quinta-feira, 16 de junho de 2011

Jean Luc Ponty e seu violino numa viagem imaginária



Gravado na Califórnia em 76, "Imaginary Voyage" é seu terceiro disco inteiramente de composições próprias, e juntamente com os ótimos "Enigmatic Ocean" (77) e "Cosmic Messenger" (78), compõe a sua fase áurea e mais progressiva. Como nos demais discos de Ponty, todas as peças desta "viagem imaginária" foram cuidadosamente compostas e arranjadas por ele, resultando, como de costume, num trabalho bem acabado e de grande bom gosto.



A primeira música do disco, como o próprio nome sugere, remete à um estilo country e tem como ponto alto um ótimo duelo de violino com violão acústico, este último a cargo do norte-americano Daryl Stuermer, que posteriormente chegou a acompanhar o grupo Genesis em turnês ao vivo, após a saída do guitarrista Steve Hackett. Em "The Gardens of Babylon" há uma variação mais lenta e serena do principal trecho melódico da agitada "New Country". A pequena "Wandering on the Milky Way" é uma etérea introdução de violino, repleta de um lento delay (eco), efeito este muito usado por Ponty. Em "Tarantula", ouve-se um nervoso improviso de Ponty, mostrando bem o seu potencial no violino elétrico enquanto Stuermer, em sua guitarra, usa e abusa do wah-wah, um efeito típico dos anos 70.
Mas o ponto alto mesmo se encontra na suíte (de praticamente 20 minutos) que dá nome ao disco, e que está dividida em 4 partes interligadas entre si: A primeira começa com um desenvolvimento melódico seguido de escalas mais dissonantes e quebras de compasso, que se repetem em 3 velocidades diferentes; a segunda parte se introduz com uma levada em estilo jazz-funk, apresentando um solo de violino e ótimo solo de teclado executado pelo "insano" Allan Zavod (que também tocou com Frank Zappa); a terceira parte, a mais melodiosa, abre espaço para os improvisos do violino (muito bonito), guitarra e teclado, respectivamente. A quarta e última parte nos apresenta longos e progressivos improvisos da guitarra crua de Stuermer e do límpido violino de Ponty, com um tema de caráter apreensivo entre os dois improvisos.
Há de se destacar também o criativo e seguro trabalho da cozinha, composta por Tom Fowler no baixo (também da escola de Zappa) e Mark Craney na bateria (que viria a gravar com o Jethro Tull o álbum "A", de 80). Compre e embarque nesta imaginária viagem com Ponty e cia.





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