sexta-feira, 3 de junho de 2011

Rock de Crioulo.



Em meados dos anos 80 o hard rock americano era dominado por paetês, cabelos espalhafatosos e vocalistas com caras femininas.De repente ninguém menos que Mick Jagger descobre 4 músicos egressos do jazz, mas que montaram um caldeirão de influências chamado Living Colour, e que eram totalmente diferentes destas qualidades citadas acima. Iniciada a banda pelo guitarrista Vernon Reid  (inglês radicado em Nova Iorque),que chamou o baterista Willian Calhoun,o baixista Muzz Skillings e o vocalista Corey Glover que com suas apresentações arrebatadoras, fizeram o Living Colour ser uma realidade da indústria fonográfica em 1988, e seu debut chamado Vivid.




O riff inicial da famosíssima "Cult of Personality" arrepia na mesma hora, e à medida que a música ecoa nos alto falantes, é impossível não colocá-la automaticamente no patamar dos maiores clássicos do hard rock. Na sequência, a alegre "I Want to Know" adiciona farofa na medida certa ao som da banda.
Mas, é a partir de "Middle Man" que os grooves mais virtuosos e realmente dançantes tomam conta de "Vivid", levando o ouvinte a se levantar da cadeira, fazer "air guitar" à la Vernon Reid, e chacoalhar durante a execução das faixas seguintes: a alucinada e arrepiante "Desperate People", e a criativa "Open Letter (To a Landlord)", a qual traz um impecável desempenho vocal de Corey Glover em suas passagens mais lentas.
Hora de diminuir o ritmo? De jeito nenhum! "Funny Vibe" é funk até o talo, não tem medo de soar "menos rock", e ainda destaca bem o baixista Muzz Skillings. Já "Memories Can't Wait" retoma a sonoridade hard rock em um momento perfeito. E depois de muita dança, chega o momento mais tranquilo do álbum: a bela e serena balada "Broken Hearts", que não deve em nada às faixas mais agitadas do disco.
A pop "Glamour Boys" pode assustar os roqueiros mais ortodoxos, mas sintetiza da melhor forma possível o conteúdo da maioria das letras do álbum, ao unir acidez e ironia a melodias e arranjos alegres. E a contagiante "What's Your Favorite Color? (Theme Song)" soa mesmo como uma "música tema" para o Living Colour. E fechando o álbum, a veloz "Which Way to America?" traz o melhor do caos sonoro, especialmente por parte do baterista Will Calhoun.
É de se esperar que os primeiros álbuns de qualquer banda chamem mais atenção, mas fora isso, são raros os casos em que álbuns com sonoridade realmente dançante e "pra cima" recebem elogios envolvendo "maturidade" e "experiência musical". E tais palavras, vindas de qualquer crítico, podem se aplicar perfeitamente a "Vivid".




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