quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Rita Lee - Tutti Frutti - Fruto Proibido - 1975



Ela havia saído da melhor banda de rock da história do Brasil - os Mutantes -, com quem forjara cinco dos mais importantes álbuns pop brasileiros de todos os tempos. Ao final da viagem de humor e psicodelismo que empreendeu entre 1966 e 1972 com Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, a paulistana ruiva e magricela batizada com o sonoro nome de Rita Lee já não se contentava em cantar algumas músicas e tocar pandeiro. Ela participara do centro criativo dos Mutantes, fazendo letra e música, tocando, cantando, pensando.
Expulsa dos Mutantes, Rita Lee chegava à carreira de popstar com currículo ímpar; nenhuma mulher se destacara no rock brasileiro como ela. Rita foi a primeira cantora-compositora-roqueira-instrumentista e a primeira mulher na música a abusar da rebeldia, da irreverência, da ironia, da inteligência. O fim traumáticos dos Mutantes deu à garota garra para se provar e se firmar no cenário, resultando na magnífica coleção de LPs que lançou nos anos 70, alçada - pela primeira vez - à posição de líder de uma banda, a Tutti Frutti. A qualidade de produção da Rita de então é uniforme, mas ainda assim um dos trabalhos se projeta:
Fruto Proibido, de 1975, que inclui a famigerada balada "Ovelha Negra", até hoje sua marca registrada.



Musicalmente, Fruto Proibido mistura em doses equivalentes elétrico e acústico para constituir puro rock'n'roll - ou roque enrow, como Rita prefere. A voz de Rita mantém inflexões infanto-juvenis, agora não mais na vertente zombeteira e debochada dos Mutantes, mas transpirando rebeldia e - por que não? - sofrimento. Rita se estabelece como a ovelha negra da família brasileira, mulher chegada ao sexo, às drogas, ao rock, líder de uma banda masculina num cenário até há pouco hostil à criatividade feminina.
Não por acaso,
Fruto Proibido é coalhado de referências candidamente feministas. Mas rock'n'roll era mesmo o que interessava. Se os exemplos que Rita tinha para seguir eram eminentemente masculinos, não fazia por menos ao selecionar os que iria utilizar; já no rescaldo da influência beatle dos Mutantes, voltava-se agora para outros bem mais rebeldes: David Bowie, Lou Reed, Mick Jagger - mais Celly e Wanderléa, que Rita nunca foi de negar suas origens. Até quando tangencia o já dinossáurico rock progressivo - em "O Toque"-, Rita consegue afastar a chatice, por absoluta falta de pretensão.
 
É essa, aliás, a marca da fase Tutti Frutti, indispensável em sua totalidade. Toneladas de criatividade e nenhum resquício de pretensão. Depois, viria Roberto de Carvalho.Compre o seu.
 
Faixas:
1 Dançar pra Não Dançar 4:13
2 Agora só Falta Você 3:25
3 Cartão Postal 3:24
4 Fruto Proibido 2:04
5 Esse tal de Roque Enrow 3:53
6 O Toque 5:20
7 Pirataria 4:29
8 Luz del fuego 4:43
9 Ovelha Negra 5:39
 
 
 
 
 

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