sábado, 4 de fevereiro de 2012

Chico Science , O Cara que mostrou Pernambuco para o Mundo.



Chico Science & Nação Zumbi  é uma banda brasileira, nascida no início da década de 1990, em Recife, capital do estado de Pernambuco, a partir da união do Loustal, banda de rock pós-punk, com o bloco de samba-reggae Lamento Negro. O líder e vocalista da banda, o cantor e compositor Chico Science, fundou, junto com a banda Mundo Livre S/A, o movimento Manguebeat. No ano de 1991, em Olinda, aconteceu o primeiro show da banda, com o nome provisório de "Loustal & Lamento Negro", numa festa chamada "Black Planet". Neste mesmo ano, Chico Science e Fred Zero Quatro (do grupo Mundo Livre S/A) escreveram um Release, que acabou virando um manifesto do movimento Manguebeat, o Manifesto dos Caranguejos com cérebro, que tem como símbolo, uma antena parabólica colocada na lama, tornando-se assim um dos principais movimentos e banda dos anos 90 no Brasil, lutando por melhorias sociais na vida da população, não só de Recife e do Estado do Pernambuco, mas como de todo cidadão brasileiro. A presença da tecnologia é uma marca do movimento, que engajava-se para a melhor exploração do mangue e alertando a todos que ali encontra-se os Caranguejos com cérebro, sempre antenados.

Incomodado pela tendência do rock brasileiro do final dos anos 80 em copiar o que se fazia lá fora, Francisco de Assis França, jovem de Olinda, cidade limítrofe a Recife, com pouco mais de vinte anos na época, fez brotar na capital pernambucana uma ressureição sócio-musical que se arrasta até hoje. O manguebeat, alcunha dada ao movimento, vem do fato do ecossistema do mangue ser o mais diversificado e biologicamente rico do planeta. Assim como no mangue encontra-se a salobra, mistura da água do rio e do mar, fontes de vida tão distintos, o movimento recifenho conseguiu misturar a cultura brasileira com a cultura pop de um modo distinto e diferente do que foi feito na Tropicália, ligando o passado ao futuro de um modo singular.Depois de uma estréia em 1994 com um disco fundamental , eis que vem o segundo tão bom e fundamental quanto o anterior "Da Lama ao Caos". Em "Afrociberdelia"(1996), ouvimos uma sonoridade africana e o interesse e influência da cibernética com psicodelia. Juntamente com ensolaradas guitarras africanas e pesadas, para se ter idéia o guitarrista Lucio consegue timbres completamente incomuns com sua Telecaster, mais os tambores que formam uma tremenda "parede sonora", rock inglês , dub jamaicano e funk intergalático dão o tom do disco e de suas atuais e inteligentes canções. Não tem como falar de faixa por faixa , ouça o disco de cabo a rabo e tire suas próprias conclusões.


O álbum  foi de longe um dos mais importantes colhidos. Quando foi lançado  conseguiu sintetizar, junto com o manifesto manguebeat, tudo o que Chico Science e os mangueboys queriam dizer. Tendo seus momentos divertidos cantando o louco dia a dia das cidades, momentos políticos e de ficção científica , acredito eu, ter sido um dos últimos discos brasileiros que de alguma forma além de ser genial , não copiou nada do que já existia no mercado fonográfico brasileiro e passa distante dessas porcarias descartáveis que as gravadoras nos tentam empurrar . Por falar em gravadoras , Chico ficou fulo da vida , quando soube que por debaixo dos panos "os empresários" enfiaram 3 versões diferentes da música "Maracatu Atômico", mais a  versão que havia sido gravada para o disco, dizendo que eram versões Ragga Mix e Trip Hop, e que na verdade nada  possuem desses estilos e servem apenas para encher linguiça, não tirando o charme ou valor desta obra prima da música de Chico Brasileiro Science e sua Nação Zumbi.  
 
Enfim,  Chico Science foi o último grande artista da música brasileira. Sua obra era genial, unindo o pop e o rock à música pernambucana com precisão cirúrgica. Afrociberdelia foi além do que Chico havia mostrado em seu primeiro álbum. O disco deu uma guinada tão boa para a banda que além de tocarem de cabo a rabo o Brasil , foram até pro Festival de Montreux e fazem sucesso até hoje fora do Brasil . E assim tanto Chico e sua Nação como outras bandas e artistas de Pernambuco foram descobertos e até hoje pipocam filhos do manguebeat.  Sua morte, em 2 de fevereiro de 1997 em um acidente de carro, encerrou prematuramente uma carreira que tinha tudo para render muitos discos fundamentais, mas que, mesmo chegando ao fim de forma precoce, marcou definitivamente a música pop do nosso país e a minha vida também.  Lembrando que a fábrica Polysom lançou esta obra em vinil de 180 gramas e com áudio remasterizado usando as fitas originais do cd. Então carangueijos antenados podem ir numa boa , pois além do bagulho ser bom, o barato é melhor ainda .
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário