domingo, 23 de outubro de 2011

Discos que Marcaram a Minha Vida - Barão Vermelho - Ao Vivo - 1989



O rock brasileiro já produziu excelentes discos ao vivo. “Raul Vivo” (Raul Seixas - 1983), “Alívio Imediato” (Engenheiros – 1986), “Lobão ao Vivo” (1990), “Plugado ao Vivo” (Camisa de Vênus - 1995),  são álbuns marcantes e discografia básica pra quem curte o rock brasileiro.
Sempre valorizei os discos ao vivo dessa turma toda. Eram os primeiros que procurava pedir de presente ou comprar. Sou um dos que prega a máxima: “quem é bom faz ao vivo”, e por isso mesmo sempre preferi avaliar uma banda por suas performances de palco.


Todavia o melhor de todos, na minha modesta opinião, não está listado acima. O campeão do meu torneio é de uma banda essencialmente roqueira, mas que sempre soube que uma guitarra com levada de blues arrasta multidões. Os Stones nos ensinam isso há quase 50 anos...
“Barão Vermelho Ao Vivo” é uma compilação de três shows realizados pelos caras na casa de shows Dama Xoc/São Paulo, em 01, 02 e 03/06/1989. A produção do disco foi feita por toda a banda e pelo excelente Ezequiel Neves, que os acompanhava desde 1982.



No ano anterior o BARÃO havia lançado “Carnaval”, de onde saiu o hit “Pense e Dance”. 
O repertório do disco é essencialmente roqueiro, com alguns atalhos blueseiros. Cazuza e Frejat sempre tiveram um pouco de soul e blues no DNA e trouxeram essas raízes para mesclar a elementos do som nacional.
Estou convicto de que em nenhum outro trabalho do BARÃO os solos de Frejat foram tão bons e tão valorizados. O show todo gira em torno dele, o que é realmente ótimo. Completaram o line up do BARÃO para o disco: Dé no baixo, Guto Goffi na batera, Fernando Magalhães na guitarra base e Peninha na percussão.

O álbum abre com as ótimas “Ponto Fraco” e “Carne de Pescoço”, hinos roqueiros instantâneos compostos por Frejat e Cazuza, mas onde a mão do guitarrista imprime uma marca única. Em seguida surgem “Pense e Dance”, com destaque para o show de Peninha na percussão, e “Bete Balanço”, na sua melhor execução ao vivo.
Logo após Frejat anuncia: “Agora vamos aos blues...”... Então entra a densa e magnífica “Não Amo Ninguém”. Um “slow blues” de primeiríssima qualidade, com letra incrivelmente adequada ao ritmo e uma levada perfeita. Todas as influências de Frejat, que esmigalha nessa faixa, aparecem aqui: Hendrix, Jeff Beck, Clapton, Richards...
Na sequência o rock retorna... Na melhor faixa do disco, Frejat abre dizendo: “espero que vocês estejam tão sedentos de rock’n roll quanto vocês estão de álcool...” e a banda emenda ótimas versões de “Por Que a Gente é Assim?” e da inédita “Rock do Cachorro Morto”.
A também original “Quem você pensa que é?” mostra um pouco do BARÃO pós-Cazuza e abre caminho para a marcante entrada de “Pro dia Nascer Feliz”, primeiro hit do BARÃO e música que costumava fechar seus shows naquela época.
Esse CD foi relançado em 1998, com a inserção de três faixas bônus, todas menos famosas: “Lente” (parceria de Frejat com o eterno Titã Arnaldo Antunes), “Bagatelas” e “Torre de Babel” (ambas do álbum “Declare Guerra”, o primero sem Cazuza).
No final, uma surpresa... O BARÃO teve coragem e competência para mandar ver uma bela versão de “Satisfaction”, dos Stones, e homenagear a banda que mais lhe influenciou. As palmas da galera no início e a boa condução de Frejat dão um belo gás à música.E assim termina mais um disco para toda a vida.








    

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