segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Rock Raro - Buffalo - Volcanic Rock - 1973

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Sabem aqueles discos que ouvimos e logo no início sentimos um "arrepio", como que antevindo que estamos diante de algo que vai passar a fazer parte de nossa vida? Pois é, foi isto que aconteceu comigo quando adquiri este CD, que a primeira vista me pareceu muito estranho, pois além da capa "pornográfica", tinha sido porcamente pirateado (sequer o nome das músicas aparecem creditadas na capa,  só no selo do CD, que por sinal, foi gravado de um vinilzão cheio de chiados, sem perder o charme. Que discos desconhecidos são espetaculares, apresentam uma qualidade sonora e artística tão elevada que nos fazem pensar porque diabos as bandas que os gravaram não se transformaram em monstros sagrados e ícones incontestáveis de um estilo. Esse é o caso de "Volcanic Rock", segundo álbum do grupo australiano Buffalo, uma verdadeira jóia brilhante e reluzente, que passou anos perdida na poeira setentista.
 
Vamos encontrar entre 1966-67 o vocalista Dave Tice (que na realidade nasceu na Inglaterra) e o baixista Pete Wells tentando a sorte em diversas bandas na cidade de Brisbane (The Odd Colours, Strange Brew e The Capitol Show Band), que embora obtivessem algum êxito local, acabam sem deixar rastros. Ambos resolvem então, no início de 1968, montar o Head, que seria o embrião do Buffalo, ao lado de Neil Jensen (guitarra) e Steve Jones (bateria).
Decididos a tentar a sorte grande, o grupo resolve se mudar para Sydney em 1970; entretanto, Jensen e Jones não resistem às dificuldades de morar na metrópole e acabam caindo fora, sendo substituídos, respectivamente, por John Baxter e Peter Leighton (que vinham de duas bandas chamadas Mandala e Aftermath).
Em 1971 o grupo faz seu registro fonográfico, com o compacto "Hobo"/ "Sad Song" e "Then" (uma raridade sem tamanho, pois até hoje não foi relançado em nenhum formato), e logo em seguida o baterista Leighton resolve sair da banda, sendo substituído por Paul Balbi, que trouxe consigo mais um vocalista, Allan Milano (também ex-integrante do tal de Mandala).
Foi aí que, graças ao então empresário do grupo, Mal Myles, eles decidem mudar de nome, pois, conforme Myles, além de Head ter uma certa conotação com drogas e sexo(!), ele achava que deveriam adotar algum nome que começasse com a letra B, afinal, bandas com esta inicial geralmente eram bem sucedidas (Beatles, Black Sabbath, etc). Não se sabe ao certo de onde surgiu a idéia de adotar o nome Buffalo, mas concretamente quem a propôs foi Milano.Talvez o empresário tivesse razão, pois em março de 1972 eles conseguem assinar contrato com ninguém menos que a lendária gravadora Vertigo (foi a primeira banda de fora da Inglaterra a conseguir tal feito), que tinha em seu cast gigantes como Uriah Heep e o próprio Black Sabbath.

Com isto, não demorou para registrarem seu primeiro trabalho, "Dead Forever", que sairia em maio de 1972, tendo sido precedido por um compacto com "Suzie Sunshine" e "No Particular Place to Go", esta última um cover de Chuck Berry que não foi editada no álbum. Ainda no mesmo ano mais um compacto, com "Just A Little Rock'N'Roll" e "Barberhop Rock", que também não constavam no LP (estes compactos são outras raridades imensas hoje em dia). Curiosamente, o "Dead Forever" chegou a ser relançado em 1991 tanto em CD quanto em LP pela Repertoire Records, mas ficou pouquíssimo tempo em catálogo, pois supostamente a gravadora alemã não detinha os direitos autorais - tanto que há uma certa controvérsia se ele teria sido ou não masterizado a partir de uma cópia em vinil, pois ouvindo-se atentamente com o fone de ouvido percebe-se alguns chiados meio característicos. Mas isso não foi o suficiente para manter a banda na ativa,e quase determinou o término da mesma. Mas em janeiro de 1973, o Black Sabbath fez uma turnê pela Austrália e a gravadora, que sabia ter um nome "de peso" (no sentido sonoro da coisa) naquele país, praticamente impôs a presença do Buffalo para abrir os shows, que foram batizados "The Clash of the Titans" e vendidos como sendo o máximo em experiência auditiva para fãs de heavy rock. Talvez por nacionalismo exarcebado ou motivos que não são conhecidos, a imprensa local teceu elogios imensos aos seus conterrâneos e não gostou muito do que apresentaram os ingleses (houve até um "crítico" que disse que o Sabbath é que deveria ter aberto o show!). 
O fato é que parece que eles andavam realmente afinados ao vivo, pois cerca de duas semanas mais tarde abriram para o Slade e para o Status Quo, sendo novamente aclamados pela platéia. Como perceberam que o lance mesmo era tocar "alto e pesado", decidiram que iriam gravar um álbum com este direcionamento, e iniciam os ensaios. Neste meio tempo, Balbi sai da banda, e é substituído por Jimmy Economou, vindo do Mandala (mais um!).



O trabalho abre com "Sunrise (Come My Way)", uma faixa agitada que fará a alegria de quem ainda chama o hard rock de "rock pauleira". Destaque para o refrão, grudento e com belas linhas vocais de Dave Tice.
Já "Freedom", é uma tour de force com mais de nove minutos de duração, uma composição estupenda com uma longa introdução de guitarra de John Baxter.  Sobre um andamento cadenciado, Baxter evolui com suas guitarras, despejando frases e melodias arrepiantes. Tice só aparece lá pelos dois minutos e tanto, cantando de forma arrepiante. Sua voz soa áspera e crua na medida certa, transparecendo feeling e emoção. A cama criada pela bateria de Economou e pelo baixo de Wells sustentam os delírios guitarrísticos de Baxter, que em seu solo faz uso de feedbacks e demonstra grande criatividade e talento. Enfim, "Freedom" é aquele tipo de faixa que, ao mostrar para os seus amigos que curtem som, inevitavelmente você irá ouvir o termo "sonzêra" em suas avaliações.


O LP segue com "Till My Death", onde o destaque é o baixo de Pete Wells, bem na cara e repleto de distorção. O vocal de Tice também merece menção, e a faixa fechava o lado A do vinil em grande estilo.
O lado B de "Volcanic Rock" tem início com uma das melhores faixas do disco. "The Prophet" é outra composição cadenciada, mais ou menos na linha de "Freedom", com um riff repleto de groove de John Baxter.  A parte central tem mais um ótimo solo de Baxter, um guitarrista que possui um estilo muito mais focado naquilo que sente ao tocar uma canção do que na técnica propriamente dita. Aliás, essa observação não vale apenas para Baxter, mas se aplica com perfeição em toda a banda.



A dobradinha "Pound of Flesh / Shylock" fecha o álbum de maneira sublime. A primeira soa como uma sensacional jam instrumental entre os músicos. Com quase cinco minutos de duração, introduz "Shylock", um dos grandes sons do hard rock setentista. Dona de um riff cativante, a faixa é um rock pesado clássico, com ótimas linhas vocais e um refrão que não sai tão cedo da cabeça. Além disso, possui longas passagens instrumentais, em um exemplo quase didático de como um bom hard rock deve soar. Pura magia em uma composição antológica!
Indiscutivelmente, "Volcanic Rock" é um dos trabalhos mais consistentes e impressionantes do hard rock setentista. O entrosamento do quarteto, aliado à qualidade das composições, resultou em um disco excelente.
A capa do disco causou controvérsia quando o play chegou às lojas. A ilustração, mostrando um homem nu sobre uma montanha prestes a entrar em erupção, segurando uma rocha flamejante e flexível que lembra - e muito - o formato de um pênis, levou a inevitáveis interpretações e conclusões sobre o seu real sentido, fazendo com que vários lojistas se recusassem a expor e a vender o disco.
Ao longo dos anos, "Volcanic Rock" ganhou algumas reedições interessantes. O LP original, lançado pela Vertigo australiana em 1973, é objeto de desejo entre os colecionadores do cultuado selo.  E, mais recentemente (em 2005), a também australiana Aztec colocou no mercado um CD remasterizado, em embalagem digipack, que, além das faixas adicionais, traz duas bônus tracks: a versão editada de "Sunrise (Come My Way)", lançado como single em 1973 para promover o disco; e uma estupenda execução de "Shylock" gravada ao vivo no Sydney Spring Festival, que aconteceu no Hyde Park de Sydney também em 1973.
Resumindo: se você nunca ouviu "Volcanic Rock" mergulhe agora mesmo nos sulcos de um dos melhores álbuns de hard rock dos anos setenta!

Faixas:

1 Sunrise (Come My Way) 4:48
2 Freedom 9:02
3 Till My Death 5:38

4 The Prophet 7:24
5 Intro: Pound of Flesh 4:33
6 Shylock 5:52


quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Em 1970 o Último Disco dos Beatles - Let It Be - The Beatles



Não vou ficar aqui falando que o quarteto inglês , foi ou continua sendo a melhor banda de rock do planeta, ou ficar falando mal da Yoko e que foi ela quem acabou com a banda e blábláblá. Meu negócio aqui será tentar retratar os últimos dias desta que com certeza é uma das bandas mais influentes da música ocidental e como estavam seus integrantes e toda a áurea em volta de todos.



Let It Be gerou controvérsias, deixando inclusive Paul McCartney decepcionado com o resultado final. Um dos maiores desagrados estava por conta da mixagem. Pela primeira vez, George Martin não havia sido o responsável pela produção, tarefa que ficou a cargo do experiente Phil Spector. 
A ideia, aliás, era mais do que simplesmente fazer um disco. Tratava-se, na verdade, de um projeto multimídia envolvendo filme, livro e LP. Inicialmente o projeto teria outro nome: "Get Back". Inspirado pela canção de Paul, o título refletia bem o clima que pretendiam passar. Cansados com as inúmeras críticas que vinham recebendo da imprensa, os rapazes resolveram fazer um disco de volta às raízes. Sem psicodelia, sem arranjos muito rebuscados. Apenas o som dos quatro integrantes tocando ao vivo dentro do estúdio, como faziam no início da carreira. A capa seria uma foto tirada no mesmo edifício onde fotografaram a capa de Please Please Me (1963). 
Logo no início ficou nítido que o projeto falharia. As brigas entre os integrantes eram constantes. Paul e George discutiam o tempo todo. John não demonstrava mais interesse. Cada um tinha uma concepção diferente do que os Beatles representavam em suas vidas naquele momento. Para piorar, John, Paul, George e Ringo não se sentiam à vontade criando frente às câmeras. 
Ninguém se sentia satisfeito com o material, embora John Lennon acreditasse que seria interessante lançá-lo. Acreditava que o trabalho era honesto e que saciaria o desejo das pessoas ouvirem os Beatles de maneira natural, sem as benfeitorias do estúdio. Resolveram lançar um compacto para testar a reação. Com "Get Back" de um lado e "Don't Let Me Down" de outro, resolveram creditar a participação de Billy Preston na capa. Assim, ninguém poderia dizer que não foi um trabalho de grupo. 


Ainda não contentes com o resultado, engavetaram o trabalho, começaram um novo disco – Abbey Road – e pediram a George Martin que voltasse a produzi-los. Tendo acompanhado todas as brigas no início do ano (as gravações de Let It Be tiveram início em em 2 de janeiro de 1969), disse que topava, apenas com a condição de que todos os quatro cooperassem. O trabalho surpreendentemente correu bem e o álbum foi lançado. John, no entanto, estava cada vez mais afastado do trabalho dos Beatles. Começava a compor várias canções que acreditava não ter relação com o trabalho dos Beatles, entre elas estava "Cold Turkey". Em um belo dia, quando os quatro se encontraram para discutir os inúmeros problemas que vinham enfrentando (fitas de "Get Back", Apple, Allen Klein, futuro do grupo, etc), John anunciou: "quero um divórcio. Assim como tive de Cynthia".
Em janeiro de 1970, Phil Spector foi para Londres a fim de realizar seu maior sonho: produzir os Beatles. O convite foi feito pelo novo empresário Allen Klein. Uma solução tinha que ser encontrada para o lançamento daquelas fitas. Havia muito dinheiro envolvido!
A contratação de Allen Klein, inclusive, gerou uma grande polêmica entre os membros da banda. Após John Lennon ter comentado em uma entrevista que a Apple estava a um passo da falência, Klein o procurou, e seus conhecimentos impressionaram tanto John que o beatle tratou de convencer George Harrison e Ringo Starr a apoiarem sua escolha. Klein era experiente, já vinha trabalhando com os Rolling Stones, e John Lennon sentiu confiança em suas palavras durante a conversa que tiveram. A outra opção seria Lee Eastman, pai de Linda Eastman (mais tarde conhecida como Linda McCartney). Paul não concordava com a decisão e optou por não assinar o contrato. Os Beatles precisavam de um empresário, pois Brian Epstein, que era o responsável pelos contratos e pela contabilidade da banda havia falecido no segundo semestre de 1967. Brian foi encontrado morto em seu quarto, aos 32 anos, vítima de uma overdose de Carbitol (medicamento para insônia). Esse problema durou anos, uma vez que Paul McCartney abriu um processo contra os três ex-companheiros em 1971, alegando essa ter sido a causa do "divórcio" entre eles. 
Phil trabalhou primeiro no mais novo single de John Lennon, "Instant Karma", e depois começou a trabalhar em Let It Be. Ficou acertado que o álbum e o livro seriam lançados em abril e o filme em maio. 
Assim que recebeu o material em mãos, entregou-se ao trabalho. Antes, no entanto, pediu para que nenhum integrante dos Beatles se envolvesse na produção – direta ou indiretamente. "The Long and Winding Road" deixou Paul McCartney chocado. O músico queria que a canção fosse uma balada simples, despretensiosa, apenas com piano e voz (conforme apresentado no longa-metragem). Phil Spector, no entanto, transformou-a em uma grande produção com direito a coros e orquestra. 
Tanto Paul McCartney como George Martin ficaram desiludidos. O fim dos Beatles era inevitável. George Harrison e Ringo já estavam tocando suas vidas adiante. John já havia pedido para sair. Paul viu que não havia mais solução. O grupo havia se desintegrado. Ao contrário de John, que havia optado por não declarar nada de sua saída a imprensa, Paul sentiu-se na obrigação de anunciar o fim do conjunto. Por conta disso, muitos creditam o fim dos Beatles a Paul.
 
A última sessão de gravação foi em 4 de Janeiro de 1970, quando Paul, George e Ringo encontraram-se para terminar "I Me Mine", de Harrison, que entraria em Get Back.George Martin já estava cansado das brigas e discussões dos Beatles e também achou que seria antiprofissional trabalhar naquelas fitas de má qualidade. Como Spector tinha produzido o recém-lançado single de Lennon, "Instant Karma", John decidiu pedir(sem autorização de McCartney), para Phil "dar uma olhada e ver o que podia ser feito".
Spector pegou uma "jam session", "Dig It", e outras conversas entre as gravações, alongou "I Me Mine", desacelerou e acrescentou cordas a "Across The Universe" e colocou cordas e coral em "The Long And Winding Road". "Get Back" também foi editada, com a parte em que Paul fala, como um bluesman, cortada. Além de produzir a mixagem toda do álbum final.
Seis faixas do álbum são gravações ao vivo (i.e. sem remix ou overdub posterior). Além das três canções gravadas ao vivo no telhado do prédio da Apple Corps., incluiam-se, "Two of Us", "Dig It" e "Maggie Mae", gravadas ao vivo nos estúdios da Apple, no porão do prédio da Apple. Enquanto as outras canções, "For You Blue", "I Me Mine", "Let It Be", "The Long and Winding Road" e "Get Back" foram gravadas nos studios da Apple, mas apresentam edições posteriores produzidas por Spector, tanto na mesa de som, e edições de splicings (i.e. cortes diretamente feitos na fita), como nas dublagens (i.e. overdubs) de vozes e instrumentos por músicos de estúdio. A 12º canção, "Across the Universe", era uma versão da gravação de ensaio original, feita em 1968, e mixada em velocidade mais lenta para álbum.
Enfim aqui não temos a psicodelia e as orquestrações que acompanharam a banda, mudança de produtor que acho muito válida, pois muitos dizem que este é um disco fraco, o que discordo em todos os genêros. Pois as músicas a gravação e produção são mais orgânicos. Algumas faixas são bem rockeiras e cruas, ou seja , uma banda de rock tocando rock.Há um tempo atrás foi relançado como disco duplo, e outra mixagem que agradaria ao Sr. Paul. Sem truques e frescuras que  num todo ajudaram muito para que este disco se tornasse uma peça fundamental em suas coleções.
 
Músicas :
1- Two Of Us
2 - Dig a Pony
3 - Across the Universe
4 - I Me Mine
5- Dig It
6 - Let It Be
7 - Maggie Mae
8 - I've Got a Feeling
9 - One After 909
10 - The Long And Winding Road
11 - For You Blue
12 - Get Back
 
 
 

domingo, 22 de janeiro de 2012

Discos que Marcaram a Minha Vida - Humble Pie - Smokin`- 1972



Embora em 1968 Steve Marriott e Peter Frampton já tivessem adquirido uma certa fama (Marriott no Small Faces e Framptom no Herd), ambos estavam descontentes com as respectivas bandas, pois seu sucesso era decorrente de fazerem uma linha tipo "teenage pop stars", o Small Faces graças à estratégia de atuação de Andrew Oldham (manager dos Rolling Stones) e o Herd principalmente devido à pouca idade e o apelo visual de Frampton (na época um garotão com apenas 16 anos – obviamente os empresários não iriam deixar passar batido). Resolvem então formar uma banda mais ligada à rock’n’roll. Então na noite de ano novo de 68/69 enquanto Steve estava fazendo sua última apresentação como membro do Small Faces (que com sua saída se tornaria apenas Faces), Peter se encontra com Jerry Shirley, hábil baterista de estúdio e membro de uma banda chamada "Wages Of Sin", que costumava tocar nos "pubs" ingleses, e papo vai papo
vêm, resolve convidá-lo para se juntar à ele e Marriott na nova banda que estavam pensando em formar. Jerry se interessa, e no final do show se encontram nos bastidores. Faltava um baixista, então Jerry pergunta se pode convidar seu amigo Greg Ridley, na época tocando junto com o Spooky Tooth, que também estava nos bastidores. Com o sinal verde de Marriott e Frampton, estava formado o Humble Pie, com Marriott e Frampton se revezando nos vocais e guitarras, Shirley nas baquetas e Ridley no baixo.


Passam então a ensaiar e em abril de 1969 lançam seu álbum de estréia pelo selo "Immediate" de propriedade de Andrew Oldham. Inicialmente a banda é marcada por uma grande indefinição a nível musical, fazendo country rock americanizado neste e no segundo disco, lançado no fim do mesmo ano. Aliado à isto o pouco entrosamento entre os membros tornam seus shows desta época bastante confusos, parecendo um pastiche de Crosby Stills Nash & Young. Isto gera a primeira crise, pois embora fizessem um som bastante competente (a nível de country rock) sofrem uma pressão muito grande por parte de Oldham, que queria um "hit radiofônico". Após "quebrarem o pau" e dispensarem Oldham, mudam de gravadora (vão para a A&M Records) e resolvem aderir ao blues-hard-rock, com isto lançando dois ótimos discos: "Humble Pie" em 1970 e "Rock On" em 1971. Em 1972 sai o impecável "Perfomance – Rockin the Fillmore" retratando uma apresentação memorável da banda em 1970. O sucesso finalmente chega, as vendas disparam e junto vêm o reconhecimento da crítica na época (chegaram a dizer que o Humble Pie era a melhor banda ao vivo surgida desde o fim do Jimi Hendrix Experience!).
Porém o sucesso acaba subindo à cabeça de Frampton, que resolve partir em carreira-solo em 1972. Acaba entrando em seu lugar Dave "Clem" Clempson, vindo do Colosseum, e que havia sido membro fundador do Bakerloo, que embora fosse um excepcional guitarrista não possuía o mesmo carisma de Peter.
A saída de Frampton deixou os vocais totalmente à cargo de Marriott, além de tê-lo transformado praticamente em líder da banda. Então em 1972 sai mais um disco de estúdio, "Smokin". Embora seja considerado o mais coeso álbum de estúdio da banda, já apontava uma tendência característica das bandas inglesas da época: a influência do "soul", tornando se assim o cartão de visitas da banda.

A primeira faixa, "Hot 'n' Nasty", com suas guitarras vibrantes e letra "sacana", mostra uma banda disposta a finalmente cobrir a certa carência de rock 'n' roll dos seus trabalhos anteriores. E sem esquecer suas influências de blues rock, Marriott e sua trupe entregam "The Fixer", um rockão extremamente cadenciado, mas que não deixa o ritmo do álbum cair.
No extremo mais leve de "Smokin'", temos as razoáveis baladas acústicas "You're So Good for Me" e "Old Time Feelin'", bastante puxadas para o folk e o country. Mas, a verdade é que os rocks chamam muito mais atenção neste trabalho. As energéticas "C'mon Everybody" e "30 Days in the Hole" (grande hit do álbum) são verdadeiros hinos, que levam o ouvinte a imaginar a banda arrebentando ao vivo, em meio a gritos de uma multidão sedenta por rock 'n' roll puro.
Voltando às influências de blues, "Road Runner" mostra aquela mistura perfeita de rock com blues, uma sonoridade que marcou os melhores trabalhos da "british invasion" do final dos anos 60 (movimento que trouxe algumas das melhores bandas de blues rock do mundo). Na faixa "I Wonder", Marriott optou por um som mais lento, arrastado e voltado ao blues de raiz, algo que não podia ficar de fora em um álbum como esse. E fechando muito bem a track list, o rock "Sweet Peace and Time" sintetiza bem o espírito desta magnífica obra de "boogie rock".

O fato é que "Smokin'" ficou marcado como um item de discografia básica, um álbum que até hoje influencia qualquer banda de rock que ouse utilizar o blues da melhor forma possível em um contexto rock 'n' roll (alguém lembrou de Black Crowes e Quireboys?). É uma pena que Steve Marriott tenha morrido antes de lapidar ainda mais a discografia desta excelente banda. Mas, seus "filhos" estão por aí...

Músicas:
1. Hot 'N' Nasty
2. The Fixer
3. You're So Good For Me
4. C'mon Everybody
5. Old Time Feelin'
6. 30 Days In The Hole
7. Road Runners G Jam
8. I Wonder
9. Sweet Peace And Time

 

 

sábado, 21 de janeiro de 2012

Discografia Básica do Rock - Yes - Fragile - 1972



Um dos mais elogiados grupos do rock progressivo escreveu em definitivo seu nome no cenário mundial com um álbum de 1972. Com excelente  produção do lendário Eddie Offord e capa de Roger Dean (que daria início a uma longa parceria e passaria a ser uma das marcas registradas do Yes desde então), o disco trazia ao todo nove faixas: quatro músicas desenvolvidas pelo grupo e as cinco restantes por cada um de seus integrantes, onde sua individualidade era explorada em benefício do todo.Com a saida do tecladista Tony Kaye (muito criativo mas pouco habilidoso) abriu-se no Yes espaço para a entrada do lendário tecladista Rick Wakeman (muito criativo e  habilidoso) que deixou as coisas muito mais interessantes. Com essa nova excelente formação (Jon Anderson, Chris Squire, Steve Howe, Bill Bruford e Rick Wamenan), o Yes lança no fim de 1971 o disco Fragile .

A primeira faixa, “Roundabout” (que, lançada em compacto em versão reduzida, tornou-se o grande hit de “Fragile”), principiava por uma nota soando, imperceptível a princípio, e terminando não por um estrondoso acorde, como seria esperado, mas por um suave harmônico no violão de Howe. Seu arsenal de guitarras, violões, pedal steels (e o que mais você imaginar que tenha cordas), os diversos teclados de Rick Wakeman, o timbre agudo do baixo Rickenbacker de Squire (que acabou tornando o instrumento mundialmente conhecido e um must entre todos os baixistas do gênero), a bateria explorada como se fossem peças independentes de percussão por Bill Bruford e o vocal peculiarmente alto de Jon Anderson reinariam absolutos na cena progressiva nos anos seguintes e ditariam padrões para os grupos que surgiriam naqueles dias. “Roundabout” tem tudo isso numa composição de rara felicidade, onde letra, melodia e arranjo se completam. Logo após seguem se "Cans And Brahms" , faixa solo do mago Rick Wakeman em que foram usados vários teclados para reproduzir um pequeno trecho de música clássica do compositor Brahms. E depois vem "We Have Heaven",  Música em que Jon Anderson cria harmonias consigo mesmo sobrepondo sua voz várias vezes com melodias interessantes.




" South Side Of The Sky" , Mais uma música excelente da banda que por razões desconhecidas, nunca foi executada ao vivo. O riff principal (que dizem ser roubado de uma composição de Howe com uma banda de que fez parte anteriormente) é intimidante, intercalado por pequenas improvisações (sim, Howe afirmou que sempre tocava e até compunha improvisando) que nunca se repetem. Ainda temos uma passagem
solo de Wakeman no piano que dá uma sensação espacial, cuja parte final é sobreposta por uma harmonia vocal belíssima feita por Anderson, Squire e Howe. A música parece que se encaminha pro fim com o som do piano ficando cada vez mais baixo, mas inesperadamente a música volta à distorcida frase principal antes de terminar .


Já em , " Five Percent For Nothing " Bruford gravou a bateria e os outros integrantes da banda foram sobrepondo riffs que contrariam qualquer teoria musical, com tempos de lógica muito obscura. A música parece estar toda quebrada quando surge um acorde de orgão para consertá-la e todos instrumentos parecem se ajeitar.  O título se refere aos 5% que pertencia ao empresário da banda.5% do trabalho pra nada.




 "Long Distance Runaround" , A musica mais pop do disco, se é que se pode dizer isso. Começa com piano e guitarra tocando exatamente a mesma melodia, que me lembra chorinho. Logo entram baixo e bateria tocando em tempos diferentes sobre essa melodia. A parte vocal é mais lenta com baixo e guitarra tocando praticamente a mesma coisa. E volta ao riff inicial. Isso se repete algumas vezes, com pequenas mudanças.
" The Fish (Schindleria Praematurus)", Composição solo de Squire em que baixos e mais baixos vão sendo adicionados e se sobrepondo aos poucos, acompanhados por bateria. Squire Usa baixo com vários efeitos diferentes, inclusive um wah-wah e uma distorção que fazem o baixo soar como uma guitarra. Sobre isso Anderson repete "Schindleria Praematurus" ecoando a melodia de um dos baixos.
" Mood For A Day", Belíssima música de Steve Howe, mostrando que domina o violão como poucos. Com influências óbvias de música clássica e espanhola.
" Heart Of The Sunrise", E o melhor fica guardado para o fim. A frase inicial, pesadíssima, me lembra muito uma certa parte da música 21'st Century Schizoid Man (King Crimson - In The Court Of The Crimson King). Segue-se uma frase muito bonita e lenta do baixo que aos poucos vai sendo preenchida com um mellotron com som de violino e uma bateria . Bill Bruford consegue não apenas fazer a percursão da música, como também parte da melodia!! Sem nunca repetir nada!! Esse é um dos trechos mais bonitos de música que já pude deliciar. Ao fundo a guitarra surge tocando a frase incial que se encaixa perfeitamente nesse novo tempo! Após voltar à quebradeira inicial, a musica praticamente cessa para entrar os vocais. É notável a maneira como a música passa várias vezes de totalmente empolgante para calma e pacífica em questão de segundos. Um show de todos os músicos, especialmente de Wakeman no Moog, Hammond, Piano, Mellotron. Assim termina uma produção, que irá ser um item eterno nas suas coleções.

Faixas:

1.  Roundabout
2.  Cans and Brahms
3.  We Have Heaven
4.  South Side of the Sky
5.  Five Per Cent for Nothing
6.  Long Distance Runaround
7.  The Fish (Shindeleria Praematurus)
8.  Mood For a Day
9.  Heart of the Sunrise


 

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Rita Lee - Tutti Frutti - Fruto Proibido - 1975



Ela havia saído da melhor banda de rock da história do Brasil - os Mutantes -, com quem forjara cinco dos mais importantes álbuns pop brasileiros de todos os tempos. Ao final da viagem de humor e psicodelismo que empreendeu entre 1966 e 1972 com Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, a paulistana ruiva e magricela batizada com o sonoro nome de Rita Lee já não se contentava em cantar algumas músicas e tocar pandeiro. Ela participara do centro criativo dos Mutantes, fazendo letra e música, tocando, cantando, pensando.
Expulsa dos Mutantes, Rita Lee chegava à carreira de popstar com currículo ímpar; nenhuma mulher se destacara no rock brasileiro como ela. Rita foi a primeira cantora-compositora-roqueira-instrumentista e a primeira mulher na música a abusar da rebeldia, da irreverência, da ironia, da inteligência. O fim traumáticos dos Mutantes deu à garota garra para se provar e se firmar no cenário, resultando na magnífica coleção de LPs que lançou nos anos 70, alçada - pela primeira vez - à posição de líder de uma banda, a Tutti Frutti. A qualidade de produção da Rita de então é uniforme, mas ainda assim um dos trabalhos se projeta:
Fruto Proibido, de 1975, que inclui a famigerada balada "Ovelha Negra", até hoje sua marca registrada.



Musicalmente, Fruto Proibido mistura em doses equivalentes elétrico e acústico para constituir puro rock'n'roll - ou roque enrow, como Rita prefere. A voz de Rita mantém inflexões infanto-juvenis, agora não mais na vertente zombeteira e debochada dos Mutantes, mas transpirando rebeldia e - por que não? - sofrimento. Rita se estabelece como a ovelha negra da família brasileira, mulher chegada ao sexo, às drogas, ao rock, líder de uma banda masculina num cenário até há pouco hostil à criatividade feminina.
Não por acaso,
Fruto Proibido é coalhado de referências candidamente feministas. Mas rock'n'roll era mesmo o que interessava. Se os exemplos que Rita tinha para seguir eram eminentemente masculinos, não fazia por menos ao selecionar os que iria utilizar; já no rescaldo da influência beatle dos Mutantes, voltava-se agora para outros bem mais rebeldes: David Bowie, Lou Reed, Mick Jagger - mais Celly e Wanderléa, que Rita nunca foi de negar suas origens. Até quando tangencia o já dinossáurico rock progressivo - em "O Toque"-, Rita consegue afastar a chatice, por absoluta falta de pretensão.
 
É essa, aliás, a marca da fase Tutti Frutti, indispensável em sua totalidade. Toneladas de criatividade e nenhum resquício de pretensão. Depois, viria Roberto de Carvalho.Compre o seu.
 
Faixas:
1 Dançar pra Não Dançar 4:13
2 Agora só Falta Você 3:25
3 Cartão Postal 3:24
4 Fruto Proibido 2:04
5 Esse tal de Roque Enrow 3:53
6 O Toque 5:20
7 Pirataria 4:29
8 Luz del fuego 4:43
9 Ovelha Negra 5:39
 
 
 
 
 

O Porque o Led Zeppelin se tornou um gigante do Hard Rock .

Muito se fala a respeito do Zeppelin de chumbo, que foi a maior banda , turnês gigantescas, toneladas de drogas, e todo aquele clichê que envolve uma grande banda.Mais passados mais de 30 anos de sua existência , porque até hoje todos seus discos são cultuadíssimos , a influência da banda cheira até hoje na música e uma reunião é um sonho de milhares pelo mundo afora. Claro que a competência de todos os integrantes são indispensáveis para todo o resultado final que o grupo mostrou em seus discos e concorridos shows. Afinal pensar em Led Zeppelin sem a voz e as letras de Robert Plant, o baixo e toda a elegência de John Paul Jones , e a fúria musical de J. Bonham espancando seu kit la no fundão , inclusive usando as mãos, é impossível. Mas e Jimmy Page , sim o embaixador dos riffs, foi peça principal para canalisar todas estas influências e além de compor foi um mestre na produção e gravação de seus discos , como músico de estúdio aprendeu muito e soube usar como ninguém todas estas lições.


Page nasceu num subúrbio do norte de Londres, Heston, em Middlesex. Seu pai era um gerente industrial e sua mãe, secretária pessoal de um médico.
Jimmy Page, começou a aprender anos. As suas primeiras influências foram os guitarristas de rockabilly, Scotty Moore e James Burton, que tinham tocado ambos em gravações de Elvis Presley, e Johnny Day que tocou guitarra com os Everly Brothers. A canção de Presley “Baby Let´s Play House" era uma das suas favoritas. As preferências musicais de Jimmy, abrangiam também o folk acústico de Bert Jansch e John Renbourn, os sons do blues de Elmore James e B.B. King e o skiffle britânico.
Aos 14 anos, Page entrou no concurso para descoberta de talentos da ITV, “Search for Stars”. Após deixar a escola, tinha o objetivo de trabalhar como assistente de laboratório, mas o seu amor pela guitarra e pela música obrigou-o a mudar de caminho. Neil Christian do The Crusaders, convidou-o para se juntar à banda, o que lhe trouxe a sua primeira experiência de digressões, e onde entrou pela primeira vez em um estúdio para a gravação de um single, “The Road to Love”.
Enquanto estudante, Page tocou muitas vezes no Marquee com bandas como: Cyril Davis All Stars, Alexis Korner’s Blues Incorporated e com os guitarristas Jeff Beck e Eric Clapton, nos Yardbirds. Uma noite foi visto por John Gibb dos Silhouettes, que lhe pediu para ajudar gravar uns singles para a EMI, "The Worrying Kid" e "Bald Headed Woman", mas só após ter recebido um convite de Mike Leander da Decca Records, é que Page começou a ter trabalho certo como músico de estúdio. A sua primeira gravação para esta editora, o single de “Jet Harris & Tony Meehan”, “Diamonds", chegou a Nº 1 de vendas nas tabelas de 1963.
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No início da década de sessenta na Inglaterra praticamente só haviam dois guitarristas profissionais de confiança para cuidar de rock 'n' roll. Eram eles 'Big' Jim Sullivan e 'Little' Jim Page. Algumas estatísticas dão uma estimativa de que os dois dividiram entre si entre 60% e 90% de tudo que foi produzido pelos estúdios londrinos entre 1963 e 66. Creio que estas estimativas estejam exageradas, no entanto, são facilitados pelo fato de não haverem registros bem documentados sobre as participações de quais músicos em quais sessões.

O público, em última análise, deveria acreditar que os músicos da banda em questão, aqueles que aparecem na capa do disco, são os que se ouvem tocando. Dependendo muitas vezes exclusivamente da memória de técnicos e outros profissionais participantes das referidas sessões, o número de gravações em que Jimmy Page tenha participado é literalmente incontável, e nem ele mesmo sabe ao certo de todas.
Bem, se é impossível saber ao certo todas as sessões em que Page tenha participado, mais impossível ainda seria poder informá-las em ordem. Versões variam sutilmente mas basicamente Jimmy Page tocava desde 1959 em uma banda de seu bairro em Epsom, com aparições regulares no Epsom Dance Hall, geralmente abrindo para a banda principal da noite. Parece que foi a namorada de Christopher Tidmarsh, então motorista de uma banda chamado Red E. Lewis Rock 'n' Roll Band, que lhe falou deste menino na guitarra que seria inacreditável.
Christopher foi vê-lo e após o seu set, que naquela noite abria para Johnny Kidd & the Pirates, chamou o então menino de apenas 15 anos de idade para excursionar pelo o país como guitarrista do Red E. Lewis Rock 'n' Roll Band. Depois de receber o consentimento dos pais, Page começa sua carreira profissional excursionando por boa parte da Inglaterra em uma van com a banda. Em determinado momento o vocalista Red E. Lewis foi demitido e Christopher Tidmarsh assume o posto, agora utilizando o nome artístico Neil Christian.
A banda igualmente mudou de nome, nascendo assim Neil Christian & the Crusaders. Jimmy Page no final de 1960, desnutrido e com febre glandular, desiste da vida de músico e passa dois anos estudando desenho em Art College. No entanto, Page durante este tempo transforma a sala de estar de sua casa em um pequeno estúdio de ensaio onde aos domingos, vários amigos aparecem para tocar com ele. Entre esses, Jeff Beck e Glyn Johns. Depois, em 1962, passaria a frequentar o Marquee Club nas noites que apresentava Cyril Davies & His All Stars. Entre sets, Jimmy Page e três outros garotos se juntavam e tocavam. Mais tarde, Jeff Beck tambem iria passar a participar destes encontros informais. Cyril Davies então convida Jimmy Page a entrar em sua banda mas temendo voltar a adoecer, Page recusa.



Com 1963 caminhando em toda sua lucrativa glória, Jimmy grava para uma banda chamada Mickie Most & The Most Brothers. Este é o mesmo Mickie Most que mais tarde viria a se tornar um dos mais importantes produtores da Inglaterra, galgando sucessos para bandas como Herman’s Hermits, Lulu & The Luvvers e Donovan. Porém, entre 1962 e 63, ainda tentando fazer sua carreira como músico lucrar, ele grava com o auxilio do guitarrista Jimmy Page algumas faixas sob uma variação de nomes que vão desde apenas o mais sucinto, Mickie Most para o curioso Mickie Most & The Gear.

Como Mickie Most & The Most Brothers, é lançado em maio de 1963 “Mr Porter” e “Yes Indeed I Do”. Embora Page seja muitas vezes creditado por participar do compacto seguinte, “The Feminine Look” e “Shame On You Boy”, este na verdade é o trabalho de Jim Sullivan. Como Mickie Most, é a vez de “Sea Cruise” e “It's A Little Bit Hot” lançado em dezembro daquele mesmo ano. Seu último compacto sai em março de 1964, com o nome de Mickie Most & The Gear. As faixas são “Money Honey” e “That's Alright.” Todos esses lançamentos contam com a participação de Jimmy Page na guitarra. É provável que a gaita em “That’s Alright” seja tambem de Page. Em um artigo datado de 1965, Jimmy Page teria comentado que o solo em “Money Honey” era o seu favorito até então.
Ainda tem a canção “Night Comes Down” que embora gravada nessa ocasião, acabou ficando de fora e arquivada. O riff desta canção seria reaproveitado por Page na composição “How Many More Times”, repertório do Led Zeppelin. Ambas tem como fonte original o riff da canção “Come Back Home” de Howlin’ Wolf. E assim gravando intensamente durante toda a década de 60 Page segue gravando com gente como : The Who, Joe Cocker, Roy Harper entre outros até chegar aos New Yardbirds e logo depois , ao Led Zeppelin.



Page foi um dos maiores produtores fonográficos e um inovador sônico, perfeccionista cuja visão fez dos álbuns do Led Zeppelin uma experiência auditiva vívida, ao invés de simples discos. Compare os seis discos que o Led Zeppelin fez de 1969 a 1975 com outros títulos clássicos do mesmo período: os primeiros discos do KING CRIMSON, os LPs do JEFF BECK GROUP, BLIND FAITH, ROLLING STONES, o PINK FLOYD antes de ‘The Dark Side Of The Moon’. Sonicamente, o trabalho de Page com o Led Zeppelin colocou os discos de estúdio de sua banda em um patamar sônico totalmente à parte.
 Como guitarrista, a técnicas de microfonação o interessara desde cedo. Posteriormente, ele usaria a microfonação ambiental nos amplificadores pequenos que eram essenciais a seu som no Led Zeppelin. Mas ele estava especialmente interessado nos sons de bateria que saíam dos estúdios nos anos 60. Os bateristas eram por muitas vezes colocados em pequenas cabines naquela época, para isolá-los da banda enquanto as trilhas-guia estavam sendo gravadas, ou por puro costume. De qualquer modo, os resultados eram pífios e medíocres. Então quando Page capitaneou o Led Zeppelin no estúdio, ele se certificou de que o kit de John Bonham e seu equipamento periférico tivessem sempre bastante espaço em uma sala grande, viva e ressonante.
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Page baseava sua microfonação ambiental de amplificadores de guitarra no que ele tinha aprendido ouvindo a discos clássicos de blues e do rock que emergia nas gravadoras Sun e Chess, onde um microfone era geralmente o suficiente para gravar uma banda inteira ao vivo – mas os sons de guitarra ainda assim se sobressaíam.Page aplicou a velha regra da engenharia que estabelece que ‘distância é igual à profundidade’, então quando chegou a hora de gravar as guitarras, ele colocava um microfone bem perto e um ou mais microfones adicionais a uma distância de até sete metros do amplificador. Isso permitia a Page capturar o efeito sônico pleno de um amplificador preenchendo a sala, e também o habilitava a fazer com que os amplificadores pequenos com os quais ele gravava, como o Supro Lightning Bolt, soassem bem potentes. Muitos outros produtores britânicos o copiaram antes que a prática escoasse até os EUA.

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O eco reverso era outro truque que Page desenvolveu. Ele aplicou a manobra pela primeira vez em 1967, num single do Yardbirds, ‘Ten Little Indians’. Inicialmente, envolvia gravar a guitarra em duas pistas – uma com bastante eco. A seguir, a fita era virada ao contrário de modo que o som do eco ‘molhasse’ apenas certas notas em específico. A mesma técnica foi aplicada também nos pratos de bateria, resultando em um efeito bem psicodélico.
Page trocava de engenheiros entre os discos de propósito, para deixar claro que era a produção dele – e não a metodologia de estranhos – que fazia os álbuns do Led Zeppelin soarem tão dinâmicos.
 
Claro, qualquer grande receita começa com ingredientes sofisticados, e o arsenal de guitarras, particularmente da «marca» Gibson – que ele usava nas clássicas gravações do Led Zeppelin – era soberbo. As mais conhecidas são suas reverenciadas “Número Um” e “Número Dois”. A “Número Um” foi adquirida de Joe Walsh enquanto o Led Zeppelin estava em turnê pelos EUA. A Gibson Custom Shop replicou o instrumento de 1950, com um braço lixado, e um mecanismo que tira os humbuckers de fase na posição do meio, em uma edição limitada de 2004. A Custom Shop também recriou a “Número Dois”, uma 1959 Standard com braço lixado para ficar parecida com a “Número Um” e quatros chaves para dividir os captadores. A “Número Dois” ainda está no catálogo da Gibson.


A outra guitarra Gibson igualmente icônica no rack de Page é a EDS-1275 de dois braços, que ele notoriamente empunhava durante “Stairway to Heaven”, “The Song Remains The Same” e “Celebration Day”. Ele perdeu uma Black Beauty Les Paul Custom 1960 com uma alavanca Bigbsy em um roubo durante turnê em 1970, mas ela ainda assim foi recriada pela Gibson Custom Shop em 2008 em uma edição limitada, com 25 delas autografadas por Page. A Les Paul Standard 1969 vista no filme The Song Remains The Same ainda está em sua coleção, para ocasiões especiais como a épica reunião de 2007 entre os membros remanescentes do Zeppelin na imensa O2 Arena de Londres. E assim Jimmy Page , nos deixa discos que nos acompanharão eternamente dia após dia.
 
 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Rock Raro - Atomic Rooster - In Hearing Of - 1971


Formado em 1969 pelo tecladista Vincent Crane e pelo baterista Carl Palmer, o Atomic Rooster foi um dos grupos pioneiros no que ficou conhecido como Progressive  Rock. Companheiros no Crazy World Of Arthur Brown, Crane e Palmer moldaram uma sonoridade que unia a técnica privilegiada de ambos a uma dose generosa de peso, que resultou em uma das bandas mais originais do início dos anos 1970. Neste  seu 3º álbum podemos ouvir e conferir todo este caldeirão de influências , já que este disco é bem mais eclético e menos sombrio que seu anterior " Death Walks Behind You". Tendo  também o line up da banda para a gravação deste disco que foi Vincent Crane ( Hammond, Teclados e Vocais) líder e principal compositor, Peter French (vocal), Paul Hammond (bateria) e John Du Cann( vocais e guitarras)mas após as gravações, esses 3 últimos membros sairam da banda .












O disco abre com "Breakthrough com os teclados de Crane comandando a música num ritmo frenético,juntamente com baixo e bateria. Segue outro rockão com "Break the Ice". A veia progressia aparece em "Decision/ Indecision", 'A Spoonful of Bromide Helps The Pulse Rate Go Down" e "Black Snake" , que é a mais fraca do álbum.


E depois ouvimos um desfile de ótimas canções que mostram o casamento do rock , com pop e progressivo sem firulas ou palhaçadas inúteis. Os timbres dão um colorido a mais , dando mais charme para a bolacha. Os músicos impecáveis em suas interpretações vocais e instrumentais como em : "Head In The Sky", "The Price" e a faixa bônus , fazem deste disco pouco conhecido do grande público , uma pérola perdida do rock. Compre e ouça com atenção.




domingo, 15 de janeiro de 2012

Elis Regina - Montreux Jazz Festival - 1979





Em 1979 a estrela da noite brasileira no festival de Montreux era Elis Regina. E um disco ao vivo gravado no festival seria um impulso e tanto na carreira da cantora , que havia mudado de gravadora na época. Tendo uma das melhores bandas na época, contando com : Cesar Camargo Mariano ( teclados), Hélio Delmiro(guitarra),Luizão Maia(baixo), Paulinho Braga(bateria) e Chico Batera(percussão). Com os arranjos simples porém eficientes, sem maiores surpresas para brasileiros , mas um grande show para a platéia do festival que exigiu e teve uma matinê extra com show da cantora.
 

A lotação do cassino de Montreux estava esgotada há dias , pois o bruxo dos sons Hermeto Pachoal vindo de gravações com Miles Davis,  era idilotrado por toda a platéia do festival e faria a 1ª noite brasileira. Com o show da matinê Elis arrasou, cantou com muita segurança, técnica sendo discreta e botando toda a sua  emoção,  num repertório de alto nível e assim arrematou toda a platéia.



Mas com o show da noite que ficou com a abertura de Hermeto e sua banda , que literalmente quebraram tudo e foram aplaudidos de pé por 15 minutos. E depois do intervalo do 1º show , eis que surge Elis para fechar a noite brasileira em Montreux, com uma orquídea azul nos cabelos, como Billie Holiday e trajando um vestido que a deixava com a aparência de mais velha , Elis com 10 minutos de show transpirava , estava tensa e nervosa , tal estado fez com que seu amigo e produtor André Midani, adentra se o palco com um copo d'água , que a cantora prontamente bebeu. Continuando o show Elis não cantava mal, mas com precisão e técnica sem tentar qualquer efeito, as vezes parecendo fazer grande esforço para cantar. Uma apresntação com pouca emoção e quase burocrática, mas os estrangeiros boquiabertos com sua afinação e timbre, e suas técnicas impecáveis e com certa tensão criativa.


Sendo assim quando o show terminou , Elis foi muito aplaudida mas nada comparado com o que Hermeto recebeu no show anterior, e estando exausta a cantora que saiu rapidamente do palco, mais eis que no meio daquela gritaria o diretor do festival Claude Nobs, chamou Hermeto de volta a cena que foi devidamente ovacionado,  e havia assistido a  todo o show de Elis na coxia. Sabendo que havia perdido a noite para o bruxo , Elis voltou ao palco frustrada e furiosa , pisando duro e sorindo tensa para a platéia.


Silêncio total , piano e voz . Hermeto começa a tocar "Corcovado" e Elis canta, transformando suas harmonias em dissonâncias surpreendentes , e assim cada vez mais vai ficando difícil tanto para Elis como que para qualquer outro cantor(a), seguir acompanhando o mago dentro do mar de tonalidades tão sofisticadas e dissonantes que transbordam de Hermeto e todo e qualquer instrumento que esteje tocando. Assim a dupla deixa este velho sucesso nacional , completamente e genialmente IRRECONHECÍVEL.
E Elis segue respondendo a qualquer saque do bruxo com uma precisão que o espantava e o fazia mudar ainda mais. Depois vem "Garota de Ipanema", ( Elis odiava e dizia que nunca a cantaria), ela baqueou no início mas logo se recuperou, e cantou com todo vigor que virou a canção pelo avesso, cantou uma parte em inglês com sotaque perfeito, imitando uma menina dengosa, rindo, debochando e provocando Hermeto, voaram juntos para uma platéia eletrizada. Daí com o público de pé, veio  "Asa Branca", como  round final entre Elis e Hermeto, e o baião de Luiz Gonzaga se transformou em ambiente free jazz e atonal, harmonias jamais sonhadas se cruzavam com fraseados audaciosos de Elis, trocas bruscas de ritmo e andamento, propostas e respostas, tiros cruzados e acima de tudo e todos arte musical de altíssimo nível sendo protagonizada por 2 dos melhores e maiores virtuosos musicais brasileiros. O show foi tão bom que precisou de uma festa , pois o presidente da gravadora estava pasmo com o que havia ouvido e assistido e tinha certeza que sairia um disco, mas Elis ameaçadora  como sempre chamou seu amigo André Midani e mandou o recado : Este disco não vai sair , não é ? Difícil não, pois aqui ouvimos arranjos e performances mais que perfeitos dos músicos e César Mariano também , que casaram magistralmente com a voz e interpretação de Elis. Em 2001 numa garimpada de arquivos da gravadora , acharam todo o show gravado, e numa edição em cd,  com músicas que não entraram no LP, lançou se um item que nos acompanhará por toda a vida.









Músicas :
1- Cobra Criada
2 - Cai Dentro
3 - Madalena
4 - Ponta de Areia - Fé Cega Faca Amolada - Maria Maria
5 - Na Baixa do Sapateiro
6 - Upa Neguinho
7- Corcovado
8 - Garota de Ipanema
9 - Asa Branca
10 - Amor até o Fim
11- Mancada
12 - Samba Dobrado
13- Rebento
14 - Águas de Março
15 - Onze Fitas
16 - Agora Tá

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

The Black Crowes - Shake Your Money Maker- 1990



Com integrantes não muito mais velhos que suas próprias tendências, a banda tem a aparência tipicamente roqueira: cabelos longos, roupas aveludadas, coletes e físicos impossivelmente fracos. Além disso, aquele tradicional som "blueseiro" e alcoólatra.
O vocalista Chris Robinson é um dos mais intrigantes showmen do rock atual. Com voz de Rod Stewart, trejeitos de Mick Jagger e visual glam inspirado em David Bowie, ele faz a linha de frente do Black Crowes com seu irmão Rich Robinson, que fundiu em sua guitarra a magreza de Keith Richards e a sensação rítmica suja de Ron Wood.
Stan, o pai dos irmãos Robinson, foi cantor e teve até uma música pop famosa chamada "Boom-a-Dip-Dip". Ele sempre desencorajou os filhos a se tornarem músicos profissionais, mas por volta de 1984 eles já estavam formando a banda Mr. Crowe’s Garden (nome do conto de fadas preferido dos Robinson), que logo passou a se chamar simplesmente Black Crowes e culminou com Chris abandonando a faculdade.
Black Crowes pode ser definido como a fusão de Rolling Stones com Lynryd Skynyrd, misturando um blues pesado com rock básico.


E quando a banda se tornou um quinteto em 1990, em Atlanta, o rock americano passava por um momento de mudanças. O heavy metal vinha declinando e o grunge surgia para tomar as paradas. Com este panorama nada favorável,para  uma banda que lançasse um disco que viesse a revigorar o rock antigo, baseado em blues e R&B dos anos 60, colocando a banda num patamar de Allman Brothers e Lynyrd Skynyrd, poderia ser um grande risco a se correr. Com essa mescla convocaram o baixista Johnny Colt, o guitarrista Jeff Cease e o baterista Steve Gorman para gravarem o primeiro disco. Lançado em 1990, Shake Your Money Maker é uma forte investida na mistura rock/blues e a estréia é surpreendente.



O disco vendeu mais de 7 milhões de cópias e com ele a banda foi eleita revelação do ano pelos críticos americanos. Com sua versão turbinada e não menos chocante do que a original de  "Hard to Handle" do grande Otis Redding e todas as outras composições do disco exalando o clima, swing e estilo de " Exile On Main Street" dos Rolling Stones . Ouça a interpretação de uma maturidade impressionante , para a época,  do vocalista e compositor  Chris Robinson para a balada " She Talk to Angels", acerca de um viciado em drogas e não se emocione. Difícil.


O disco permaneceu 18 meses nas paradas americanas, e apesar de não ser uma obra revolucionária, mas tendo a musicalidade funky e a garra que este álbum possui, garantiu a reputação da banda para todas as nossas vidas. Compre. 

Músicas :
1- Twice As Hard
2- Jealous Again
3 - Sister Luck
4 - Could I've Been So Blind
5 - Seeing Things
6 - Hard to Handle
7- Thick'n' Thin
8- She Talk to Angels
9- Struttin'Blues
10 - Stare It Cold