Sabem aqueles discos que ouvimos e logo no início sentimos um "arrepio", como que antevindo que estamos diante de algo que vai passar a fazer parte de nossa vida? Pois é, foi isto que aconteceu comigo quando adquiri este CD, que a primeira vista me pareceu muito estranho, pois além da capa "pornográfica", tinha sido porcamente pirateado (sequer o nome das músicas aparecem creditadas na capa, só no selo do CD, que por sinal, foi gravado de um vinilzão cheio de chiados, sem perder o charme. Que discos desconhecidos são espetaculares, apresentam uma qualidade sonora e artística tão elevada que nos fazem pensar porque diabos as bandas que os gravaram não se transformaram em monstros sagrados e ícones incontestáveis de um estilo. Esse é o caso de "Volcanic Rock", segundo álbum do grupo australiano Buffalo, uma verdadeira jóia brilhante e reluzente, que passou anos perdida na poeira setentista.
Vamos encontrar entre 1966-67 o vocalista Dave Tice (que na realidade nasceu na Inglaterra) e o baixista Pete Wells tentando a sorte em diversas bandas na cidade de Brisbane (The Odd Colours, Strange Brew e The Capitol Show Band), que embora obtivessem algum êxito local, acabam sem deixar rastros. Ambos resolvem então, no início de 1968, montar o Head, que seria o embrião do Buffalo, ao lado de Neil Jensen (guitarra) e Steve Jones (bateria).
Decididos a tentar a sorte grande, o grupo resolve se mudar para Sydney em 1970; entretanto, Jensen e Jones não resistem às dificuldades de morar na metrópole e acabam caindo fora, sendo substituídos, respectivamente, por John Baxter e Peter Leighton (que vinham de duas bandas chamadas Mandala e Aftermath).Em 1971 o grupo faz seu registro fonográfico, com o compacto "Hobo"/ "Sad Song" e "Then" (uma raridade sem tamanho, pois até hoje não foi relançado em nenhum formato), e logo em seguida o baterista Leighton resolve sair da banda, sendo substituído por Paul Balbi, que trouxe consigo mais um vocalista, Allan Milano (também ex-integrante do tal de Mandala).
Decididos a tentar a sorte grande, o grupo resolve se mudar para Sydney em 1970; entretanto, Jensen e Jones não resistem às dificuldades de morar na metrópole e acabam caindo fora, sendo substituídos, respectivamente, por John Baxter e Peter Leighton (que vinham de duas bandas chamadas Mandala e Aftermath).Em 1971 o grupo faz seu registro fonográfico, com o compacto "Hobo"/ "Sad Song" e "Then" (uma raridade sem tamanho, pois até hoje não foi relançado em nenhum formato), e logo em seguida o baterista Leighton resolve sair da banda, sendo substituído por Paul Balbi, que trouxe consigo mais um vocalista, Allan Milano (também ex-integrante do tal de Mandala).
Foi aí que, graças ao então empresário do grupo, Mal Myles, eles decidem mudar de nome, pois, conforme Myles, além de Head ter uma certa conotação com drogas e sexo(!), ele achava que deveriam adotar algum nome que começasse com a letra B, afinal, bandas com esta inicial geralmente eram bem sucedidas (Beatles, Black Sabbath, etc). Não se sabe ao certo de onde surgiu a idéia de adotar o nome Buffalo, mas concretamente quem a propôs foi Milano.Talvez o empresário tivesse razão, pois em março de 1972 eles conseguem assinar contrato com ninguém menos que a lendária gravadora Vertigo (foi a primeira banda de fora da Inglaterra a conseguir tal feito), que tinha em seu cast gigantes como Uriah Heep e o próprio Black Sabbath.
Com isto, não demorou para registrarem seu primeiro trabalho, "Dead Forever", que sairia em maio de 1972, tendo sido precedido por um compacto com "Suzie Sunshine" e "No Particular Place to Go", esta última um cover de Chuck Berry que não foi editada no álbum. Ainda no mesmo ano mais um compacto, com "Just A Little Rock'N'Roll" e "Barberhop Rock", que também não constavam no LP (estes compactos são outras raridades imensas hoje em dia). Curiosamente, o "Dead Forever" chegou a ser relançado em 1991 tanto em CD quanto em LP pela Repertoire Records, mas ficou pouquíssimo tempo em catálogo, pois supostamente a gravadora alemã não detinha os direitos autorais - tanto que há uma certa controvérsia se ele teria sido ou não masterizado a partir de uma cópia em vinil, pois ouvindo-se atentamente com o fone de ouvido percebe-se alguns chiados meio característicos. Mas isso não foi o suficiente para manter a banda na ativa,e quase determinou o término da mesma. Mas em janeiro de 1973, o Black Sabbath fez uma turnê pela Austrália e a gravadora, que sabia ter um nome "de peso" (no sentido sonoro da coisa) naquele país, praticamente impôs a presença do Buffalo para abrir os shows, que foram batizados "The Clash of the Titans" e vendidos como sendo o máximo em experiência auditiva para fãs de heavy rock. Talvez por nacionalismo exarcebado ou motivos que não são conhecidos, a imprensa local teceu elogios imensos aos seus conterrâneos e não gostou muito do que apresentaram os ingleses (houve até um "crítico" que disse que o Sabbath é que deveria ter aberto o show!).
O fato é que parece que eles andavam realmente afinados ao vivo, pois cerca de duas semanas mais tarde abriram para o Slade e para o Status Quo, sendo novamente aclamados pela platéia. Como perceberam que o lance mesmo era tocar "alto e pesado", decidiram que iriam gravar um álbum com este direcionamento, e iniciam os ensaios. Neste meio tempo, Balbi sai da banda, e é substituído por Jimmy Economou, vindo do Mandala (mais um!).