sábado, 30 de julho de 2011

DVD Live At Wacken Open Air 2006 - Scorpions

Grupos veteranos como o Scorpions não têm vida fácil. Além de precisar compor e lançar álbuns inéditos de tempos em tempos, em uma prova constante de que ainda estão vivos artisticamente, precisam encarar a concorrência de centenas de novos grupos, bandas essas muito mais próximas do público jovem atual do que os alemães. O que fazer para conquistar novos fãs então? Uma boa resposta é lançar DVDs como esse “Live At Wacken Open Air 2006 – A Night To Remember, A Journey Through Time”.

Gravado em casa, no tradicional festival alemão, o DVD cumpre o que o seu subtítulo promete: uma viagem pelo tempo, pelas diversas fases da carreira do grupo, com direito a participações mais que especiais dos lendários guitarristas Uli Jon Roth e Michael Schenker, além do baterista Herman Rarebell.

Com o público na mão desde o início do show, Klaus Meine, Rudolph Schenker, Mathias Jabs e companhia esbanjam experiência e competência. Amparados por um set list muito bem montado, o grupo já entra de forma bombástica com “Coming Home”, antecedida por uma espetacular introdução. E daí é só clássico atrás de clássico. “Bad Boys Running Wild” não envelheceu com o tempo. “The Zoo” mantém seu carisma mesmo passados mais de vinte anos desde o seu lançamento. Aliás, nessa música ocorre o primeiro grande momento do show, com um solo antológico de Jabs. Quem viveu os anos oitenta sentirá arrepios até nos já não tão presentes cabelos…

Uli Jon Roth é chamado ao palco para executar três canções com a banda, “Pictured Life” do álbum “Virgin Killer” de 1976, “Speedy´s Coming” de “Fly To The Rainbow” de 1974 e “We´ll Burn The Sky” de “Taken By Force” de 1977. O guitarrista é aclamado pelo público, como esperado, mas o que chama a atenção é a absoluta reverência com que os integrantes  se comportam ao seu lado, reconhecendo sua genialidade e admitindo que ele está alguns degraus acima de todos eles. E é só Roth começar a tocar os primeiros acordes de “Pictured Life” para ficar claro o porque dessa atitude. Com uma postura totalmente zen, Uli executa trechos intricadíssimos como se estivesse fazendo a coisa mais natural do mundo, e, mais importante, com uma imensa expressão de satisfação no rosto. Assisti-lo é algo que beira o transcedental, e tal expressão não é um exagero. Dentre as três músicas executadas, “We´ll Burn The Sky” se destaca, com Roth comandando todos, em uma performance primorosa.
Os alemães voltam com sua formação atual e executam três composições, “Love´em or Leave´em”, “Don´t Believe Her” e “Tease Me Please Me”, para logo chamarem o outro convidado especial para o palco. Assistir Michael Schenker tocando ao lado de seu irmão Rudolph emociona. O temperamental guitarrista,  surge sorridente mandando ver a instrumental “Coast To Coast”, uma das mais emblemáticas faixas dos alemães. Com uma postura contida, Michael comporta-se de forma tímida no palco, tocando com a técnica habitual, mas parecendo querer fugir dos holofotes.
Um momento emocionante é a execução da bela “Holyday”, do álbum “Lovedrive” de 1978, com os irmãos Schenker se complementando nas passagens acústicas da canção. Michael Schenker ainda executa “Lovedrive” e “Another Piece Of Meat”, antes de sair do palco devidamente ovacionado.
Após um breve solo de bateria de James Kottak, o vetereno Herman Rarebell, baterista da fase áurea da banda durante os anos 80, dá início a “Blackout”. Dos três convidados especiais é aquele onde a passagem do tempo está mais marcante. Com um visual que lembra aquele seu simpático tio que é alegria dos almoços familiares de domingo, Rarebell toca ainda “No One Like You” com o grupo, e fica evidente que, apesar de não comprometer em nenhum momento, Kottak é muito mais baterista que o veterano Herman, imprimindo muito mais energia e técnica à música do grupo alemão.
A parte final do show é marcada pelos clássicos “Big City Nights”, “Can´t Ger Enough” e pela inevitável “Still Loving You”. Mas ainda faltava uma surpresa, e ela vem com Uli Jon Roth e Michael Schenker retornando ao palco para tocar a mais do que clássica “In Trance”. Putz, que música! Com Uli comandando o grupo musicalmente, as quatro guitarras soam impecáveis, com Roth, Jabs, Rudolph e Michael esbanjando feeling e experiência. O solo de Uli Jon Roth é um destaque à parte, assim como a dobradinha que faz com Mathias Jabs em determinado momento da música.
Encerrando as participações especiais, Roth puxa uma versão do “Bolero” de Ravel, onde fica evidente o seu talento acima da média. Essa música conta também com a participação do jovem Tyson Schenker na guitarra (não sei se ele é filho do Rudolph ou do Michael, então me ajudem), mostrando que a dinastia dos Schenker ainda nos dará mais frutos. A faixa conta também com uma performance inusitada de Rudolph Schenker, que larga a sua guitarra e faz alongamentos de yoga em pleno palco! Só assistindo para entender o que eu estou falando …
Encerrando o vídeo, como não poderia deixar de ser, a banda toca “Rock You Like A Hurricane”, mas desta vez acompanhada de um cyber-escorpião totalmente mecânico, em um efeito visual muito legal.
Individualmente, além dos convidados especiais, os destaque vão para Mathias Jabs, que está tocando como nunca; para Rudolph Schenker, que além de ser um dos melhores guitarristas bases do mundo agita sem parar durante todo o show; e para o baterista James Kottak, que esbanja energia, técnica e carisma. Klaus Meine já não tem a mesma energia do passado, mas ainda possui um alcance e uma técnica vocais invejáveis, enquanto o baixista Pawel Maciwoda cumpre bem a sua função.
“Live At Wacken Open Air 2006” é um DVD excelente . Compre.




quinta-feira, 28 de julho de 2011

System Of A Down - Toxicity


Um apanhado de riffs pesados, criativos e contagiantes, cozinha devastadora e pesadíssima, vocal dos mais alucinados variando entre gutural, rasgado, calmo, melódico e sussurrado. Por cima de tudo isso coloque uma dose extra de sarcasmo, carisma, bom-humor, deboche e loucura. Pronto, está formado o caldeirão do SOAD.
O segredo da criatividade do SOAD está na repetição, por mais contraditório que isso possa parecer. Trabalham perfeitamente as frases repetidas de modo extremamente criativo, fazendo-as quase imperceptíveis e agradabilíssimas, vide Jet Pilot e X. Se o System of a Down tem alguma coisa de new metal (e tem!), pelo menos eles estão só com os pés enfiados na lama, e o resto do corpo bem pra fora e querendo se libertar.
Destaques? Muitos. Deer Dance, fantástica, casando perfeitamente toda a brutalidade sonora da banda, com refrões grudentos e marcantes, aliados a partes calmas e sussurradas. O hit e aquela do clipe que todo mundo já viu alguma vez na vida nos últimos tempos, Chop Suey, é mesmo uma das melhores. A esquisitice inovadora, melódica de fundo brutal é facilmente encontrada em Forest e na faixa título.
Nunca vi uma banda colocar tão bem tanta diversão e uma sonoridade tão completa em pouco menos de 2 minutos. Muitas músicas chamam a atenção por esse fator.
A banda segue sempre surpreendendo, com músicas de arranjos esquizofrênicos e pegajosos. Aerials, última música, que também ganhou clip, não é uma das melhores, mas o que chama a atenção é sua parte final, uma mistura de ritmos e sons tribais com influências étnicas, genial desfecho.
Esse é o típico do cd que você pode ouvir do início ao fim sem pular nenhuma faixa, se divertir ao máximo e quando acaba fica louco para ouvir de novo. Enfim, se você tiver boa vontade e um preconceito menor do que o habitual, vai curtir muito esse álbum! Diversão garantida ou seu dinheiro de volta.Disco para toda a vida.
Músicos :
Daron Malakian - Guitarras e Vocais
Serj Tankian - Vocais e Teclados
Shavo Doadjian - Baixo
John Dolmayan - Bateria .

Produzido por : Rick Rubin e Daron M.
Co Produzido por : Serj Tankian
Gravado nos : Cello Studios , Hollywood, CA. em 2001.
Mixado nos: Enterprise Studios, CA.
Masterizado por Eddy Schereyer nos Oasis Masdtering Studio City, CA.









RUSH - 2112



O trio canadense Rush gravou ao longo de seus mais de 20 anos de carreira vários excelentes discos.  Mas foi a primeira década de vida da banda que nos deu os melhores álbuns do grupo. A banda começou com um estilo diferente do que viria a seguir: começou tocando um rock’n’roll básico nos dois primeiros discos, os excelentes Rush e Fly by Night, mas no terceiro álbum, Caress of Steel, começaram a mostrar que possuiam virtudes para fazeram algo mais complexo e inteligente do que o “básico” dos primeiros discos. E isso se deve principalmente a entrada do baterista Neil Peart, excelente letrista e um dos melhores bateristas do mundo. Os próximos álbuns já mostravam o Rush com seu estilo próprio, escrevendo músicas mais trabalhadas, maiores e subdivididas em partes, e, principalmente, com temas até então nunca usados  Entre 1975 e 1981 foram lançados os melhores discos do Rush, e, desses, um se destaca particularmente pelo seu conceito: 2112, que foi lançado em 1976.

Em fevereiro de 1.976 é lançado o quarto algum da banda 2112. Acreditando em sua música e fiéis aos seus princípios, os membros da banda não se entregaram às exigências da indústria fonográfica e entraram em estúdio mais uma vez no início de 76 para a gravação do álbum que iria consagrá-los em definitivo. Assim como eram prodígios em seus instrumentos, os integrantes do Rush começaram a adquirir experiência nas composições e nas gravações de estúdio. Apesar dos poucos anos de estrada o acúmulo de experiências os fez saber exatamente o que fazer no disco seguinte. Com a ajuda de Terry brown concebem o aclamado 2112. Seu lançamento foi o que pode se chamar de sucesso, mediante a pressão que receberam anteriormente. Instigado pelas literaturas da filosofia racionalista de Ayn Rand, Peart escreveu mais um épico sobre a liberdade de expressão. "Eu não havia percebido o que estava fazendo, mas quando a história ficou pronta, vi que os paralelos com Anthem (a obra de Ayn Rand) eram óbvios. E pensei: 'não quero ser visto como um plagiário', então a creditei na ficha técnica do disco", contou Peart a revista Rockline, em 1.991. A abertura tinha como tema uma fábula futurista dividida em sete partes que balanceava todos os ingredientes musicais utilizados nos 3 primeiros discos. 2112 mostra uma sociedade onde toda arte e ciência são controladas por computadores, gerando a necessidade de combater os opressores da individualidade do ser humano. Em um artigo na revista Circus, Peart disse que "2112 é baseado na progressão de elementos que encontramos na sociedade hoje em dia, mas projetados 150 anos no futuro". Na história, um homem encontra uma guitarra e, ao tocá-la, sente o prazer e as possibilidades que poderia alcançar tendo sua própria expressão artística. "É como um ciclo de canções sobre a redescoberta da música", diz o baterista. Em suma, Geddy Lee canta como o homem se libertou da patrulha tecno-religiosa dos Pastores do templo de Sirynx usando a guitarra como arma revolucionária. Por outro lado, muito foi dito e até acusações de fascismo pesaram sobre a banda. A capa de Hugh Syme, mitológico artista plástico que contribui para as capas da banda desde Fly By Night, foi baseada no conceito de Peart, ao qual mostra uma estrela vermelha (num formato que lembra um pouco o pentagrama, símbolo de muitas seitas satânicas), o símbolo da Federação Solar que controlava as pessoas no ano do título do disco. Em outra imagem criada para a turnê, um homem nu fica em frente à grande estrela, reforçando a tese de que os integrantes do Rush teriam afinidades com ideologias de ultra direita e até satanismo (como se já não bastasse a infame acusação de que se o ouvinte escutasse "Anthem" de trás para frente escutaria mensagens de adoração a Satã. Vade retro....). "O homem é o herói da história", teorizava Hugh Syme na revista Creem, em 1983. "O fato de ele estar nu é uma tradição clássica. A pureza dessa pessoa e a criatividade sem artefatos externos, como roupas (isso pode ser até usado como justificativa para o sujeito nu na capa de Hemispheres, de 1.978. Mas aí é outra história: lá ele representava Apollo, personagem em conflito com Dionisius, o deus da razão contra o deus da emoção). A estrela vermelha é a estrela vermelha do mal da Federação, que era um dos símbolos de Neil Peart. A capa era apenas a estrela e o herói". "Tudo o que ela significa é o homem abstrato contra as massas", diz Neil. "A estrela vermelha significa qualquer tipo de mente coletivista". Bom, aí já não é novidade o quanto o letrista preza pelo direito de livre arbítrio dado aos homens por Deus. Em outras letras como Freewill são exemplos de como Peart é defensor ferrenho da liberdade de expressão e do direito à individualidade de cada ser humano em seu interior.  Não é segredo para ninguém, esse foi o primeiro sucesso comercial da banda a partir daí o Rush se tornaria um dos expoentes de sua época se tornando uma das banda mais famosas do gênero Hard Porgressivo. E depois se tornando um dos percussores do Prog Metal.
 Outras músicas que se destacam são: Tears, que é uma belíssima balada acústica, com teclados muito bem encaixados e uma levada bem triste. The Twilight Zone, uma faixa surpreendente, que muda de estilo e ritmo sem perder a coesão; destaque para os vocais sussurrados baixinhos junto a Geddy no refrão, que deixa a música com um estranho tom sobrenatural. Something for Nothing, uma porrada de primeira, uma das marcas registradas da banda. Completam ainda o álbum as excelentes Lessons e A Passage to Bangkok.
2112 é um excelente álbum. A primeira música se destaca pela qualidade técnica e lírica, mas todas as outras músicas são excelentes, formando um belo conjunto e tornando o disco imprescindível.Compre.

Músicas :
1. 2112
I- Overture
II - Temples of Syrinx
III - Discovery
IV - Presentation
V - Oracle: The Dream
VI - Soliloquy
VII - The Grand Finale
2. A Passage To Bangkok
3. The Twilight Zone
4. Lessons
5. Tears
6. Something For Nothing

Banda :
Rush: Neil Peart (beteria), Geddy Lee (baixo e vocal) e Alex Lifeson (guitarra).




quarta-feira, 27 de julho de 2011

Megadeth - Peace Sells... But Who´s Buying ?


Em 1986 Dave Mustaine , o dono do Megadeth, estava impulsionado pela raiva interior e a insegurança provocadas pela expulsão do Metallica , e lutando contra seu vício em heroína e o alcoolismo. Tendo sido incentivado pelos elogios da crítica ao 1º disco da banda , Killing Is My Business... And Business Is Good, Mustaine tinha o mundo a seus pés , e acabou por não desiludir ninguém com o lançamento do furioso 2º disco da banda Peace Sells.

Mostrando seus riffs acelerados e seu domínio técnico na guitarra, quem já o viu tocando ao  vivo ou assistiu algum dvd da banda sabe do que estou falando.  Era chegada a hora de Mustaine e Cia. mostrarem que o Megadeth tinha vindo para ficar.
Com o debut arrebatador, e com shows que acabaram arrebanhando mais fãs ainda, a banda tinha trabalho em dobro, mas essas preocupações parecem não ter passado na cabeça dos integrantes.
Logo de cara a banda mostra a que veio, com a bateria precisa de Samuelson e o baixo bem tunado de Ellefson a banda nos entrega o que se tornaria uma constante em shows. Wake Up Dead possui uma levada um pouco diferente da música de abertura do seu antecessor mais igualmente cativante e pesada. Pela segunda vez Mustaine escrevia uma música sobre Diana (agora sua amante ao invés de apenas paixão recolhida), mas de romantismo a música não tem nada.
Logo em seguida aparece com um timbre um tanto quanto sinistro, The Conjuring. De repente a música embala e nos leva a uma mescla de velocidade e técnica que beira a perfeição. E a música assim segue até o final, com mescla de melodia e fúria, onde é quase impossível manter o pescoço parada. Em seguida temos a faixa título, com um baixo forte e marcante no inicio, e que seria uma marco na história da banda. Com uma letra impactante, com fortes criticas ao governo Americano, e uma groove única a música já estava fadada a virar um dos medalhões da banda.
Até agora tudo bem, mas conseguiria a banda segurar a peteca o álbum todo?
A resposta vem com Devils Island, música baseada no filme Papilon. Cadencia no inicio e um verdadeiro blitzkrieg sonoro pelo resto da música, com destaque especial para o trabalho da cozinha da banda, bateria e baixo em perfeita sincronia.
Emendada ao ataque sonoro a banda reduz a velocidade com a intro Good Mourning, mas essa redução na velocidade dura pouco pois a banda logo mete o pé no acelerador com a música Black Friday, guitarras esmerilhando num som frenético e Samuelson mais uma vez espancando sua bateria sem dó.
A esse ponto pescoços já doem, até então a façanha de superar os obstáculos já tinha sido derrubada. Então a banda, vem num tom mais conservador, para não dizer que estamos frente a uma música fraca. Bad Omen é boa, tem seus momentos, bem trabalhada mas em pontos destoa das músicas anteriores.
Será que a peteca tinha caído? Não, apenas um leve escorregão.
A banda traz a seguir um cover de Willie Dixon. A mescla das guitarras ardidas num tom blueseiro é de fazer o queixo cair, especialmente quando no meio da música a velocidade frenética volta, para depois voltar perfeitamente no tom de blues e fazer com que um cover soasse melhor que a versao original.
Pronto, provaram e conseguira. Podemos finalizar?
Claro que não amigos, pois ainda está por vir o melhor. Seguiram a risca o lema “Save The Best For Last”.
My Last Words começa, um dedidalho de guitarras de fazer arrepios todos os pêlos do corpo. O que vem a seguir? Adivinhem? Outra explosão alucinante da banda, com uma letra um tanto comentada na época, e até os dias de hoje, por tentarem dizer que faz apologia ao suicido, na verdade é apenas uma das várias letras do Mustaine querendo passar ao seu público o modo selvagem como vivia. E selvagem é tudo o que essa música é. Mustaine cantando a plenos pulmões e a banda fazendo seu trabalho, e muito bem feito, com um solo de guitarra de Poland perfeito, com uma pegada NWOBHM a música então prossegue até terminar fortemente em um coro, que novamente erriça os pêlos de qualquer mortal. Não deixe de escutar este disco, e de ouvir Mustaine em seu momento mais exuberantemente diabólico. Compre de olhos fechados.
Faixas :

Data de lançamento:
19/09/1986


Produzido por: Dave Mustaine e Randy Burns
Engenharia: Casey McMackin e Randy Burns
Mixado por: Paul Lani, com assistência de Stan Katayama
Gravado no: The Music Grinder, L.A., CA
Mixado no: Can-Am Recorders, Tarzana, CA
Arte da capa: Edward j. Repka
Idéia da arte da capa: Dave Mustaine and Andy Somers


Gravadora:
Combat Records/Capitol Records


Formação:
Dave Mustaine: Vocal, Guitarra
Chris Poland: Guitarra
David Ellefson: Baixo, Vocal de fundo
Gar Samuelson: Bateria







terça-feira, 19 de julho de 2011

Discos que Marcaram a Minha Vida - Barão Vermelho - Carnaval - 1988



O ano era 1988, eu tinha 11 anos e  meu irmão e um primo que curtiam rock nesta época , e me puseram pra ouvir aqueles rock´s com eles , e a turma que frequentava o famoso quarto deste meu primo. Bons tempos eram aqueles em que nos reuníamos, e degustavamos além da coleção do meu primo e as dos amigos que apareciam por lá, e por meio deste convívio fui apresentado ao Barão Vermelho, me identificando rapidamente com o som dos caras , na época curtia Rolling Stones e na minha humilde opnião eles eram os Stones brasileiros. E esse disco foi um dos 1° contatos que tive com a banda e em particular um dos melhores álbuns lançados pela banda sem o festejado vocalista Cazuza. E aí mesmo é que moraria o perigo, pois como continuar sem o vocalista original da banda e ainda ter de lançar álbuns de sucesso, pois na época o Barão já tinha um reconhecimento de crítica e público com o hit Bete Balanço que virou filme. Tendo permanecido por um tempo como um trio, e com o guitarrista , compositor e agora vocalista Frejat assumindo de vez as pontas da banda , O Barão optou por caminhar com as próprias pernas e acertou na mosca.
 Vale lembrar que, naquela época, o Barão Vermelho, quando muito, só conseguia se apresentar em feiras agropecuárias Brasil afora (o que Guto ironicamente chamou de “Barão rural”), e conseguia reunir um ou outro gato pingado. Ao chegarem para um show no interior do RJ, vendo que a fila de pessoas mal chegava a 100, Guto Goffi pensa: “Não dá pra cair mais. Ou é aceitar e morrer, ou bater o pé pra subir de novo”. Nesse clima, começaram as sessões do que viria ser o “Carnaval”.


Gravado em menos de três meses (Frejat, sobre esse disco: “disco bom é disco rápido”), com o auxílio de velhos amigos / parceiros como Arnaldo Antunes (Lente), Arnaldo e Paulo Miklos (Não me Acabo) e Humberto Gessinger (O que você faz a noite), a banda entrou com fome de bola, e saiu com um grande disco.
LENTE, com uma letra no melhor estilo Arnaldo Antunes, abre o disco e dá o tom: um rock visceral, beirando o hard, com a bateria marcando e as guitarras dando o peso. Emenda com o mega sucesso PENSE E DANCE. Seguida da pedrada “titânica” NÃO ME ACABO, outro grande momento.
 Dali pra outro show de suíngue, O QUE VOCÊ FAZ A NOITE, parceria entre Dé e Humberto Gessinger (Engenheiros do Hawaii), em que a percussão faz a festa (cortesia do então “convidado” Peninha).

Fechando o lado “A” (saudades do vinil!) a balada NUNCA EXISTIU PECADO, que peca pela letra pouco original, apesar do bom arranjo.
O lado ”B” inicia com a empolgação de COMO UM FURACÃO, daquelas pra acordar no sábado de manhã com um sorriso largo na cara – ainda mais que é sucedida por QUEM ME ESCUTA, rockão dos bons que segue na linha mais “alegre”.
A coisa pesa com a stoneana (no sentido rock da coisa) SELVAGEM, com sua letra falando até em casacos de couro com armadura contemporânea.
A faixa título CARNAVAL é outro momento que a cozinha rítmica do Barão deixa levar.
A letra amada OU odiada do poeta Chacal dá uma imagem de um carnaval surreal, mas ainda assim convidativo.
Fecha o disco uma antiga parceria com Cazuza, o ROCK DA DESCEREBRAÇÃO, com uma letra irônica e bem feita, com uma avalanche sonora. Um final rock and roll para um autêntico disco de rock and roll.
Cru e pesado, emulando ora Stones, Clash e até mesmo Santana dos bons tempos, é um disco capital tanto na carreira do Barão como do rock nacional – da época em que sobravam bons discos no rock brasuca, e nem todos eram meras variações sobre o mesmo tema. Ou como diz a letra de Lente: “depende do ponto de vista; depende do ângulo certo”. Disco para toda a vida.

domingo, 17 de julho de 2011

Yes - DVD Symphonic Live - 2002



Com o passar dos anos, e no caso do Yes, algumas décadas, chega-se a um momento de uma tomada de decisão, o momento em que  é a hora de se reinventar e eu acredito que este álbum, "Symphonic Live" que foi lançado em 2002, possa ser fruto desta teoria. Levando-se em conta o longo período muito conturbado que a banda passou a partir da década de oitenta, com uma sucessão de entradas e saídas de músicos, brigas judiciais intermináveis, um verdadeiro "Inferno de Dante", fora isto, o peso da idade da banda e associado à flutuação dos movimentos musicais de curta duração, dada a sua inconsistência e fragilidade musical sempre tiveram um efeito nefasto sobre o rock progressivo.


Gravado em uma noite de novembro de 2001 em Amsterdã durante a tour do album Magnification, o show do lendário grupo prog Yes é soberbo. Acompanhados pela European Festival Orchestra, composta de jovens músicos.Jon Anderson (vocais), Chris Squire (baixo), Alan White (bateria), Steve Howe (guitarra) e o agregado Tom Brislin (teclados) fizeram uma noite de gala. O Show é muito bem filmado em um belo teatro lotado com um palco bem jeitoso com o fundo representando uma noite estrelada; impressiona também a quantidade de parafernália instrumental que o grupo utiliza.
YES-Band

 O Yes já tinha tido uma experiência com orquestra em 1969, quando gravaram "Time and a Word", porém apenas isso,o que gerou certo receio em relação ao show: será que eles conseguirão incluir a orquestra como um membro da banda sem apagar as qualidade individuais de cada músico? A resposta é um claro e uníssono "sim".A qualidade de som é a melhor possível, límpida e cristalina, evidenciando a voz afinadíssima de Anderson. O repertório escolhido é muito bom, com direito aos clássicos épicos quilométricos "Close to The Edge" (que abre o show), "Gates of Delirium" (com a orquestra dando uma nova dimensão à parte experimental ) e a sensacional "Ritual"; todas executadas na íntegra. As músicas novas "Don't Go", "In the Presence Of" e "Magnification", se não chegam ao nível das dos anos 70, são bem agradáveis de se escutar, especialmente a última com uma belíssima introdução de violino.
Steve Howe faz um solo de violão na metade da apresentação de fazer cair o queixo, provando que ele é sim um dos melhores gutarristas.





O show inicia com "Close to the edge",de uma maneira que eu nunca vi antes, o som ficou mais carregado, mais preenchido, Steve Howe e Alan White em sintonia perfeita,muita animação da orquestra, tempos perfeitos, e os sempre belos vocais de Anderson;a odisséia chega com "Long Distance Runaround",também muito bem executada, belíssima música; o show prossegue com duas faixas do "Magnification":"Don't go"e "In the presence of",atingindo o clímax com a próxima música, que retrata os males da guerra,"Gates of Delirium"!!!Sensacional, não consigo exprimir em palavras o que é presenciar essa música orquestrada,é uma sinestesia,ela já possuía um sentido,uma essência bem definidas,mas com a orquestra voce visualiza o campo de batalha,os oponentes, a derrota, a alma, a vitória,essa faixa já vale todo o DVD,sem exageros.
Após essa inigualável apresentação,somos agraciados com o "concerto emD maior,segundo movimento(vivaldi)" e "Mood for a day"calculadamente perfomados por Howe.
O show prossegue com "Starship trooper","Magnification", "And you and I", "Ritual" (grande performance), "I've seen all good people", "Owner of a lonely heart"e "Roundabout".
É um show espetacular,vale a pena conferir.Compre de olhos fechados.

MÚSICOS:
Alan White / drums, percussion
Chris Squire / bass, vocals
Jon Anderson / vocals, guitars
Steve Howe / guitars, vocals
Guest:
Tom Brislin / keyboards

TRACKS:
Disc one
1 "Overture"
2 "Close to the Edge"
3 "Long Distance Runaround"
4 "Don't Go"
5 "In the Presence Of"
6 "The Gates of Delirium"
7 "Steve Howe Guitar Solo (Mood For a Day)"
Disc two
1 "Starship Trooper"
2 "Magnification"
3 "And You and I"
4 "Ritual"
5 "I've Seen All Good People"
6 "Owner of a Lonely Heart"
7 "Roundabout"

sexta-feira, 15 de julho de 2011

King Crimson - Discipline



"Discipline" é um album que inicia sem sombra de dúvidas uma nova etapa do King Crimson, mas não foi feito tão a toa. Em setembro de 1.975 quem acompanhava o King Crimson talvez não imaginaria que Robert Fripp decretasse o "fim" da banda e boa parte do público sendo surpreendido por tal efeito. "Red" (1.975) seria o último album de estúdio lançado pelo grupo que era até então um quarteto (e não um trio como muitas pessoas afirmam, pois se Peter Sinfield o letrista original da banda era um integrante a partir da fundação do King Crimson e do album "In the court of the Crimson King" (1.969), por que então Richard Palmer-James letrista a partir de "Larks´ tongues in aspic" (1.973) também não seria?) com alguns convidados sendo Ian McDonald até um deles e o violinista David Cross.
Este album "Discipline" (assim como a trilogia dos anos 80 do King Crimson) é bem possível que Fripp premeditou aquilo que foi gravado durante a sua carreira de artista solo anos antes porque se o ouvinte que já conhece o artista pode prestar com muita observação os trabalhos solo do guitarrista verá como tem muito a ver na música do King Crimson em seus anos 80 (e a partir dos anos 90).
Antes que surgissem como King Crimson, se denominaram "Discipline" e até então faltava o baixista sendo o primeiro nome a ser indicado foi Jeff Berlin sugerido por Bruford já que este havia estado com o baterista em seus trabalhos solo, Fripp se entusiamou com o mesmo mas o seu estilo não era o que Fripp ainda desejava; ele queria se certificar de ter uma qualidade certeira pessoal com relação ao baixista escolhido e daí no terceiro dia de audiências da escolha do profissional, surgiu Tony Levin. Levin era um ativo músico de estúdio e sessões e um de seus últimos trabalhos na época era do ex-The Beatles, John Lennon junto com a companheira Yoko Ono em "Double Fantasy" gravado em 1.980 e o último por sinal da carreira de Lennon antes que ele sofresse o atentado de um fanático que lhe causou sua morte em dezembro daquele ano nos Estados Unidos. O baixista também não era desconhecido por Fripp porque curiosamente estreiou no mesmo trabalho de estréia de Peter Gabriel em 1.977 e no solo de Fripp "Exposure" e sua experiência ainda contava com músicos muito conhecidos desde o jazz até o pop como Judy Collins, Deodato, Herbie Mann, Carly Simon, Paul Simon e Alice Cooper, uma experiência sem fronteiras para muitos.
Com a formação completa esses quatro músicos se apresentam como "Discipline" mas ainda entre eles estavam um tanto incomodados com este nome porque Belew e Levin sendo americanos não se sentiam bem com um nome destes no país de nascença e Bruford ainda tinha a emoção da época quando estava na banda nos anos 70 com o que tocava naquela banda; por outro lado Fripp (o "chefe" do grupo) batia os pés no chão para ter algo inovador em sua nova fase de carreira que não fosse o nome de King Crimson, mas atende ao pedido dos outros companheiros e eis que então surge a imprensa e ao público na metade de 1.981 o esperado grupo depois de anos de ausência separado por duas palavras: King Crimson.



A capa foi feita pela coordenação do artista plástico Peter Saville que trabalhou muito com músicos dos anos 80 especialmente como "New Order", "Joy Division" e outros como "Roxy Music", "Pulp" e "Suede". Mesmo sendo com a EG Records, o desenho da capa que no caso um emaranhado de cordões serviu futuramente como um símbolo de elaboração da gravadora DGM, além de é claro o próprio nome do album neste caso (Discipline Global Mobile, sendo Robert Fripp inclusive um dos fundadores). Outro detalhe da capa, a cor, pois o último album de estúdio da banda era "Red", que significa "vermelho" e neste trabalho a cor é totalmente em vermelho, e o mais curioso ainda é que na trilogia dos 3 albums dos anos 80 do King Crimson, as capas foram projetadas completamente com simples desenhos frontais e com frentes e versos de cores vermelho, azul e amarelo respectivamente, ou seja as cores primárias utilizadas na arte de colorir algo.
O King Crimson fez certeiramente uma música que retrata o que seria os anos 80, graças a filosofia pensada por Robert Fripp durante a época em que manteve a banda ociosa ocupado com sua carreira solo. Este trabalho inicia uma das formações mais respeitadas e admiridas pelos fãs do King Crimson que inclusive consideram uma das melhores até então feita desde o album de estréia "In the court..." por mais que este citado anteriormente tem uma das formações mais marcantes de uma outra época, mas "Discipline" é de fato uma marca registrada de música inovadora que em alguns casos de pessoas que até são adeptos da música punk se cativam pelo King Crimson neste período sem ter um conhecimento sequer do que a banda fora nos anos 70 o que com o tempo esses admiradores acabam adorando a banda mesmo no início de carreira, mas tendo centralizado a época desta trilogia sendo a melhor impreterivelmente pois a sonoridade está muito relacionada entre um período após o punk e o new wave.
Apesar de possuir apenas pouco mais de 35 minutos de duração com músicas simples, são muito bem estruturadas, elaboradas, criativas, interessantes e dançantes. Para aquelas pessoas que conhecem o termo rock progressivo estranharia serem dançantes, mas realmente é possível em quase todas as faixas assimilar o que acontecerá na trilha inteira durante os primeiros 30 segundos o que praticamente a sonoridade permanecerá até o encerramento da mesma razoalvelmente repetitiva e justamente o que faz tornar o King Crimson é a inovação especialmente da percussão de Bruford, um dos pontos fortes dos anos 80 no King Crimson pois o baterista foi um dos primeiros bateristas de bandas progressivas sinfônicas da época a utilizar o kit de baterias e percussão eletrônica e deve ser ressaltado que esses instrumentos não são o mesmo que percussão eletrônica que existem em samplers e teclados sintetizadores pois neste caso algum músico (que é no caso Bruford) toca os instrumentos (e ainda assim tem sonoridade ao fundo das faixas com a presença de baterias e percussão acústicas, embora fortemente presente as do tipo eletrônicas) e não simplesmente alguém que aciona botoeiras e não exista fisicamente um baterista.
O que ajudou a música se tornar dançante também foi Levin que quase sempre pela experiência vivida antes da banda possuia uma complexa capacidade competente de fazer ritmos dançantes de uma forma muito discreta especialmente nas apresentações com seu baixo e Chapman Stick (é um instrumento elétrico com 5 cordas superiores tocadas pela mão direita e 5 cordas inferiores tocadas com a mão esquerda envolvendo técnicas que envolvem elementos de sonoridade tanto de guitarra e teclados quando os dedos do músico direcionam contato com as cordas fazendo notas dobradas, osciladas como da técnica de um violão sendo capaz de produzir uma ordem extensa e ampla de timbres).



"Elephant talk" - em 1.968, Fripp gravou uma faixa com o GGF no album "The cheerful insanity of Giles, Giles & Fripp" chamada "Elephant song" e o mais curioso o nome das faixas retratarem o animal elefante no caso do GGF é o trombone que induz o ruído do animal; aqui Belew é o responsável que retrata ruídos com efeitos sonoros lembrando também um elefante. Diferente da música sim daquela ocasião que obviamente era muito acústica e esta já em seus primeiros segundos de duração o ouvinte pode começar a acostumar com a estréia da música do King Crimson que irá começar uma outra era, um novo tempo, uma nova marca registrada da banda é só reparar no baixo de Levin e a bateria de Bruford. A letra de Belew é interessante pois ele cria vários sinômimos da palavra "talk" e em cada refrão (que no caso são 5) ele recita palavras que no primeiro refrão iniciam com a letra "A", no segundo refrão iniciam com a letra "B" até o quinto e último que iniciam com a letra "E", isso sem contar que parece que ele dita as letras como se estivesse conversando normalmente em 5 situações diferentes. Destaque para os acordes da guitarra de Fripp, são muito bizarros.
"Frame by frame" - se tornou o nome da caixa de uma coletânea da banda em 1.991. Robert Fripp não abriu mão de trazer algo que foi feito em seus trabalhos solos e os rápidos acordes (que parecem ter sido de uma forma programada) são quase os mesmos que estão na faixa "The Zero of the signified" no album "God save..." (1.980) e regravado em "God save the King" (1.985) como a faixa-título pelo "The League of Gentlemen" e os ritmos simultâneos e a constante mudança de notas da guitarra de Fripp entre 6 e 7 tempos com os acordes tocados em 7/8 de Belew além de se alterarem, crescem a cada compasso. Alguns críticos técnicos da arte da guitarra consideram que Fripp se incentivou com a experimentação da arte feita por Robert Reisch. Detalhe: o guitarrista Steve Hillage (ex-Gong) também gravou uma faixa com este mesmo nome no album "For to next and not or" (1.983) embora seje também gravada numa sonoridade eletrônicamente, mas um tanto diferente desta que possui minúsculas letras e tem o apoio dos vocais de Levin.
"Matte Kudasai" - além de ser a menor faixa do trabalho com pouco menos de 4 minutos, é a "balada" do album, muito bela e bonita, com uma melodia também suave e tranquila ao longo da faixa inteiramente num estilo bem blues e geralmente na grande maioria das apresentações não fica de fora do set-list. Os arranjos e a sonridade desta faixa foram descaradamente baseados na faixa "North star" do album solo de Fripp em "Exposure" (1.979), mas até ai que é que vai se incomodar com este detalhe? Para quem não sabe o nome da faixa quer dizer "Por favor, espere" em japonês. A guitarra de Fripp parece mais do que "celestial" e "flutuante" enquanto que o vocal pop de Belew procura se "enganchar" nos ouvidos dos ouvintes como por exemplo, na frase "she waits in the air, matte kudasai" algo jamais até então naquele momento feito pelo King Crimson (e olhe que isso já é nos anos 80 !!!!!). Belew fez inclusive as letras especialmente se baseando numa composição poética com intenção de ser recitada para a sua esposa. A edição em CD possui uma outra versão.
"Indiscipline" - é a faixa que mais se diferencia de todas as demais. Diferencia porque como citado anteriormente, o ouvinte não consegue ter noção de adivinhar no que ocorrerá por 30 segundos porque a faixa está dividida em outros temas. É uma das faixas mais agressivas inclusive do trabalho e novamente tem alguns momentos que foram retirdados também do album "Exposure" de Fripp em faixas como "Breathless", "Disengage" ou "NY3" e facilmente chama atenção daquelas pessoas que gostam de uma sonoridade hard-rock em especial, claro que baseado com a tecnologia que o King Crimson investiu naquele início de anos 80 e por outro lado mostra o lado um tanto "dramático" da sonoridade como um todo e especialmente a de Belew ao recitar as letras; no que será que ele estava preocupado conforme citava as letras? Claro que tem algumas etapas da faixa que são muito tranquilas, mas repentinamente se tornam muito selvagens. Alguns fãs do King Crimson também não entendem porque esta faixa até está neste album e não no "Three of the perfect pair" (1.984) que tem um pouco a ver, além de ser posteriormente da faixa "Matte Kudasai" que é mil vezes mais tranquila do que esta, mas isto são coisas mesmo de músico quando gravam e deixam seus "rastros" de mistérios e polêmicas. A resposta fica por conta da opinião do ouvinte que não conhece esta música e encerra repentinamente a faixa de vez com uma seguinte frase sendo citada: "I like it".
"Thela Hun Ginjeet" - esta é talvez considerada uma das faixas mais "dançantes" e com a melodia exclusivamente repetitiva do início ao fim com aproximadamente 6:30 de duração e um destaque sem sobra de dúvida para Bruford que mesmo sendo editada pela percussão eletrônica dá uma leve impressão que existem 2 bateristas tocando. Para aquelas pessoas que só adoram dançar em disco-clubs sem se preocupar quem é o artista que toca no momento, provavelmente iriam adorar uma faixa que no fundo tem ainda o seu lado acústico como música, sem ter noção inclusive de uma banda que é no caso o King Crimson, e que fez adeptos entregarem seus ouvidos desde o final dos anos 60 dando uma atenção muito grande com o grupo. Esta faixa também foi baseada certamente quando Robert Fripp lançou na época em 1.981 o album com a banda new wave, "The League of Gentlemen" em faixas como "Heptaparaparshinokh" ou "Eye needless" e foi baseada num anagrama de "Calor na selva", mas de uma maneira geral a música tem bem um estilo étnico. Belew canta letras muito sem significado e a parte do qual durante o trecho solo da faixa as letras são citadas de maneira em forma de conversação normal que aparenta dizer uma anedota estranha sobre a sua própria gravação dos sons numa rua e um policial o prende por um movimento suspeito. Durante a parte solo Fripp faz efeitos sonoros com a guitarra que lembram os idênticos feitos na faixa "Lead a nomral life" do vocalista Peter Gabriel em "Peter Gabriel III" (1.980).
"The sheltering sky" - é a maior faixa do album com quase 8:30 minutos de duração e a maior inclusive da trilogia dos anos 80 do King Crimson. Instrumental, é considerada uma das mais tranquilas melodias deste trabalho e muito difícil de encontrar alguma banda que gravou uma melodia do tipo parecida. Alguns fãs do King Crimson acredita que esta faixa tem mais a ver com o album seguinte, "Beat" (1.982). O King Crimson cria um ambiente sonoro muito bonito e por outro lado um tanto misterioso como se parecesse que é um passeio numa canoa passeando num rio muito calmo e silencioso. Bruford se manteve o mais discreto possível para que faixa saisse da maneira como foi finalmente editada e o que está presente é mais a percussão do que as baterias. Levin também cria impressionantes melodias sonoras com o Stick ao longo da faixa sendo que se não bastasse temos Fripp que curiosamente com sua guitarra cria uma melodia que lembra muito o som feito por um trompete e fazendo a música tornar-se mesmo com toda a sua tranquilidade desde o início ao fim tendo uma sonoridade também jazzística.
"Discipline" - instrumental também, olhe o que virou essa palavra; a faixa-título do trabalho e o nome que seria a banda se não fosse com o nome de King Crimson. Nos anos 90 se tornaria o nome de uma outra banda de tipo Neo-prog. Fripp já tinha explorado uma melodia deste tipo em faixas dos albuns "Let the power fall" (1.981) e "God save..." (1.980), mas aqui neste caso foi incluso para "incrementar" a melodia a percussão de Bruford e os toques de baixo de Levin é só ouvir atentamente as referências. As guitarras de Fripp e Belew estão muito emparelhadas sobre o ritmo de 4/4 e 5/8 e por sinal muito unidas mas ainda assim percebe-se a complexidade estrutural do que ela acabou sendo editada na gravação podendo ser considerado para os guitarristas um excelente exercício técnico mesmo com toques dedilhados constantemente mui
to
repetitivos. Disco para toda a vida.
Produzido e Gravado na Inglaterra em 09/1981.
Banda :
Adrian Belew - Vocais e Guitarras
Robert Fripp - Guitarras Elétricas , Acústicas e Frippertronics
Tony Levin - Baixo, Stick e Backing Vocals
Bill Bruford- Bateria e Percussão Eletrônica

quarta-feira, 13 de julho de 2011

AC/DC - If You Want Blood You´ve Got It




Literalmente, o AC/DC consegue que em poucos minutos de música empolgue uma multidão de fãs ao redor do mundo, o que não ocorre com uma série de outros grupos. Lançado em 1978 , e sendo o 1° registro ao vivo da banda e o último produzido pela dupla Harry Vanda e George Young  responsáveis pela discografia da banda até aqui , a dupla conseguiu com maestria captar o que de melhor aconteceu durante a Powerage Tour e deixou para a história do rock o registro definitivo do Inimitável Bon Scott em cima do palco.
Ao comentar este petardo, faz-se necessário defini-lo como sendo puro rock, na veia! Foi um álbum que festejou os cinco primeiros trabalhos da banda, na seguinte ordem: High Voltage, T.N.T, Dirty Deeds Done Dirt Cheap, Let There Be Rock e Powerage. De cara a capa encanta as retinas com Angus agonizando com sua Gibson SG cravada no abdômen e amparado por Bon. E na contracapa Angus novamente com o braço da guitarra fincado nas costas e seu inseparável boné com a letra  A estampado.


De início, temos a super badalada Riff Raff, com Angus Young executando um dos riffs mais poderosos da história do rock and roll; somando-se a isso, Bon Scott solta seu vocal nervoso, rouco e enlouquecido. Logo após, temos um hit muito famoso que é Hell Ain’t A Bad Place To Be, com uma pegada que se destaca por estar melhor do que em estúdio - aliás, esta é uma característica presente em quase todas as músicas, para não dizer que é geral. Para incendiar a pobre platéia presente neste show, nada melhor do que a potentíssima Bad Boy Boogie, onde Angus Young ataca a platéia como ainda o faz, ou seja, estabelecendo um diálogo entre sua guitarra e as pessoas presentes - realmente incrível!Continua com a sacana e blueseira The Jack,( com uma letra digamos mais safada ) cantada por todos com uma empolgação absoluta; além disso, Bon Scott mostra uma raça fora do absurdo ao interpretar esta canção. Mas não paramos por aqui, como é típico em se tratando de
AC/DC, pois damos de cara com outro hit incontestável, que se chama Problem Child; a energia emanada de toda a banda é o destaque especial, bem como sua interpretação ao vivo, soando fiel ao som de estúdio - isto é uma marca registrada. Quando já não sabemos mais o que esperar, vem justamente uma das canções mais rock and roll existentes em toda a história do estilo, ou seja, Whole Lotta Rosie; impressionante como percebemos que o sentimento ao escutá-la é o de estarmos presentes dentro do show - If You Want Blood You’ve Got It é todo assim, tenham certeza! Já Rock‘n’Roll Damnation se afirma como um som marginal, com uma batida empolgante e excelente performance. Com High Voltage, Let There Be Rock e Rocker, enfim, finaliza-se um álbum poderoso, cujo principal atrativo é o de se sentir dentro do próprio espetáculo. Atualmente podemos dizer que tal façanha está se tornando rara. Tudo isso sem contar que essas canções ao vivo passaram a ter mais energia do que as originais de estúdio.
Vale dizer que a produção está excelente, considerando-se a época.
Pode até ser que If You Want Blood You’ve Got It seja curto e que pudesse apresentar mais músicas, mas isso não o diminui, em hipótese alguma.
Portanto, se você se considera um tremendo fã de rock, não deixe de ouvir este álbum, de uma excelente banda, que vem impressionando o mundo a cada novo trabalho.Disco para toda vida.



sábado, 2 de julho de 2011

Aerosmith - ROCKS



Depois de 6 anos de estrada e 3 discos lançados, a banda progrediu para o seu  ápice musical.   Quando o Aerosmith lançou o disco ROCKS , foi recebido com atenção pela crítica americana, afinal o disco anterior, TOYS IN THE ATTIC (1975) já havia feito um estardalhaço no país com petardos como "Sweet Emotion" e "Walk this Way" (um dos riffs de guitarra mais marcantes da história). E logo todos perceberam que ROCKS era a pérola definitiva da banda.



Logo no início, Joe Perry faz a guitarra cavalgar no melhor estilo velho-oeste em "Back in the Saddle", a marcação pesada da bateria de Joey Kramer permite que Brad Whitford e Tom Hamilton mantenham um ritmo forte para que Perry e seus riffs mantenham você preso num pesadelo de cowboy, onde somos acordados sob a voz de Steven Tyler que berra maravilhosamente em seu final.
Saindo do clima "Texas", a seguir um outro clássico ... quando a introdução nos ameaça aquela balada, de repente ouve-se como um trovão o baixo de Tom Hamilton, numa deliciosa batida funkeada. Sim, eis que surge "Last Child" a maravilhosa canção que faz com que suas pernas saiam dançando
sem lhe dar satisfações. Quem brilha aqui é Brad Whitford.
Agora é vez do corpo todo se mexer... a heavy-punk "Rats in the Cellar", a terceira faixa do disco, entra na sua mente sem pedir licença. A sirene policial que se ouve no início poderia facilmente ser trocada pela de uma ambulância, dada a insanidade da música. "Rats in the Cellar" é uma canção suja e veloz que retrata os tempos de pobreza em NYC. Após esse tapa no ouvido, o que se ouve é "Combination", escrita por Joe Perry, esse música é mais 'alternativa' do disco e fecha o lado A com suas guitarras flamejantes, uma música onde você fecha os olhos e viaja... morria aqui o lado A da bolacha.
"Sick as a Dog" é a música mais experimental do disco, onde os integrantes chegam a trocar de intrumentos. Joe Perry toca baixo, Tom Hamilton assume a guitarra base e Brad Whitford detona na solo. No final (depois daquela paradinha no dedilhado), Steven Tyler assume o baixo e Joe Perry retoma seu lugar pra um final com 3 guitarras... êxtase! Tornou-se um clássico underground da banda.
Falando em clássico ... quem não naum conhece certamente irá levar um susto quando ouvir "Nobody's Fault". Depois de uma introdução misteriosa e quase insonora, ouve-se uma paulada ! É aí que o inferno começa, essa é uma das músicas mais pesadas da banda. Uma paulada que fala sobre um sentimento de culpa, Joe Perry esbanja vigor e harmoniosidade enquanto Brad Whithford dá tanto peso como se o culpado por algo fosse ele e Joey Kramer espanca todos os pratos da bateria. Mais um vez
o vocal maravilhoso de Steven Tyler A sétima faixa é "Get the Lead out". Uma batida mista de swing e peso hard-rock, onde Tom Hamilton dá mais uma mostra do peso de seu contra-baixo.
No lado B a hora de dançar é quando começa "Lick and Promise". Oh Deus! Seu rádio vai sair pulando, sua cabeça vai fazer movimentos involuntários para cima e para baixo, sua mãe vai lhe perguntar "Que artista é esse?" ... sim essa é "Lick and Promise", um boogie-hard rock que arrepia, uma música que parece ter sido crida a bordo de uma montanho russa. Energia pura, mr.Tyler!
Quando os ouvidos já ameaçam sangrar, e você quer repetir tudo, mas sabe que não irá lhe fazer bem, surge o remédio: uma balada! Claro, uma balada! "Home Tonight" é uma rock-ballad das boas, faz o papel que "You See me Crying" fez no disco anterior. Porém, mais direta, é também onde Joe Perry mais uma vez se deleita preenchendo o vazio do seu coração com riffs harmoniosos...
Infelizmente o disco acaba!
Isso é ROCKS, o disco que definitivamente  entra em qualquer lista de Hard/Heavy que se preze.