de mais difícil assimilação da banda, com evidencias claras do jazz, erudito e o sinfônico, Lizard se mostra um trabalho complexo, dinâmico, e único. 


 O disco também contou com a participação de Jon Anderson vocalista do Yes, ele faz os vocais da primeira parte da faixa titulo Lizard. Esse fato se deu porque algum tempo antes Jon Anderson convidou Fripp para ser o novo guitarrista do Yes, já que ma mesma época a banda procurava um novo guitarrista, depois da saída de Peter Banks logo depois do álbum Time And Word 1.969. Fripp não aceitou o convite preferindo continuar o king Crimson. Em uma forma de agradecimento convidou Jon Anderson para fazer os vocais em Lizard.Quanto ao Yes logo depois eles conseguiriam um novo guitarrista, o mago das guitarras Steve Howe. Esse se trata de  um álbum de Jazz Rock, e daí vem um pergunta a cabeça, mais isso é King Crimson? Realmente a sonoridade deste álbum se diferencia muito dos trabalhos anteriores, pode ser considerada uma transformação radical. Esse fato é bem verdade, esse com certeza é o trabalho com maiores influencias do jazz e dos seus artistas, como Miles Davis, grande nome do jazz, que influenciou muita gente, na época. Não diria que esse álbum seria o melhor para começar a conhecer o King Crimson, tente primeiro ouvir In the Court of Crimson King, e Red, depois vá para a audição de Lizard, com certeza estará mais acostumado com som e os experimentalismos da banda, se gostar dos dois exemplos citados, é bem provável que goste de Lizard.

O clima torna-se ensolarado com “Indoor Games”, primeira a aproveitar a fórmula jazzística funkeada de “Cat Food”, com um resultado bem positivo, especialmente no instrumental aparentemente aleatório, mas onde todas as performances se encaixam perfeitamente. “Happy Family” é uma faixa deliciosa, que também segue a fórmula de “Cat Food”, mas de forma mais simples. Além do tema instrumental, que gera um efeito cativante ao combinar timbres díspares de vários instrumentos como piano e sintetizador, destaco nessa música o vocal de Haskell, que, assim como em “Cirkus”, não apresenta maiores virtudes técnicas, mas encaixa-se perfeitamente ao que a música pede, como que tornando-se um instrumento a mais. Após a calma “Lady of the Dancing Water”, temos a  participação especialíssima nos vocais de  Jon Anderson (Yes)! Ele substitui Haskell na primeira parte da belíssima suíte "Lizard". Esta inicia com o belo tema cantado por Jon, ao qual se segue um trecho instrumental de arranjo impecável, com ênfase nos sopros e ótimas intervenções de piano. Esse tema, que mantém o clima dramático da música, encerra-se com um desfecho glorioso. A esse desfecho, emenda-se um novo movimento, que vai aos poucos se definindo, inclusive com Haskell cantando timidamente, até que a parte vocal dá lugar a um trecho instrumental mais arrojado, com a entrada da bateria. Um novo tema dos sopros é então apresentado, irascível, onde destaco novamente as intervenções sapientíssimas do piano! Esse tema ensaia alguns desfechos, até que finalmente some e deixa apenas a guitarra de Fripp chorando baixinho, um choro raivoso, que logo dá lugar a uma nova utilização de colagens sonoras pela banda, encerrando esse lindo disco com um resultado novamente acima da média.Então,progger compre o seu.



domingo, 12 de fevereiro de 2012

Beastie Boys - ILL Communication - 1994



Os Beastie Boys formaram-se em 1979, como banda punk rock, chamada The Young Aborigines. Em 1981 Adam Yauch  juntou-se ao grupo e mudou o nome para Beastie Boys. O nome "Beastie" significava, originalmente "Boys Entering Anarchistic States Towards Inner Excellence," (em português quer dizer algo como "Rapazes que incorporam estados de anarquia para a excelência interna") e as iniciais B.B. tentavam mimetizar a banda punk de Washington DC, Bad Brains. A formação original da banda consistia em Adam Yauch no baixo, Kate Schellenbach na bateria, John Berry na guitarra, e Michael Diamond na voz. A sua primeira actuação foi em casa de Berry, no 17º aniversário de Yauch.A banda ganhou fama rapidamente e foram convidados pelos Bad Brains e pelos Reagan Youth em clubes como o CBGB e o Max's Kansas City, actuando na última noite destes. No mesmo ano, os Beastie Boys gravaram um EP Pollywog Stew nos 171A studios.Os Beastie Boys foram a primeira banda rap de brancos bem sucedida e um dos poucos projetos dos primeiros tempos do hip-hop que, ainda, granjeiam grande sucesso. O seu rap, influênciado pelo rock e punk, teve um impacto significativo em artistas, quer dentro, quer fora da cena hip-hop.



Os seus membros atualmente  são Michael Diamond (Mike D), Adam Yauch (MCA) e Adam Horovitz (Ad-rock). Todos os  membros são de ascendência judaica. E em 1994 esse grupo nova iorquino sabia muito como animar festinhas , pois haviam aperfeiçoado as habilidades com bom domínio de samplers , ouçam os álbuns "Check Your Head" e " Paul´s Boutique", anteriores a este. Para a gravação deste álbum o trio, regressou ao estúdio com disposição para experimentar, e ao mesmo tempo produzirem um disco extremamente fiel as suas paixões (budismo, as séries policiais televisivas dos anos 70 e o punk hardcore).


O disco III Communication está dividido em três partes , contendo faixas Thrash curtas e pesadas, " Tough Guy" e "Heart Attack Man", são ótimos exemplos. Depois temos uns trabalhos com verve jazzística ou mântricos como em " Flute Loop" e " Shamballa" . A parte mais eficiente de todas , tendo músicas calcadas em loops genialmente sampleados, ouça " Root Down" e tire suas próprias conclusões. Na faixa " Sabotage", além de ser uma das memoráveis músicas do trio, acontece um improviso entre os três integrantes gritando as letras, por cima da base. Como registro fonográfico, do que se passava naquele que foi um momento chave  na carreira da banda. A essência aqui é sobre diversão, mas serviu para aperfeiçoar o som do trio, ficando por excelência para  toda as  nossas vidas.







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sábado, 11 de fevereiro de 2012

Discografia Básica do Rock - Television - Marquee Moon 1977


A história deles começa com o grupo Neon Boys, fundado por Tom Verlaine (guitarra e vocais) e Richard Hell (baixo e vocais) em 1971. Richard Lloyd (guitarra) e Billy Ficca (bateria) completavam o grupo, que alguns anos depois mudaria de nome para Television. Hell saiu por volta de 74, e Fred Smith, ex-baixista do Blondie, foi chamado para substitui-lo. Em 1974, o Television gravou um single e em 1977 eles assinaram com a Elektra para gravar "Marquee Moon", o seu primeiro LP.
Em meio à avalanche punk em que a maioria das bandas fazia um som rápido e primário (Ramones, Dead Boys) ou flertava com o pop (Blondie, Marbles), o Television optava por uma linha musical mais elaborada, com melodias harmoniosas, convivendo com ruídos e faixas longas que, ao vivo, se transformavam em verdadeiras jam sessions. O Television foi a primeira banda de punk rock a tocar no CBGB inaugurando o club para os sucessos posteriores como Ramones e Patti Smith Group.
Dentre essas bandas e mais algumas contemporâneas que tocaram no CBGB´S, o Television foi a banda que menos teve sucesso comercial, pois na minha opnião eles não eram uma banda punk, mas tocavam esse estilo mesclando pop e outras influências e os timbres deste disco eu até hoje nunca escutei em álbuns punk , mas sim em alguns ótimos álbuns de rock. Existiam  também melodias harmoniosas, ruídos convivendo juntamente com faixas longas , que ao vivo transformavam - se em verdadeiras jam sessions, escute e tire a sua prova real. As texturas servem como molduras para as letras de Tom Verlaine, que compôs todas deste disco, fazendo deste , um item essencial  tanto para o rock quanto para a música.
A música de "Marquee Moon" é leve em seus ingredientes e pesada em sua atitude. Os instrumentistas não usam efeitos ou pedais. É rock'n'roll puro, de uma fluidez impressionante. Verlaine e Lloyd formam uma das duplas de guitarristas de rock que mais deram certo. Ambos solam, se alternam em riffs, bases e harmonias. Ambas as guitarras - principalmente a de Verlaine - alcançam sonoridades que às vezes parecem com guinchos, grunhidos e gritos. Ficca e Smith formam uma cozinha "à francesa", leve, com toques jazzísticos, sem abusos.Na faixa seguinte, a balada "Venus", em que Verlaine cai direto nos braços da Vênus de Milo. Em "Friction" o destaque vai para o solo esquizofrênico de Verlaine, assim como na comprida "Marquee Moon" (que, aliás, tem um belíssimo falso gran finale).O lado B começa com uma jóia, "Elevation" ("A última palavra /é a palavra perdida /por que você não a diz então?"), onde o junkie Lloyd faz um solo emocionante. "Guiding Light" (única co-parceria de Verlaine no disco - com Lloyd) é mais uma balada que demonstra a sensibilidade harmônica de Verlaine. Em "Prove It", a combinação de base sonora simples com o caleidoscópio de images evocadas por Verlaine é mais uma vez perfeita. Em "Tom Curtain", a última música do disco, outra magnífica combinação: a voz chorosa de Verlaine relembra os anos passados, enquanto sua guitarra estridente rola suas lágrimas mais amargas.

O resultado final, foi um inigualável disco de guitarras que davam as costas para o som blueseiro que vinha dominando a guitarra desde os anos 60. Ouça "See No Evil" e suas ardentes guitarras fazendo uma celebração crescente da poluição urbana e da cultura das ruas.É este o disco que prova que eles eram, instrumentalmente, uma das bandas mais integradas da década de setenta, e não há músico ou não-músico - de qualquer gênero - que, ao ouvir o disco, não se convença disto.Compre e tenha centenas de horas de diversão.


Músicas :
1- See No Evil
2 - Venus
3- Friction
4 - Marquee Moon
5 - Elevation
6 - Guiding Light
7- Prove It
8- Torn Curtain



sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Rock Raro - Sir Lord Baltimore - Kingdom Come - 1970

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Uma da bandas mais cultuadas do hard rock setentista, o Sir Lord Baltimore foi formado em 1968 no bairro do Brooklyn, em Nova York, pelo vocalista e baterista John Garner, pelo guitarrista Louis Dambra e pelo baixista Gary Justin. O trio consegue despertar atenção de Mike Appel e Jim Cretecos, e recomendam o grupo para Dee Anthony, na época trabalhando como executivo para a gravadora Mercury Records, com a qual assinam contrato.Appel e Cretecos posteriormente trabalhariam com BRUCE SPRINGSTEEN, e Anthony seria um dos responsáveis pela ascensão de PETER FRAMPTON).Appel deu ao grupo o seu nome definitivo, além de ser o co-autor de várias faixas e um dos produtores do disco de estréia do grupo.


Batizado de Kingdom Come, o álbum foi gravado nos estúdios Vantone, en Nova Jersey, e foi produzido por Mike Appel e Jim Cretecos. A mixagem final foi realizada pelo lendário Eddie Kramer no Electric Ladyland Studios, cujo dono era Jimi Hendrix. Kingdom Come chegou às lojas em 1970 trazendo um hard pesadíssimo, repleto de grandes riffs. O baixo de Gary Justin colocava ainda mais peso às músicas, enquanto a bateria de John Garner imprimia um ritmo tribal ao proto heavy do grupo. O som lembra o Black Sabbath do início, com algumas músicas mais arrastadas e carregadas com uma atmosfera sombria e aterrorizante. O crítico Mike Saunders, da Creem Magazine, escreveu um review bastante favorável ao grupo, que se tornou histórico por ser apontado como a primeira vez em que o termo “heavy metal” foi utilizado como referência a um estilo musical. Só por aí dá pra sentir a influência do Sir Lord Baltimore na música pesada.Entre as dez faixas de Kingdom Come, destaco a que dá nome ao disco, “Hell Hound”, “Helium Head”, “Ain´t Got Hung on You”, “Master Heartache” e “Lady of Fire”. Além do conteúdo musical de primeira, Kingdom Come tem como destaque a belíssima capa, que traz a pintura de um fantasmagórico navio.Historicamente, o Sir Lord Baltimore tem importância similar para o heavy metal que grupos consagrados como Black Sabbath, Led Zeppelin e Deep Purple ostentam, o que já seria motivo mais do que suficiente para o grupo ter um reconhecimento incontestável mundo afora, o que, infelizmente, não ocorreu.

 Enfim, esse álbum obrigatório para todos os que curtem Hard Rock & Heavy Metal, essa foi a primeira banda da história a receber da critica especializada o rótulo de Heavy Metal . Neste CD, lançado pela Polygram em 1994, esta presente esse álbum e o segundo  trabalho da banda, nomeado somente de Sir Lord Baltimore, contendo faixas ao vivo.


Faixas:
1. Master Heartache - 4:35
2. Hard Rain Fallin' - 2:55
3. Lady of Fire - 2:50
4. Lake Isle of Innisfree - 4:03
5. Pumped Up - 4:03
 

6. Kingdom Come - 6:40
7. I Got a Woman - 3:00
8. Hell Hound - 3:17
9. Helium Head (I Got a Love) - 4:00
10. Ain't Got Hung on You - 2:20

11.Chicago Lives - 3:47
12.Loe and Behold - 3:43
13.Woman Tamer - 5:09
14.Caesar LXXI - 5:22
15.Man From Manhattan - 10:31
16.Where Are We Going - 3:19




sábado, 4 de fevereiro de 2012

Discografia Básica do Rock - Jane's Addiction - Nothing's Shocking - 1988



No final dos anos 80 o rock pesado americano estava dominado por clones vestidos em  lycra e visual carregado , mas que não tocavam nem heavy, nem metal , muito menos rock pesado. Ao mesmo tempo a cena  underground de bandas como o Sonic Youth tinham pouco impacto comercial , mais eis que desde meados de 1986 o Jane´s Addiction vinha já demonstrando uma certa "inovação" na cena rock da Califórnia, principalmente pela atuação de seu vocalista Perry Farrel.


A banda manteve a formação com : Perry Farrel nos vocais, Eric Avery no baixo, Dave Navarro na guitarra e Stephen Perkins na bateria. Esse foi o line-up da banda durante toda sua carreira, de 1986 a 1991. Mais em 1988 é que lançaram seu 1º disco e já começaram a chocar pela capa , e fora as letras de Perry
polêmicas, poéticas , irônicas e as vezes belas. "Nothing's Shocking" o disco  conseguiu o devido apelo para os dois lados abrindo caminho, para que a novata Mtv mostrasse certo interesse pela "música alternativa" e que culminou no sucesso grunge do Nirvana. A banda vinha chamando atenção da cena em Los Angeles com um álbum de mesmo nome, contendo uma gravação ao vivo e lançado de forma independente, que meio insinuava que a ambição e a extravagância psicossexual não tinham morrido na década de 70 com o Led Zeppelin.



Este disco lançado por uma grande gravadora a Warner, projetou a banda para o sucesso mundial, e também nos corações dos freaks de todo mundo, incluindo este que vos escreve.(lembrando que eu não sou um freak, ok). A música adequadamente intitulada "Ocean Size" mostrava as proezas sobre humanas, tendo um dinamismo ideal para os grandes estádios, sendo enfatizada por letras contemporâneas e uma produção grandiosa e cheia de sutilezas , inclusive isso vale para todo o disco. Uma produção que fez o hard rock americano se ajustar aos novos tempos que chegavam.



Em "Ted, Just Admit It" , acontece uma reunião sonora de pós punk, riffs em estilo funk e pancadaria tribal , para contar e justapor, a história do assassino serial Ted Bundy com o sensacionalismo da mídia, enquanto o sólido rock pesado de "Mountain Song" e " Pigs In Zen" são hinos instantâneos e repletos de energia. Mais o grupo mostra aqui um "lado romântico" com o psicodelismo de liberação lenta em "Summertime Rolls" , juntamente com a bela música acústica "Jane Says" , um retrato agridoce sobre a dependência de drogas , em que a interpretação do vocalista com sua voz nasal , exprimia uma empatia tão bem quanto furiosa. Finalmente aqui , o rock voltava a ser perigoso e  excitante . Compre o seu.

Músicas :
1- Up The Beach
2 - Ocean Size
3 - Had A Dad
4- Ted, Just Admit It...
5 - Standing In The Shower... Thinking
6 - Summertime Rolls
7 - Mountain Song
8 - Idiots Rule
9 - Jane Says
10 - Thank You Boys
11 - Pigs In Zen

Chico Science , O Cara que mostrou Pernambuco para o Mundo.



Chico Science & Nação Zumbi  é uma banda brasileira, nascida no início da década de 1990, em Recife, capital do estado de Pernambuco, a partir da união do Loustal, banda de rock pós-punk, com o bloco de samba-reggae Lamento Negro. O líder e vocalista da banda, o cantor e compositor Chico Science, fundou, junto com a banda Mundo Livre S/A, o movimento Manguebeat. No ano de 1991, em Olinda, aconteceu o primeiro show da banda, com o nome provisório de "Loustal & Lamento Negro", numa festa chamada "Black Planet". Neste mesmo ano, Chico Science e Fred Zero Quatro (do grupo Mundo Livre S/A) escreveram um Release, que acabou virando um manifesto do movimento Manguebeat, o Manifesto dos Caranguejos com cérebro, que tem como símbolo, uma antena parabólica colocada na lama, tornando-se assim um dos principais movimentos e banda dos anos 90 no Brasil, lutando por melhorias sociais na vida da população, não só de Recife e do Estado do Pernambuco, mas como de todo cidadão brasileiro. A presença da tecnologia é uma marca do movimento, que engajava-se para a melhor exploração do mangue e alertando a todos que ali encontra-se os Caranguejos com cérebro, sempre antenados.

Incomodado pela tendência do rock brasileiro do final dos anos 80 em copiar o que se fazia lá fora, Francisco de Assis França, jovem de Olinda, cidade limítrofe a Recife, com pouco mais de vinte anos na época, fez brotar na capital pernambucana uma ressureição sócio-musical que se arrasta até hoje. O manguebeat, alcunha dada ao movimento, vem do fato do ecossistema do mangue ser o mais diversificado e biologicamente rico do planeta. Assim como no mangue encontra-se a salobra, mistura da água do rio e do mar, fontes de vida tão distintos, o movimento recifenho conseguiu misturar a cultura brasileira com a cultura pop de um modo distinto e diferente do que foi feito na Tropicália, ligando o passado ao futuro de um modo singular.Depois de uma estréia em 1994 com um disco fundamental , eis que vem o segundo tão bom e fundamental quanto o anterior "Da Lama ao Caos". Em "Afrociberdelia"(1996), ouvimos uma sonoridade africana e o interesse e influência da cibernética com psicodelia. Juntamente com ensolaradas guitarras africanas e pesadas, para se ter idéia o guitarrista Lucio consegue timbres completamente incomuns com sua Telecaster, mais os tambores que formam uma tremenda "parede sonora", rock inglês , dub jamaicano e funk intergalático dão o tom do disco e de suas atuais e inteligentes canções. Não tem como falar de faixa por faixa , ouça o disco de cabo a rabo e tire suas próprias conclusões.


O álbum  foi de longe um dos mais importantes colhidos. Quando foi lançado  conseguiu sintetizar, junto com o manifesto manguebeat, tudo o que Chico Science e os mangueboys queriam dizer. Tendo seus momentos divertidos cantando o louco dia a dia das cidades, momentos políticos e de ficção científica , acredito eu, ter sido um dos últimos discos brasileiros que de alguma forma além de ser genial , não copiou nada do que já existia no mercado fonográfico brasileiro e passa distante dessas porcarias descartáveis que as gravadoras nos tentam empurrar . Por falar em gravadoras , Chico ficou fulo da vida , quando soube que por debaixo dos panos "os empresários" enfiaram 3 versões diferentes da música "Maracatu Atômico", mais a  versão que havia sido gravada para o disco, dizendo que eram versões Ragga Mix e Trip Hop, e que na verdade nada  possuem desses estilos e servem apenas para encher linguiça, não tirando o charme ou valor desta obra prima da música de Chico Brasileiro Science e sua Nação Zumbi.  
 
Enfim,  Chico Science foi o último grande artista da música brasileira. Sua obra era genial, unindo o pop e o rock à música pernambucana com precisão cirúrgica. Afrociberdelia foi além do que Chico havia mostrado em seu primeiro álbum. O disco deu uma guinada tão boa para a banda que além de tocarem de cabo a rabo o Brasil , foram até pro Festival de Montreux e fazem sucesso até hoje fora do Brasil . E assim tanto Chico e sua Nação como outras bandas e artistas de Pernambuco foram descobertos e até hoje pipocam filhos do manguebeat.  Sua morte, em 2 de fevereiro de 1997 em um acidente de carro, encerrou prematuramente uma carreira que tinha tudo para render muitos discos fundamentais, mas que, mesmo chegando ao fim de forma precoce, marcou definitivamente a música pop do nosso país e a minha vida também.  Lembrando que a fábrica Polysom lançou esta obra em vinil de 180 gramas e com áudio remasterizado usando as fitas originais do cd. Então carangueijos antenados podem ir numa boa , pois além do bagulho ser bom, o barato é melhor ainda .
 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Ozzy Osbourne e seu Diário de um Louco



Depois de sua expulsão do Black Sabbath, Ozzy pensava estar desempregado e assim isolou - se em um flat na cidade de Los Angeles. O madman então cheirou toda cocaína que seu organismo pode absorver, bebeu todas , comeu todas as pizzas do mundo, viu sua esposa Thelma e filhos se distanciarem e ouviu as histórias e propostas mais loucas de sua vida, vindas de seu empresário Don Arden. Uma das propostas era a de formar uma nova banda chamada "Sons Of Sabbath" e excursionar com sua velha banda. Isso tudo ocorria em 1980,e a filha de seu empresário e atual esposa do madman Sharon Arden, começou a tomar conta da situação e a dar uma guinada na nova carreira profissional  de Ozzy. Nem é preciso dizer que a futura senhora Osbourne teve papel fundamental e determinante na organização e sucesso de tudo.


Vindo do sucesso de seu 1º LP solo (Blizzard of Ozz) a descoberta de um dos melhores músicos já concebido neste planeta, o prodígio da guitarra Randy Rhoads e uma nova banda o madman  e  sua trupe rapidamente foram gravar seu 2º disco, "Diary of a Madman". Em menos de 2 meses, entre fevereiro e março de 1981, Ozzy gravou Diary of a Madman , antes até de levarem a turnê do disco anterior aos EUA. Registrado em Ridge Farm a banda era  a mesma de Blizzard of Ozz, Ozzy (vocais), Randy Rhoads(guitarra), Bob Daisley(baixo) e Lee Kerslake(bateria).


Logo na abertura de "Over the Mountain" com viradas de bateria, seguida pelo riff de Randy, abre o caminho para  a voz do chefe e assim temos um ótimo cartão de visitas e que acabou sendo um dos singles do disco. Depois temos um dos melhores solos de guitarra em " Flying High Again", que fez sucesso nas rádios dos EUA e grande parte da Europa . Depois outro single , as 3 primeiras músicas deste disco foram lados A de compactos lançados, e assim "You Can´t Kill Rock and Roll" com sua letra traz até hoje a sua filosofia de conquistar fãs pela beleza e sinceridade. Outra música que segue a mesma linha é "Believer", que traz um grande conselho. Uma coisa que precisa ficar clara para todos, é que as composições são de primeiríssima qualidade neste disco, apesar das pendengas na justiça principalmente  entre Ozzy e sua antiga cozinha,  fica evidente que o maior comprometimento ficou a cargo de Ozzy e Randy Rhoads.


"Little Dolls" segue o padrão das músicas anteriores, e vem a balada "Tonight" que apesar de não ser tão genial quanto" Goodbye to Romance" do disco anterior, e que Ozzy a considera sua "Yesterday" , não é tão bem acabada quanto "So Tired" do disco "Bark at the Moon", mas acaba por não fazer feio. Com o rockão "S.A.T.O.", que era originalmente chamada "Strange Voyage", teve seu nome mudado para o que pode ser a sigla " Sharon Arden, Thelma Osbourne", nome das 2 mulheres presentes na vida de Ozzy ; apesar de existirem outras deduções como " Sailling Across The Ocean"( Velejando pelo Oceano), é a que mais se adequa pelo conteúdo da letra.


A épica e assustadoramente erudita  faixa título, nasceu quando Ozzy entrou no quarto em que Randy Rhoads praticava seu violão clássico, quando perguntado sobre o que tocava o guitarrista prontamente respondeu ao chefe " Mozart". Também na gravação desta faixa Ozzy grita com o guitarrista " Quem você acha que sou? Frank Zappa?, detona o madman perplexo com o tempo pouco usual  da música . Esta é a faixa que mais corrobora a imagem de Ozzy místico e maluco, o riff de guitarra é a marca registrada do álbum, juntamente com a melodia cantada com dramaticidade por Ozzy encaixa se perfeitamente na composição intricada.


Com a produção creditada a Ozzy, Randy e Max Norman, Diary of a Madman recebeu Disco de Ouro e Platina e até hoje além de ser um dos meus discos preferidos , do público e de Ozzy, é um item para toda a nossa vida.

Músicas :
1- Over The Mountain
2- Flying High Again
3- You Can´t Kill Rock and Roll
4 - Believer
5 - Little Dolls
6 - Tonight
7- S.A.T.O.
8- Diary Of A Madman