O ano era 1988, eu tinha 11 anos e meu irmão e um primo que curtiam rock nesta época , e me puseram pra ouvir aqueles rock´s com eles , e a turma que frequentava o famoso quarto deste meu primo. Bons tempos eram aqueles em que nos reuníamos, e degustavamos além da coleção do meu primo e as dos amigos que apareciam por lá, e por meio deste convívio fui apresentado ao Barão Vermelho, me identificando rapidamente com o som dos caras , na época curtia Rolling Stones e na minha humilde opnião eles eram os Stones brasileiros. E esse disco foi um dos 1° contatos que tive com a banda e em particular um dos melhores álbuns lançados pela banda sem o festejado vocalista Cazuza. E aí mesmo é que moraria o perigo, pois como continuar sem o vocalista original da banda e ainda ter de lançar álbuns de sucesso, pois na época o Barão já tinha um reconhecimento de crítica e público com o hit Bete Balanço que virou filme. Tendo permanecido por um tempo como um trio, e com o guitarrista , compositor e agora vocalista Frejat assumindo de vez as pontas da banda , O Barão optou por caminhar com as próprias pernas e acertou na mosca.
Vale lembrar que, naquela época, o Barão Vermelho, quando muito, só conseguia se apresentar em feiras agropecuárias Brasil afora (o que Guto ironicamente chamou de “Barão rural”), e conseguia reunir um ou outro gato pingado. Ao chegarem para um show no interior do RJ, vendo que a fila de pessoas mal chegava a 100, Guto Goffi pensa: “Não dá pra cair mais. Ou é aceitar e morrer, ou bater o pé pra subir de novo”. Nesse clima, começaram as sessões do que viria ser o “Carnaval”.
Gravado em menos de três meses (Frejat, sobre esse disco: “disco bom é disco rápido”), com o auxílio de velhos amigos / parceiros como Arnaldo Antunes (Lente), Arnaldo e Paulo Miklos (Não me Acabo) e Humberto Gessinger (O que você faz a noite), a banda entrou com fome de bola, e saiu com um grande disco.
Dali pra outro show de suíngue, O QUE VOCÊ FAZ A NOITE, parceria entre Dé e Humberto Gessinger (Engenheiros do Hawaii), em que a percussão faz a festa (cortesia do então “convidado” Peninha).
Fechando o lado “A” (saudades do vinil!) a balada NUNCA EXISTIU PECADO, que peca pela letra pouco original, apesar do bom arranjo.
O lado ”B” inicia com a empolgação de COMO UM FURACÃO, daquelas pra acordar no sábado de manhã com um sorriso largo na cara – ainda mais que é sucedida por QUEM ME ESCUTA, rockão dos bons que segue na linha mais “alegre”.
A coisa pesa com a stoneana (no sentido rock da coisa) SELVAGEM, com sua letra falando até em casacos de couro com armadura contemporânea.
A faixa título CARNAVAL é outro momento que a cozinha rítmica do Barão deixa levar.
A letra amada OU odiada do poeta Chacal dá uma imagem de um carnaval surreal, mas ainda assim convidativo.
Fecha o disco uma antiga parceria com Cazuza, o ROCK DA DESCEREBRAÇÃO, com uma letra irônica e bem feita, com uma avalanche sonora. Um final rock and roll para um autêntico disco de rock and roll.
Cru e pesado, emulando ora Stones, Clash e até mesmo Santana dos bons tempos, é um disco capital tanto na carreira do Barão como do rock nacional – da época em que sobravam bons discos no rock brasuca, e nem todos eram meras variações sobre o mesmo tema. Ou como diz a letra de Lente: “depende do ponto de vista; depende do ângulo certo”. Disco para toda a vida.
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