Sempre valorizei os discos ao vivo dessa turma toda. Eram os primeiros que procurava pedir de presente ou comprar. Sou um dos que prega a máxima: “quem é bom faz ao vivo”, e por isso mesmo sempre preferi avaliar uma banda por suas performances de palco.
Todavia o melhor de todos, na minha modesta opinião, não está listado acima. O campeão do meu torneio é de uma banda essencialmente roqueira, mas que sempre soube que uma guitarra com levada de blues arrasta multidões. Os Stones nos ensinam isso há quase 50 anos...
Estou convicto de que em nenhum outro trabalho do BARÃO os solos de Frejat foram tão bons e tão valorizados. O show todo gira em torno dele, o que é realmente ótimo. Completaram o line up do BARÃO para o disco: Dé no baixo, Guto Goffi na batera, Fernando Magalhães na guitarra base e Peninha na percussão.
O álbum abre com as ótimas “Ponto Fraco” e “Carne de Pescoço”, hinos roqueiros instantâneos compostos por Frejat e Cazuza, mas onde a mão do guitarrista imprime uma marca única. Em seguida surgem “Pense e Dance”, com destaque para o show de Peninha na percussão, e “Bete Balanço”, na sua melhor execução ao vivo.
Logo após Frejat anuncia: “Agora vamos aos blues...”... Então entra a densa e magnífica “Não Amo Ninguém”. Um “slow blues” de primeiríssima qualidade, com letra incrivelmente adequada ao ritmo e uma levada perfeita. Todas as influências de Frejat, que esmigalha nessa faixa, aparecem aqui: Hendrix, Jeff Beck, Clapton, Richards...
Na sequência o rock retorna... Na melhor faixa do disco, Frejat abre dizendo: “espero que vocês estejam tão sedentos de rock’n roll quanto vocês estão de álcool...” e a banda emenda ótimas versões de “Por Que a Gente é Assim?” e da inédita “Rock do Cachorro Morto”.
A também original “Quem você pensa que é?” mostra um pouco do BARÃO pós-Cazuza e abre caminho para a marcante entrada de “Pro dia Nascer Feliz”, primeiro hit do BARÃO e música que costumava fechar seus shows naquela época.
Esse CD foi relançado em 1998, com a inserção de três faixas bônus, todas menos famosas: “Lente” (parceria de Frejat com o eterno Titã Arnaldo Antunes), “Bagatelas” e “Torre de Babel” (ambas do álbum “Declare Guerra”, o primero sem Cazuza).
No final, uma surpresa... O BARÃO teve coragem e competência para mandar ver uma bela versão de “Satisfaction”, dos Stones, e homenagear a banda que mais lhe influenciou. As palmas da galera no início e a boa condução de Frejat dão um belo gás à música.E assim termina mais um disco para toda a vida.
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