quarta-feira, 29 de junho de 2011

Discos que Marcaram a Minha Vida - The Jimi Hendrix Experience - Are You Experienced ?



Ei cara , o que é isto ? É Jimi Hendrix . Foi assim que um tempo atrás na casa de um grande amigo, conheci esta obra e fiquei atordoado até os dias de hoje. Esse grande amigo , há muito tempo não nos vemos mais, tinha um Pai que gostava de música e com a facilidade que tinha em viajar pra fora do país , o cara era piloto de avião, trazia sempre algumas coisitas dessas na bagagem. Sendo que uma das vezes trouxe muita coisa que não conhecíamos e dentre outros títulos, bandas estava esta obra prima da música , que logo na primeira ouvida foi como o 1º gole de whisque , desceu amargo e queimando tudo, mas depois desceu mais do que redondo. Este foi meu primeiro contato com Hendrix e sua arte , de fazer música , de cantar , se vestir ( lembro que achei - o muito cafona suas roupas para época), mas hoje em dia não consigo achar nada feio , ruim ou muito menos cafona em sua obra que ficou marcada , mais que um mero arquivo salvo no HD, na minha mente e vida.


Desnecessário grandes comentários sobre Jimi Hendrix que em apenas 4 anos de carreira revolucionou a maneira de se tocar guitarra, expandindo seu vocabulário de maneira nunca antes feita e se tornou um rock-star tendo que fazer primeiro sucesso na Inglaterra para só depois ser reconhecido nos EUA, seu pais de origem. Hendrix foi mestre na busca por possibilidades em seu instrumento e inovou tanto com pedais de efeitos e "feedback" na amplificação, fazendo com que o som distorcido fizesse parte de um contexto musical sendo que antes dele, distorções eram problemas técnicos que tinham que ser corrigidos como a microfonia. Seu visual e presença de palco o diferenciavam de todos, e sua fama de “queimador de guitarras” no palco fez com que as quebradeiras de guitarra de Pete Townshend do Who ficassem monótonas e sem um "vigor tribal" para o público. Só que mais do que coisas estranhas que fazia, é importância de Hendrix tanto como artista, compositor, intérprete e músico veio do Blues, ou mais especificamente o Blues Elétrico que estava sendo feito já algum tempo por caras como John Mayall e Buddy Guy, que bebiam da fonte de John Lee Hooker e T-bone Walker.
"Are You Experienced?" é mais do que um documento dessa época. Ele é o disco que define melhor todos os elementos da era psicodélica, influenciando músicos até hoje. Na época o disco atingiu a marca dos cinco primeiros mais vendidos nos EUA. Seu lançamento veio com todo poder de força de um jovem, mas veterano musico do R&B, que já tinha um material autoral antes mesmo de formar o The Experience. Não demorou muito para que sua fama de virtuose espantou caras como Jeff Beck, Pete Townshend e Eric Clapton. Até Bob Dylan que sempre tocou folk com uma Harmônica e um violão resolveu experimentar a guitarra, episódio que, por sinal, desagradou inclusive seus fãs inicialmente. Não havia dúvida de que a psicodelia que estava presente nas roupas, nas ações e principalmente nos discos estava revolucionando pensamentos que passaram a ser cada vez mais politizados e abertos para a situação americana, como fica explícito nos protestos contra a guerra no Vietnã, e eu o achando cafona , é mole.


Foxy Lady, Já começa surpreendendo com guitarras pesadas tocadas com bastante pegada e desenvoltura. As famosas levadas sincopadas se tornaram marca registrada e fariam história. O riff inicial feito na região grave das cordas sempre agradou Jimi que nunca se intimidou com uma corda que quebra-se no meio da música e tocava sempre com bastante vontade dando depois muito trabalho para seus roadies. Não poderia ter começado melhor o disco com essa que logo se tornaria indispensável em qualquer coletânea do guitarrista.
Manic Depression, Aqui Hendrix mostra seu poder de fogo também em criatividade criando uma das pérolas guitarrísticas que influenciaria na maneira de tocar contemporâneos como Johnny Winter, Frank Zappa e Robin Trower. As linhas de solos são sempre aleatórias, o que gerou comentários do tipo de que Hendrix foi influenciado pelo Jazz. O riff se tornaria algo antológico para os padrões da época "como quase tudo de Jimi". O poder de força dessa música é alucinante e surpreendente tanto pelos feed-back como pela cozinha baixo-bateria. Enfim, audição mais que obrigatória.
Red House, Um blues "arrasa quarteirão" com solos tão inspirados que até hoje é decifrado por estudantes do instrumentos e na época deixou muita gente de queixo caído. O vocal de Hendrix é excelente, mostrando que ninguém melhor para interpretar a canção que seu próprio autor. Esta música é ideal para se ouvir a qualquer hora e em qualquer lugar. Há outras versões ao vivo conhecidas como a de Woodstook que segundo muitos fã são superiores que esta.
Can You See Me , Grande som e ótimo momento do disco. Apesar da estrutura roqueira clássica da música, Jimi inovou ao por breves paradas e colocar um solo curto mais incendiante. Vale a pena por pra tocar com o som bem no alto !
Love Or Confusion , bem ao estilo psicodélico da época há uma guitarra berrante com um timbre lindíssimo, porém ficou um pouco poluída de notas em meios ao vocal, mas vale a pena pelo solo hipnótico que influenciaria caras como Robert Fripp a fazer estudos nessa matéria. O tipo de música que melhor funciona ao vivo.
I Don't Live Today , outra pérola do repertório do guitarrista e não é pra menos. Pegada furiosa, atitude roqueira e uma bela seqüência de ritmos suingantes não deixou por menos e mostra o que melhor Jimi soube fazer no momento. Grande momento ! Destaque para a bateria de Mitchell.
May This Be Love , Como pode parecer de fato pelo título, é uma balada porém muito cheia de clichês harmônicos que não condizem muito com o restante do disco. É claro que a música é "salva" pelos solos viajantes, mas não é lá um dos grandes momentos. A composição é meio fraca demais para um disco tão importante.
Fire, Esta que é uma das mais swingadas e tem quebradas de bateria alá Keith Moon também tinha presença obrigatória no check-list dos shows. Impossível não bater os pés ao ouvi-la. Possui uma letra provocante e solos econômicos e focalização mais nas bases.
Third Stone From The Sun , a mais psicodélica talvez do disco com um andamento médio-lento no início e com breves momentos estranhos e apocalípticos. 
Remember , Tema mais caído para o Soul que se não acrescenta nada de novo, em termos de música que se produzia pelo menos dá uma dose meio diferente no disco perto das outras faixas. Só peca pelo final meio Van Morrison (aquela coisa de ficar tagarelando em cima da base).
Are You Experienced?, A faixa titulo é uma das coisas mais revolucionárias que a música já produziu "sem exagero nenhum" haja vista que naquele momento em qual disco poderíamos ouvir a guitarra daquela maneira ? Os efeitos e a voz de Jimi são sublimes e encantadores. É uma pena não funcionar tão bem ao vivo, mas podemos dizer que do que foi feita em estudio por Jimi ela bate sempre em nos primeiros lugares. Jimi conseguiu desvincular nessa faixa sua influência bluseira e fazer uma espécie de folk-pscodélico de primeira como pouca vez se viu. Existe até um vídeo promo dessa faixa que também é ótima.
Hey Joe , "que muita gente acha que é composição de Jimi" foi a regravação que em outras palavras foi como se Jimi "Toma-se emprestada e não devolve-se". A roupagem nova com os backings vocals e os acordes cadenciados fizeram com que a música fosse re-batizada. Imprescindível em qualquer coletânea obviamente. Uma balada com peso nos solos. Belíssima!
Stone Free , umas das músicas mais "para cima" é como se fosse uma irmã de "Fire", só que começa meio folk e desanda num rock pra cima. É engraçado como a sonoridade dessa faixa lembra as músicas que Jimi gravou antes do Experience e só foram aparecer muitos anos depois. É claro que a ousadia do disco é impressionante perto daqueles momentos, algo como se Jimi estivesse mais independente e menos preocupado em ser politicamente correto.
Purple Haze , Um clássico absoluto, com um empolgante e explosivo riff é sem duvida um dos maiores clássicos de Jimi e famosa pela frase "when I kiss the skie" já fazendo uma alusão a entorpecentes. A dinâmica rítmica varia maravilhosamente bem entre fúria e beleza. Solos de ótimo gosto além de um vocal despojado foi a fórmula certa para o clássico. Qual o estudante de guitarra que nunca tocou sua introdução ??
51st Anniversary , bom momento do álbum, porém com seqüências de acordes pouco inspiradas. É uma faixa mediana que seria melhor se não fosse estilo festa. Sem desmerecê-la, ela é meio cansativa. Tem um breve inicio parecido com "Hi-Ho Silver" de Jeff Beck.
The Wind Cries Mary , uma das mais belas canções feitas na época, onde a guitarra esta a serviço do feeling, e viajando pelo consciente do ouvinte com um timbre limpo e rico, sendo até difícil de acreditar que foi produzido a tanto tempo por causa da qualidade sonora trabalhada por Eddie Kramer. Talvez a coisa mais cristalina que Hendrix fez e um dos maiores tesouros que a música já proporcionaram.
Highway Chile, Outro grande momento do disco com um início marcante e influente. "Deep Purple que o diga, ouça Demons Eyes deles !". É o tipo de faixa que deve ter deixado um certo Ritchie Blackmore pirado na época. Ela também tem um andamento que lembra muito "The Jean Genie" do David Bowie. Grande momento para um memorável disco !!!

A versão americana de Are You Experienced? é diferente da inglesa, a começar pela capa, mais colorida, psicodélica e bonita. Mas a distinção mais substancial é realmente a lista das músicas. A ordem das faixas foi trocada, sendo que várias músicas foram substituídas por gravações de compactos que fizeram sucesso na Inglaterra, mas que não haviam entrado no álbum: Purple Haze, Hey Joe, The Wind Cries Mary.
Quando o disco foi relançado em CD, todas essas músicas — além dos respectivos lados-B dos singles — foram reunidas nas versões digitais de Are You Experienced?, que passou a contar então com 17 faixas.
COMPRE.





quarta-feira, 22 de junho de 2011

The Who - Live at Leeds




O  lançamento do LP “Live at Leeds”, que continha seis faixas, todas trazendo estalos dignos do chicote de um gaúcho,ou de um ovo fritando naquela banha porca que vinha em tijolos brancos. A Banda avisava na contracapa da bolacha que o disco era estalado mesmo; que não se tratava de defeito das “agulhas”  ou dos aparelhos de som dos consumidores; que era um projeto meio “pirata”... por isso o layout da capa, a mixagem ruim, o som pior ainda... enfim, o disco era uma joça!Em alguma entrevista tempos atrás Pete revelou que os tais estalos seriam de algum cabo mal conectado ou ruim mesmo que ninguém da produção se ligou e acabou ficando assim mesmo , mas com certeza esses estalos acabaram dando um charme a mais na bolacha. Alguns alucinados, sobretudo da imprensa, começaram uma estória de que aquele era “o melhor álbum ao vivo da história do rock” até então.Você sabe como é, o público sempre vai atrás desses blá-blá-blás, afinal o que está no jornal é verdade absoluta, senão não estaria no jornal,de maneiras que “Live at Leeds” alcançou o status de clássico instantâneo, mantendo essa posição até os dias de hoje, principalmente para esse que vos escreve.

Mas peraí, anos depois eu também comprei e saí repetindo a estória , num transe auditivo eu ouvi dois narigudos; um, vestindo um macacão daqueles de frentista do manicômio, destruía cem guitarras por minuto na minha cabeça; o outro implodindo cada pedaço de razão, com uma bateria que mais parecia uma máquina dos infernos.Tinha ainda um contrabaixista que fazia com “seu instrumento” o que a gente poderia chamar de “justiça com as próprias mãos” e também um vocalista trajando uma camisa de braços cheios de franjinhas e que, quando não estava urrando no meus ouvidos, pensava que seu microfone era algum protótipo de helicóptero.Esse amálgama de feiúra, insanidade, suor, barulho, fúria e rock & roll jogava a pá de cal definitiva sobre os 60s, e mais uma vez influenciando tudo o que viria depois com mais uma obra seminal, mostrando sua força no palco.



  Depois de “Live at Leeds”, nada foi mais o mesmo, nem as bandas, nem os discos ao vivo, nem as platéias do rock, nem eu... o fato é que “Live at Leeds” foi o show parâmetro que todas as grandes bandas da mesma época tentaram alcançar, mas que permaneceu inatingível até 1995, quando as gravadoras lançaram um novo disco do Who, chamado... “Live at Leeds”!
Pois é, 25 anos depois do grande happening, os “guardiões da verdade” (nominalmente, a Polydor inglesa e a MCA americana), juntamente com Pete Townshend, resolveram que era hora de liberar um testemunho mais fiel do que foi aquela noite em “Leeds”, e dessa vez deixando que a fera mostrasse mais alguns dentes e mais incisivamente, para que eles ganhassem mais dinheiro. “Live at Leeds” foi remixado e remasterizado; os estalos “genuínos” foram mandados para Andrômeda,a versão foi solta com mais do dobro do tempo da versão original, contendo várias performances inéditas até então; e estamparam em todas revistas especializadas: “nova versão de Live at Leeds o transforma no maior disco ao vivo não só de sua era, mas de todos os tempos”.
Sempre disseram que o grande legado do Who foi “Tommy” - John Entwistle contava que antes de “Leeds”, grande parte do público achava que o nome da Banda era “Tommy” e o disco é que se chamava The Who -, uma heresia isso.“Leeds” nem pode ser comparado com “Tommy”. As gravadoras resolveram soltar o show na íntegra, todas as performances que rolaram naquela noite do pretérito mais que perfeito, incluindo “Tommy” quase na íntegra (as faixas “Cousin Kevin”, “Underture” e “Welcome” não constam desta versão ao vivo, pelo menos não na forma em que aparecem em “Tommy”).Convidando - nos  para uma nova “Amazing Journey”, me apresentando às novas “Acid Queen” e “Sally Simpson”,e apresentando um novo “Tommy”, o Tommy de “Leeds”. E que acabou sendo a cereja do bolo , pois a 1ª parte deste disco duplo é a melhor sem sombra de dúvidas e que realmente teve o grande impacto no mundo da música, pois só a abertura soa pesada , brutal e que com certeza influenciou muito metaleiro por aí.Disco para toda a vida.

Lançado em 16 de maio de 1970 nos EUA

Lançado em 23 de maio de 1970 no Reino Unido

O LP original continha apenas seis faixas (LADO A: "Young Man Blues", "Substitute", "Summertime Blues", "Shakin All Over" / LADO B: "My Generation", "Magic Bus")

Relançado em 1995 em CD remixado, remasterizado e com faixas bônus ("Heaven and Hell", "I Cant' Explain", "Fortune Teller", "Tattoo", "Happy Jack", "I'm A Boy", "A Quick One (While He's Away)" e "Amazing Journey / Sparks")

Relançado em 2001 em edição de luxo, novamente remixado e trazendo o concerto completo.

Gravado ao vivo na Universidade de Leeds em 14 de fevereiro de 1970
Produzido pelo The Who

Roger Daltrey - Vocais, gaita
Pete Townshend - Guitarra, vocais
John Entwistle - Baixo, vocais
Keith Moon - Bateria, vocais





quinta-feira, 16 de junho de 2011

Jean Luc Ponty e seu violino numa viagem imaginária



Gravado na Califórnia em 76, "Imaginary Voyage" é seu terceiro disco inteiramente de composições próprias, e juntamente com os ótimos "Enigmatic Ocean" (77) e "Cosmic Messenger" (78), compõe a sua fase áurea e mais progressiva. Como nos demais discos de Ponty, todas as peças desta "viagem imaginária" foram cuidadosamente compostas e arranjadas por ele, resultando, como de costume, num trabalho bem acabado e de grande bom gosto.



A primeira música do disco, como o próprio nome sugere, remete à um estilo country e tem como ponto alto um ótimo duelo de violino com violão acústico, este último a cargo do norte-americano Daryl Stuermer, que posteriormente chegou a acompanhar o grupo Genesis em turnês ao vivo, após a saída do guitarrista Steve Hackett. Em "The Gardens of Babylon" há uma variação mais lenta e serena do principal trecho melódico da agitada "New Country". A pequena "Wandering on the Milky Way" é uma etérea introdução de violino, repleta de um lento delay (eco), efeito este muito usado por Ponty. Em "Tarantula", ouve-se um nervoso improviso de Ponty, mostrando bem o seu potencial no violino elétrico enquanto Stuermer, em sua guitarra, usa e abusa do wah-wah, um efeito típico dos anos 70.
Mas o ponto alto mesmo se encontra na suíte (de praticamente 20 minutos) que dá nome ao disco, e que está dividida em 4 partes interligadas entre si: A primeira começa com um desenvolvimento melódico seguido de escalas mais dissonantes e quebras de compasso, que se repetem em 3 velocidades diferentes; a segunda parte se introduz com uma levada em estilo jazz-funk, apresentando um solo de violino e ótimo solo de teclado executado pelo "insano" Allan Zavod (que também tocou com Frank Zappa); a terceira parte, a mais melodiosa, abre espaço para os improvisos do violino (muito bonito), guitarra e teclado, respectivamente. A quarta e última parte nos apresenta longos e progressivos improvisos da guitarra crua de Stuermer e do límpido violino de Ponty, com um tema de caráter apreensivo entre os dois improvisos.
Há de se destacar também o criativo e seguro trabalho da cozinha, composta por Tom Fowler no baixo (também da escola de Zappa) e Mark Craney na bateria (que viria a gravar com o Jethro Tull o álbum "A", de 80). Compre e embarque nesta imaginária viagem com Ponty e cia.





terça-feira, 14 de junho de 2011

Discos que Marcaram a Minha Vida - Metallica - And Justice for All


O ano de 1986 representou um período onde o Metallica experimentou emoções extremamente fortes e antagônicas.Pois teriam de começar tudo do zero, e com a perda do baixista Cliff Burton,continuar era algo absolutamente difícil,pois perder um músico cuja qualidade técnica e inventividade não seriam encontradas em qualquer lugar. No entanto, após se recobrarem daquela perda, os três remanescentes decidem seguir adiante e então o Metallica anuncia que haveria uma audição para escolherem o substituto de Cliff. O posto ficaria com Jason Newsted, que vinha do Flotsam and Jetsam. O próximo passo, entre litros e mais litros de cerveja, era ensaiar para conseguir o entrosamento de Jason com o restante da banda e, a partir dali, iniciar o processo de composição e gravação de um novo álbum.


O que viria a seguir era o quarto álbum de estúdio, uma obra que mesmo obtendo enorme sucesso comercial e ainda sendo querida pela grande maioria dos fãs, pode ser considerada como um disco injustiçado até hoje.

 Esse quarto álbum do grupo já gerou todos os tipos de comentários, histórias, lendas, teorias absurdas e folclores que se possa imaginar. Na verdade, histórias curiosas (verídicas ou não), acerca desse período da carreira do Metallica vêm de antes de seu lançamento. Já se falou que o verdadeiro teste para Jason entrar na banda foi ver até onde ele conseguia beber, já se falou que a bateria do disco teria sido gravada por Dave Lombardo, já se falou que o baixo quase inaudível desse disco seria fruto da vontade de Hetfield e Lars Ulrich, após compararem o som do novo integrante com o de Cliff Burton.
Mas vamos aos fatos. “...And Justice For All” é uma obra que honra cada letra da palavra ‘metal’, tanto na sua temática quanto na execução. Um misto de desolação e raiva são a constante no clima desse disco e que o transformam num dos trabalhos mais originais e bem executados da banda. Por mais que esse álbum já tenha recebido elogios, o que se falou até hoje é pouco diante de sua qualidade. As críticas que sofreu e que ainda sofre por parte de alguns fãs, bem como o ‘segundo plano’ em que ele é colocado quando comparado aos seus antecessores já são motivos de sobra para que se possa apontá-lo como um disco injustiçado. Ainda que os três primeiros trabalhos da banda guardem muito mais semelhanças entre si do que com o disco de 88 e ainda que o gosto pessoal da maior parte das pessoas aponte para uma primazia de “Kill”, “Ride” e “Master”, “...And Justice...” pode ser considerado como uma obra de mesmo nível ou, pelo menos, bem próximo. Não é questão de dizer que ele é melhor ou pior, é apenas observar que não está tão abaixo dos seus antecessores como muito se alardeia até hoje, de forma que, sob essa ótica, o status de clássico poderia caber a ele tanto quanto aos trabalhos que o precederam. Ao contrário do que se possa pensar, esse quarto álbum da banda foi aquele que mais representou uma variedade no seu som e incorporação de novos elementos desde o “Kill 'Em All”. Veja bem, antes de tentar me acertar uma pedrada,estou dizendo que foi o álbum mais diferente da banda até então.
Certas coisas, algumas das quais fogem ao âmbito estrito da música, podem ter contribuído para que a avaliação sobre “...And Justice For All” nem sempre tenha sido a melhor possível. A coisa já começa pela ausência de Cliff Burton, passando pela maior complexidade musical e, em decorrência disso, maior cadência desse álbum, e repousando, sobretudo, naquilo que os mais radicais têm dificuldades em aceitar, que é o fato de “...And Justice...” representar o embrião do flerte do Metallica com o mundo do mainstream. “One” foi a música que representou a entrada do Metallica nos meios de comunicação para as massas, como rádios e MTV, fazendo a cabeça de muita gente já à época de seu lançamento, inclusive de muita gente que não tinha a menor noção do que era o heavy metal. Por meio dele, a banda conseguiu o melhor resultado comercial de sua carreira até então, debutando no 6º lugar na parada da Billboard. Além disso, foi indicado ao Grammy Awards de 1989 na categoria “Melhor Performance Hard Rock/Metal” .Isso foi um prato cheio para que se apontasse o dedo para a banda, acusando-a de estar se vendendo, ainda mais quando se lembrava que o Metallica repudiava até então coisas como esse tipo de divulgação do trabalho. Mas e o principal? E o álbum em si, como é?
Muitas pessoas afirmam sem pestanejar que esse álbum representa o ápice da banda em termos de desenvolvimento técnico. O som do Metallica havia se tornado algo bem mais complexo, com variações de andamento, mudanças e quebras inesperadas de ritmo, além de uma rifferama nada menos do que excepcional. O trabalho de bateria feito por Lars Ulrich nesse disco é memorável, os riffs e solos são bastante inspirados, o vocal de James Hetfield mantém a agressividade de outrora, mas aqui aparece mais encorpado e adulto. O grande senão dessa obra ficou justamente por conta do baixo quase inaudível. Entretanto, esse trabalho traz canções tão bem elaboradas que nem mesmo a pouca percepção de um instrumento tão importante como o baixo foi capaz de macular toda a qualidade do disco. O som mais elaborado acabou resultando em um álbum duplo, mas com apenas nove canções, muitas das quais enormes, só que com variações intensas dentro de cada música. Tal fato fez com que algumas pessoas avaliassem que esse som mais complexo havia implicado numa perda de peso em relação aos trabalhos anteriores. Todavia, se tem uma coisa que não falta a “...And Justice For All” é peso. O disco é, em vários pontos, mais cadenciado e isso sim pode ter sido um fator a mais na avaliação nem sempre favorável ao álbum. A própria banda já assumiu que sempre teve dificuldades em reproduzir ao vivo as canções desse álbum que, apesar disso, gerou uma das turnês mais bem sucedidas da carreira dos caras.
A história toda se inicia com “Blackened”, uma paulada que já começa a impressionar desde a introdução, onde foi captado o som de várias guitarras para depois ser rodado ao contrário, obtendo um efeito sonoro fantástico. Além disso, a música se estende com riffs matadores, num excelente trabalho dos guitarristas e com o vocal agressivo de Hetfield. Os violões que dão início à faixa-título precedem os mais de nove minutos de porrada, riffs agressivos, variações de velocidade e ritmo, além de melodias obscuras, numa grande música. O riff com volume crescente na introdução e o refrão bem sacado dão o tom de “Eye of the Beholder”. “One” foi o primeiro single do álbum, uma canção, como dito anteriormente, que fez a cabeça de muita gente na época do lançamento, inclusive por ter representado a primeira incursão real do Metallica no mainstream. Este fato, associado à intro e primeira parte mais lentas e suavizadas provocaram os primeiros narizes torcidos de forma mais contundente em relação à obra do Metallica, o que não anula a beleza e qualidade da música. Ponto principalmente para James Hetfield e a excelente interpretação que deu a uma das melhores letras da carreira da banda. As boas “The Shortest Straw” e “Harvester of Sorrow”, bem como a excepcional semi-instrumental “To Live is to Die” (uma homenagem a Burton) mostram toda a maturidade do Metallica naquele momento. Ainda completam o álbum duas das músicas mais injustiçadas da banda. “The Frayed Ends of Sanity” é uma das melhores de “...And Justice For All” e, no entanto, é uma das menos comentadas. Música com um ritmo e uma pegada maravilhosos, longa, mas de tamanha qualidade que ao seu final fica a impressão de se ter ouvido uma faixa de uns três minutos. O desfecho do álbum se dá com “Dyers Eve”, uma canção matadora em todos os aspectos, de uma rapidez e agressividade impressionantes, que caberia facilmente no “Kill 'Em All” e que foi tocada ao vivo pela primeira vez muitos anos após o seu lançamento. As letras desse álbum mereceriam um outro review somente para elas, dada a criatividade e teor de crítica social e aos costumes tradicionais que traziam consigo.
Não é uma questão de dizer que “...And Justice For All” seja superior a outros trabalhos da banda, sobretudo aos que o antecederam, ainda mais sendo um disco de andamento geral um pouco mais lento para os padrões tradicionais do thrash. Portanto, não deixe de dar a suas impressões e lembre-se, “justiça para todos”.
Formação:James Hetfield - Guitarra, vocal
Lars Ulrich - Bateria
Kirk Hammett - Guitarra
Jason Newsted - Baixo

Informações técnicas:
Produzido por: Metallica e Flemming Rasmussen
Coordenado por: Flemming Rasmussen
Assistente de coordenação: Toby "Rage" Wright.
Mixado por: Steve Thompson e Michael Barbiero no Bearsville Studios, Nova York, em Junho de 1988
Masterizado por: Bob Ludwig na Masterdisk, Nova York
Idéia da Capa: Hetfield e Ulrich
Ilustração da Capa: Sthephen Gorman
Fotos: Ross "Tobaco Road" Halfin
Desenho do martelo: Pushead
Design: Reiner Design Consultants, Inc.
Direção: Q Prime Inc.
Gravado no One on One, Los Angeles, entre Janeiro e Maio de 1988.

 

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Renaissance - Prologue




Não tão famoso quanto os medalhões do rock  progressivo,o Renaissance foi um dos grupos seminais marcando sua história com incursões pelos ritmos folclóricos europeus.O maior destaque vai para a Annie Haslam, a rainha do rock progressivo, se tornando a alma de toda a sonoridade da banda.




O primeiro disco desta formação, terceiro da banda, apresentou uma ambição muito maior que os primeiro trabalhos. Lançado em 1972, Prologue traz uma harmonia fabulosa com suas diversas passagens sonoras e letras que pairam entre o folclórico e o romântico. É em Prologue, que a vocalista-fada apresenta sua melhor perfomance em uma voz que alcança até cinco oitavas. Este é o mais belo disco do Renaissance, não foi o mais vendido e ainda é o um dos menos conhecidos da banda, mas por muitos é considerado o melhor do grupo.
O disco começa com uma introdução, "Prologue", que se inicia em uma atmosfera dramática criada pelo piano e se torna alegre quando entra a voz de Annie sem pronunciar uma única palavra, apenas variando pelos diferentes tons que sua voz permite, em perfeita harmonia com os arranjos de piano.

Termina a introdução e os acordes de piano voltam a aparecer, desta vez acompanhados pelos vocais masculinos do grupo, contando a história de "um homem simples, apenas um homem simples, que morreu no local de seu nascimento" nos sete minutos de "Kiev".

"Sounds of the Sea" começa em seguida com o gorjeio de gaivotas e um piano bem mais calmo que nas músicas anteriores. Os vocais são todos de Annie e convidam para uma viagem sonora no refrão singelo e marcante: "Lá, onde eu pertenço, onde sou real, onde posso sentir os sons do mar".

Annie canta sobre amor, paz e tristeza em "Spare Some Love" que apresenta os primeiros acordes de guitarra de Rob Hendry no disco, sem abandonar o piano, e arranjos de bateria mais marcantes.

"Bound for Infinity", a mais curta do disco com quatro minutos de duração segue a mesma linha de "Sounds of the Sea".
Assim como a primeira faixa, o epílogo de "Prologue" não possui letra, apenas solos de vocal de Annie. "Rajan Khan" começa com solos de guitarra que se transformam em acordes folk lembrando muito a música indiana. No oitavo minuto, a música atinge seu clímax, realçando a bateria, e depois volta à percussão, acompanhada apenas pelo vocal, até o último minuto - quando muda novamente o ritmo e termina de imediato. E assim termina Prologue, um dos discos fundamentais do rock progressivo que é capaz de soar contemporâneo e com uma beleza determinante em todas as faixas do álbum.Compre de olhos fechados.

 Formação :
Jon Camp - baixo, tambura, vocais.
Annie Haslam - vocais, percussão.
Rob Hendry - guitarra, mandolin, cimbais, vocais.
Terry Sullivan - bateria, percussão, solo de VC3 em "Raja Khan".
John Tout - teclados, vocais.
Francis Monkman - sintetizadores.


Faixas:
1. Prologue 5:42
2. Kiev 7:41
3. Sounds of the sea 7:11
4. Spare some love 5:13
5. Bound for infinity 4:25
6. Rajah Khan 11:31



 

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Pink Floyd - Animals



Após dois álbuns de enorme sucesso, transições de uma fase extremamente psicodélica para um rumo mais fundado nas melodias de David Gilmour (Dark Side of the Moon – 1973, e Wish You Were Here – 1975), o Pink Floyd convenceu-se de que poderia voltar a ousar. Assim, em 1977, após cerca de 6 meses no estúdio, lançou o conceitual “Animals”, talvez o mais “Roger Waters” de todos os seus discos.
“Animals”, em linhas gerais é um álbum absolutamente anti-comercial (apesar disso, vendeu cerca de 12 milhões de cópias).  Quem o observa de forma desatenta e sem conhecer seu conteúdo pode imaginar que o Floyd estaria voltando ao formato sonoro de “Atom Heart Mother”, o famoso disco da vaca. Entretanto, "Animals" traz uma roupagem completamente diferente de tudo o que eles haviam feito até aquele momento.




O disco todo fundamenta-se no livro “A Revolução dos Bichos” de George Orwell, mas não limita-se a ele. Apesar de algumas sutis doses de sarcasmo, “Animals” é um trabalho sério, no qual o genial Waters expressa sua fúria contra a sociedade capitalista e os que detém o poder oprimindo injustamente os menos capacitados. Para desenhar esse mundo, o baixista e compositor divide as pessoas em três categorias animalescas, que levam os títulos das faixas dois, três e quatro ("Dogs", "Pigs" e "Sheep").


Para ele, “Pigs” são quem detém o poder, os políticos inescrupulosos, aqueles que controlam as massas. Waters refere-se a eles como pessoas sem coração, de atitudes falsas para ludibriar as outras classes e manter a aparência de que tudo está bem. Margareth Tatcher, ex-Primeira Ministra inglesa, é citada na música, assim como Mary Whitehouse, famosa moralista e inimiga do Pink Floyd.
Waters conceitua “Dogs” como os burgueses que fazem qualquer coisa para subir na vida, e quem sabe um dia tornarem-se “Pigs”. Trechos da música trazem claramente a forma maquiavélica pela qual agem para alcançar seus objetivos sórdidos.
Outra interpretação trataria os “Dogs” os repressores, aqueles que, pelas ordens de outros ("Pigs"), usam o poder para manter a ordem. Sob esse prisma, “Pigs” e “Dogs” seriam aliados.
Entretanto, creio não ser essa a melhor visão. Primeiramente, o disco deixa claro que os “Dogs” desejam ardentemente tornar-se “Pigs”, e mostram-se inconformados por sua situação de ascendentes. Além disso, veja-se que na última estrofe de “Sheep”, Waters menciona que os “Dogs” teriam sido exterminados (certamente em função da ameaça que poderiam representar ao reinado dos “Pigs"), e que só teriam sobrado "Pigs" (dominantes) e "Sheep" (dominados).
Em outro trecho da música, Waters fala sobre o trágico fim dos “Dogs”: solitários, questionando-se sobre valores morais, e morrendo de câncer pelo remorso de seus atos. Curiosamente, mesmo após detonar os caninos, Waters, na segunda parte de “Pigs on the Wing”, refere-se a si mesmo como um “Dog”.
Por fim, o baixista traz ao público “Sheep”. A referência de ovelhas são para o povo, que sem querer e-ou poder pensar, segue fielmente e sem questionamentos os seus líderes. Waters usa termos como “submisso” e “obediente” para referir-se ao povo oprimido.
No curso da música, Waters faz menção a atos revolucionários para que as ovelhas deixem de ser um rebanho pacífico, mas em seguida frustra as expectativas das ovelhas, alertando-as para a necessidade de submissão aos porcos, caso queiram sobreviver, já que os próprios “Dogs” teriam sido exterminados por causa de sua inquietude.


Também há explícitas referências ao Salmo 23, em “Sheep”, como uma clara crítica à Igreja e à forma pela qual a religiosidade age para tornar o povo submisso e seguidor de lideranças previamente determinadas.
Em relação a “Pigs on the Wing" (Partes 1 e 2), a primeira e a quinta faixa devem ser avaliadas juntas. Ambas são raríssimas declarações de amor de Waters à sua esposa, Caroline. Roger tenta dizer, em outras palavras, que apenas o amor e a mútua proteção podem protegê-los dos males causados pelos “animais” e pela sociedade como está posta.
Apesar do fundo político-social, e da constante busca das letras em evidenciar as desigualdades e a ganância, “Animals” também tem em sua musicalidade um ponto muito forte.
“Pigs on the Wing” trazem consigo uma suavidade intensa no dedilhar do violão e na voz levemente esganiçada de Waters, para introduzir (faixa 01) e fechar o disco (faixa 05), como se fossem uma casca, preparando o brilhante recheio.
“Dogs”, apesar dos seus 17 minutos, está muito longe de ser cansativa. Talvez seja a mais “floydiana” das faixas: a harmonia dos solos de Gilmour (ouça a música e diga se ela não vai preparando terreno para os solos), as distorções antes da parte final, a inigualável presença do baixo, os brilhantes questionamentos de Waters ao final...
“Pigs” e “Sheep” mantém uma linha rítmica mais constante. Novamente aqui David Gilmour faz a diferença, quer na magistral condução instrumental da primeira ou do frenético ritmo dos solos e riffs da última, onde Wright também aparece de forma destacada.
Animals é o melhor disco do Floyd? Não tenho a pretensão de fazer ninguém acreditar nisso, até por que sei que essa discussão é inútil, e também porque eu mesmo acredito que eles fizeram algo melhor, antes e depois da separação de Waters e Gilmour.
Entretanto, é um álbum que merece ser ouvido, avaliado, dissecado. Seu contexto, seu formato, sua musicalidade, o momento no qual foi gravado. Tudo remete à genialidade compositora de Waters e à sublime suavidade melódica de Gilmour, diametralmente opostos, mas ainda juntos, como dia e noite,  como cérebro e espirito.Disco para toda a vida.

Álbum: Animals
Banda: Pink Floyd
Lançamento: 23 de janeiro de 1977
Faixas:
1 - Pigs on the Wing (part 1) - 1:25
2 - Dogs - 17:08
3 - Pigs (Three Different Ones) - 11:28
4 - Sheep - 10:20
5 - Pigs on the Wing (part 2) - 1:25



sexta-feira, 3 de junho de 2011

Rock de Crioulo.



Em meados dos anos 80 o hard rock americano era dominado por paetês, cabelos espalhafatosos e vocalistas com caras femininas.De repente ninguém menos que Mick Jagger descobre 4 músicos egressos do jazz, mas que montaram um caldeirão de influências chamado Living Colour, e que eram totalmente diferentes destas qualidades citadas acima. Iniciada a banda pelo guitarrista Vernon Reid  (inglês radicado em Nova Iorque),que chamou o baterista Willian Calhoun,o baixista Muzz Skillings e o vocalista Corey Glover que com suas apresentações arrebatadoras, fizeram o Living Colour ser uma realidade da indústria fonográfica em 1988, e seu debut chamado Vivid.




O riff inicial da famosíssima "Cult of Personality" arrepia na mesma hora, e à medida que a música ecoa nos alto falantes, é impossível não colocá-la automaticamente no patamar dos maiores clássicos do hard rock. Na sequência, a alegre "I Want to Know" adiciona farofa na medida certa ao som da banda.
Mas, é a partir de "Middle Man" que os grooves mais virtuosos e realmente dançantes tomam conta de "Vivid", levando o ouvinte a se levantar da cadeira, fazer "air guitar" à la Vernon Reid, e chacoalhar durante a execução das faixas seguintes: a alucinada e arrepiante "Desperate People", e a criativa "Open Letter (To a Landlord)", a qual traz um impecável desempenho vocal de Corey Glover em suas passagens mais lentas.
Hora de diminuir o ritmo? De jeito nenhum! "Funny Vibe" é funk até o talo, não tem medo de soar "menos rock", e ainda destaca bem o baixista Muzz Skillings. Já "Memories Can't Wait" retoma a sonoridade hard rock em um momento perfeito. E depois de muita dança, chega o momento mais tranquilo do álbum: a bela e serena balada "Broken Hearts", que não deve em nada às faixas mais agitadas do disco.
A pop "Glamour Boys" pode assustar os roqueiros mais ortodoxos, mas sintetiza da melhor forma possível o conteúdo da maioria das letras do álbum, ao unir acidez e ironia a melodias e arranjos alegres. E a contagiante "What's Your Favorite Color? (Theme Song)" soa mesmo como uma "música tema" para o Living Colour. E fechando o álbum, a veloz "Which Way to America?" traz o melhor do caos sonoro, especialmente por parte do baterista Will Calhoun.
É de se esperar que os primeiros álbuns de qualquer banda chamem mais atenção, mas fora isso, são raros os casos em que álbuns com sonoridade realmente dançante e "pra cima" recebem elogios envolvendo "maturidade" e "experiência musical". E tais palavras, vindas de qualquer crítico, podem se aplicar perfeitamente a "Vivid".