quarta-feira, 28 de março de 2012

Miles Davis e Seu Silencioso Caminho - Miles Davis - In A Silent Way - 1969



Bom já sabemos que Miles inventou e re inventou o jazz como quis e nos deixou discos eternos. Mas depois do devastador e mais belo disco de jazz já gravado, " Kind Of Blue", Miles e seu trompete começaram a eletrificar o jazz . O trompetista montou seu novo time e foi dar início ao que conhecemos como Jazz Rock ou Fusion. Miles foi o jazzista que deu início ao  novo movimento musical, e integrantes de sua banda , formariam tempos depois bandas fundamentais para a continuidade do jazz rock.

E como só um gênio como Miles poderia fazer , ele gravou um diferente disco , que não era para os fãs tradicionais do jazz ou amantes do rock e principalmente devotos do fusion. E sim um disco para quem gosta de um som que flui devagar , para quem aprecia o toque de um artista sensível o suficiente para deixar que o silêncio fale tão  alto quanto a música , este é o disco In A Silent Way.

 Este também é um disco para , Quem sabe saborear a liberdade única de músicos que conseguem trafegar pelos sons sem restrição, sendo este disco composto por duas peças  longas , cada uma com cerca de 20 minutos de duração, temos um músico que explorou a exaustão sua musicalidade e a do final dos anos 60, a maestria dos  teclados  de Herbie Hancock e Chick Corea , o sax soprano de Wayne Shorter e a incrível atmosfera criada pelo tecladista Joe Zawinful. Do outro lado é simplesmente genial a contraposição entre as ondas de silêncio das melodias de Miles que são lindas mas subestimadas, e os aparentemente infinitos solos de guitarra de John Mclaughlin.

In A Silent Way se coloca no meio das incursões de Miles aos meios eletrônicos demais entusiasmadas e  também pelo furor causado pelo Jazz Rock ,  que ele e seu supertalentoso grupo fariam na década seguinte, sendo a pedra fundamental  para um estilo que teria seu momento máximo em Bitches Brew também de Miles Davis. Só uma coisa, três décadas depois o triunfo do álbum é completo e reconhecido por todos , mas você aí já tem o seu ?

sábado, 17 de março de 2012

Discos que Marcaram a Minha Vida - Frank Zappa - Hot Rats - 1969



Visionário, polêmico, louco, ousado, provocativo, sarcástico, inventivo, contestador, virtuoso, revolucionário … para defini-lo, na verdade, bastaria um só adjetivo: genial! Falar de Frank Zappa é trazer à mente o nome de um dos artistas mais importantes do século 20 e, porque não, da história da música universal. E isso não é nenhum exagero! Sua morte, em 1993, deixou uma lacuna irreparável na música e no coração dos fãs.
Frank Vincent Zappa nasceu em 21 de dezembro de 1940, na cidade de Baltimore, Estados Unidos, filho de uma família pobre de imigrantes italianos. Ainda garoto começou a se interessar por música, ouvindo junto com os pais discos de r&b, blues e jazz. Mais tarde, passou também a se interessar por música clássica, tendo Igor Stravinsky, Karlheinz Stockhausen e Edgard Varèse como seus compositores prediletos. Vem daí a sua adoração por estruturas musicais complexas e grandiosas. Há um tempo atrás eu já havia ouvido tudo isto dito acima, e um pouco mais sobre o bigodudo mais louco do mundo da música, e foi com este disco que além de conhecer , gostar e começar a comprar seus discos, foi este que me mostrou a genialidade e exuberância musical de Frank Zappa.
Mais em 1969, Zappa além de frustrado por seus discos com o Mothers of Invention não venderem bem, pagar o salário de sua antiga banda literalmente deixou um rombo no bolso do guitarrista. Não havia outra opção,se não uma mudança de banda para o próximo lançamento e Zappa não perdeu tempo.Pegou seu fiel amigo Ian Underwood, seu chapa Captain Beefheart, e os violinistas Don Sugarcane Harris e Jean Luc Ponty, contando com um número menor de músicos em sua banda, Zappa não deixou barato, gravando e produzindo um de seus melhores  álbuns.
Um álbum todo instrumental,contando com apenas uma música com vocal, Hot Rats gira em torno do jazz , do rock e algumas outras influências de Zappa, mas contamos também com o virtuosismo dos músicos e a forma como o colocam nas faixas. " Peaches En Regalia" é inspiradora e peculiar ao mesmo tempo, sendo a música preferida do público nos 20 anos seguintes, é só ouvir e comprovar; nela Zappa toca um octave bass. Já em "Willie the Pimp", com os grunhidos chapantes de Beefheart, vai fundo no Blues e tem um solo explosivo do guitarrista com wha wha. " Son of Mr.Green Genes", amplia a forma do disco anterior, com um toque mais jazzístico. A faixa " Little Umbrellas", calcada em uma linha de baixo, é mais tranquila , metálica, estranha com um arranjo peculiar, que quanto mais se ouve mais se curte.
“Hot Rats” nos reserva ainda mais um ápice musical com a incrível “The Gumbo Variations”, um rhythm and blues peculiar que serve de cama para performances arrebatadoras de Zappa, Ian Underwood e Don Harris. Ouvir seus quase treze minutos de duração é uma experiência única, e que deveria ser recomendada para toda e qualquer pessoa que tem a música como um dos elementos principais da sua vida.Encerrando, uma curiosidade histórica: a figura da capa de “Hot Rats” até hoje é apontada por muitos como o próprio Frank Zappa, mas na verdade é Christine Frka, uma das integrantes do grupo exclusivo de groupies que seguia Zappa e sua banda, as GTOs – Girls Together Outrageously. A foto, com Christine esperando na surdina dentro de uma piscina, foi tirada em uma mansão de Beverly Hills, e não deixa de ser uma metáfora para o que “Hot Rats” faz com o ouvinte: o pega de surpresa, no susto, e o leva a uma viagem fantástica, da qual ele jamais se esquecerá.

Músicas :
1 - Peaches En Regalia - 3:37
2 - Willie The Pimp - 9:16
3 - Son Of Mr. Green Genes - 8:58
4 - little Umbrellas - 3:04
5 - The Gumbo Variations - 16:55
6 - It Must Be A Camel - 5:15




 

sábado, 10 de março de 2012

Weather Report - Heavy Weather - 1977


O Weather Report foi o mais duradouro dos grupos de fusion, pois agregando uma variedade de influências,indo do Free Jazz ao Rock Progressivo, eles estabeleceram seu nome definitivamente no mundo da música. Atravessaram  a década de 70 e metade da década de 80 definindo e redefinindo os rumos da sua complexa e cerebral música, juntamente com a  Mahavishnu Orchestra de John Mclaghlin,e o Return to Forever de Al Di Meola. O Weather Report foi fundado por músicos egressos do grupo de Miles Davis do final dos anos 60. Não apenas isso, mas o Weather Report nasceu como um verdadeiro grupo all-star que reunia alguns dos principais nomes do jazz-rock (e do jazz de maneira geral) da época. A formação original contava com Joe Zawinul aos teclados, Wayne Shorter ao sax, Miroslav Vitous ao contrabaixo, Airto Moreira à percussão e Alphonse Mouzon à bateria. Destes, Zawinul e Shorter haviam desempenhado, um papel importantíssimo junto a Miles Davis. Nessa primeira fase, o som do grupo era mais cerebral e experimental, uma extensão da música do revolucionário trompetista.Houve diversas mudanças de formação, principalmente no contrabaixo, na bateria e na percussão. Por outro lado, Shorter e Zawinul permaneceram sempre no grupo, com Zawinul assumindo gradativamente o papel de líder. Jaco Pastorius entrou no grupo em 1976, trazendo consigo sua energia característica e musicalidade inigualável, pois foi Jaco quem inventou o baixo fretless e seu timbre único,que o acompanhou por toda a carreira.

Mas tendo concorrentes que se soavam mais pesados ou com um suingue sobrenatural, era de se esperar que o Weather Report tivesse um diferencial de seus concorrentes, e foi exatamente isso que a banda mostra neste ótimo disco , pois do início ao fim ouvimos melodias cantaroláveis e com uma seção rítmica que se achava na obrigação de botar quem ouvia suas músicas para dançar, com o baterista e o percussionista impulsionando a banda com seu tom fluído afro - cubano. Ouça "Birdland" e "Teen Town", esta com Jaco Pastorius como baterista, e a 1ª que foi o hit tanto da banda como deste disco.

 Tendo uma maleável estrutura jazzística , com sintetizadores moldando e colorindo,elementos da música latina esse foi o fundamental disco do Weather Report, uma série de composições devastadoras executadas de uma forma brilhantemente virtuosa.

A produção deste disco, é um verdadeiro ato de amor a música.Contando também com o inigualável  e inovador virtuose Jaco Pastorius,que teve toda sua genialidade mostrada para o mundo a partir deste disco, não tem como não dizer que esta é uma obra fundamental  para  sua coleção.



sábado, 3 de março de 2012

Vamos Falar de Rock Progressivo


Biografia :
Rock progressivo (também abreviado por prog rock ou prog) é um estilo  que surgiu no fim da década de 1960, na Inglaterra. Conseguiu se tornar muito popular na década de 1970, e ainda hoje possui muitos adeptos.O estilo recebeu influências da música clássica e do jazz fusion, em contraste com o rock estadunidense historicamente, influenciado pelo rhythm and blues e pela música country. Ao longo dos anos apareceram muitos sub-géneros deste estilo tais como o rock sinfônico, o space rock, o krautrock, o R.I.O e o metal progressivo. Praticamente todos os países desenvolveram músicos ou bandas voltados a esse gênero.

1 - Pink Floyd - The Piper At The Gates Of Dawn - 1969  - Aonde tudo começou. O Rock nunca mais foi o mesmo depois da aparição de Syd Barret e cia. Psicodelismo, novidades sonoras embebidos em LSD, atitude e músicas marcantes que apesar de raramente terem sido tocadas , anos depois pela banda, marcou nossas vidas para sempre. Essencial.

2 - Genesis - Foxtrot - 1972 -  Depois de mudanças na banda, a formação clássica e o melhor momento de todos, nas letras, nas músicas nos arranjos e o início de Peter Gabriel com suas atuações performáticas, fantasias, levando ao público um novo formato de shows de rock.   

 3 - Emerson, Lake and Palmer - Tarkus - 1971 - O melhor disco gravado pelo maior trio de rock progressivo já existente. Virtuosismo em sua força máxima , mais sem perder a qualidade e sem ficar na mesmice ou chato. Arranjos inovadores onde as qualidades musicais do trio são mostradas de forma inigualável. Compre de olhos fechados.  

4 - Renaissanse - Prologue - 1972 - Annie Haslam estréia na banda ressucita a mesma e o disco se torna maravilhoso. Sem virtuosismo, mas tendo músicas bem executadas e melodias extraordinárias, na minha opnião algumas das melodias mais bonitas do progressivo estão aqui. Se tem coragem compra e ouça de olhos fechados.

5 - Novalis - Sommeraband - 1976 - O disco mais bonito do progressivo alemão e um dos mais belos que já escutei, melodias cativantes. Músicos com uma execução primorosa. Os temas sofrem mudanças constantes que de nenhuma forma entendia ninguém. Compre e ouça com seu amor.

6 - Premiata Forneria Marconi - Storia Di Un Minuto - 1972 - Conheci esta banda por um vizinho, e depois não parei mais. A melhor banda de progressivo italiano em seu 1º lançamento já demonstrava que nada ficava devendo aos medalhões ingleses. Um equilíbrio entre a beleza acústica e o peso elétrico do rock. Compre.

7- Yes - Fragile - 1972 - Foi o 1º disco do Yes que tive e escutei de cabo a rabo até os dias de hoje. Músicas , execução , arranjos e a produção são belíssimos. O pontapé inicial para outras pérolas que a banda gravou e nos deixou para toda a vida. Essencial.

8 - King Crimson - In The Court Of Crimson King - 1969 - Assim como o 1º disco do Pink Floyd , aqui temos outro marco na história da música, pois foi lançado no final dos 60's, e ninguém havia composto, arranjado e ou produzido algo parecido. Definiu o rock progressivo. Uma inteligente visão do que vemos hoje no mundo, a paranóia humana com o futuro da humanidade. Essencial é a palavra.

9 - Gentle Giant - Free Hand - 1972 - Pode não ser o maior album definitivo de rock progressivo, mas sem sombra de dúvidas "Free hand" ficou comercialmente acessível pelo menos para aquelas pessoas que seriam novos ouvintes desta banda estilo medieval. Por falar em medieval que ainda está presente neste album, a sonoridade também não se deixa levar com o renascentismo, algo muito incomum de bandas que fazem o estilo de folk-prog o que caracteriza . "Free hand" um trabalho tão adorado, pelos fãs e  você já tem o seu?

10 - Eloy - Power and the Passion - 1975 - Outro grupo alemão que marcou presença no estilo, capitaneado pelo cantor, líder e guitarrista Frank Bornemann. Disco conceitual que conta uma história de viagem no tempo, melodicamente fabuloso, não deixando de ser Hard quando necessário, tendo uma cozinha altamente rítmica e que não deixa a peteca cair. Compre.
Bom mais uma lista no blog, já falei de Blues, Jazz, Soul e Rock Brasileiro. O intuito aqui não é criar um Top 10 , passo longe disso e sim quero criar listas que tenham bandas referências nos estilos e ajude quem nunca ouviu. Se você gostou das bandas aqui listadas, não deixe de escutar também : Marillion, Jethro Tull, Camel , Focus, Solaris entre outras. E mergulhe fundo nas histórias progressivas.