A evolução histórica do jazz,segue um padrão de movimento pendular, com tendências que se alternam apontando em direções opostas. Em meados dos anos 30 surge o primeiro estilo maciçamente popular do jazz, o swing, dançante e palatável, que agradava imensamente às multidões durante a época da guerra. Em 1945 surge um estilo muito mais radical e que fazia menos concessões ao gosto popular, o bebop, que seria revisto, radicalizado e ampliado nos anos 50 com o hard bop. Em resposta à agressividade do bebop e do hard bop, aparece nos anos 50 o cool jazz, com uma proposta intelectualizada que está para o jazz assim como a música de câmara está para a música erudita.
O cool e o bop dominam a década de 50, até a chegada do free jazz, dando voz às perplexidades e incertezas dos anos 60. No final dos anos 60, acontece a inevitável fusão do jazz com o rock, resultando primeiro em obras inovadoras e vigorosas, e posteriormente em pastiches produzidos em série e de gosto duvidoso.Com certeza George Benson nos deixou obras básicas para se entender esse estilo musical que teve evoluções e revoluções com suas fusões e uniões de músicos que se consagraram com suas obras e ou tocando nas de outros, aqui neste disco temos esse time : Clarence Palmer (órgão), Ron Carter (contrabaixo), Jack DeJohnette (bateria), Michael Cameron e Albert Nicholson (ambos na percussão) .
Beyond the Blue Horizon, tido por muitos como o seu trabalho mais jazzístico e, consequentemente, o menos comercial. Gravado em 1971, este disco possui algumas peculiaridades, a começar pelo fato de ter sido a estreia de Benson pelo selo CTI, do lendário produtor Creed Taylor. Só para lembrar, Taylor já havia trabalhado com o guitarrista em álbuns como Shape of Things to Come e The Other Side of Abbey Road, ambos de 1969 e lançados pelos selos A&M e Verve, respectivamente.
São apenas cinco temas que, sem exageros, formam um verdadeiro tratado do estilo marcante de Benson na guitarra. "So What" (de Miles Davis) é a faixa de abertura, com sua melodia executada por Benson nas cordas graves e intercalada com os acordes de Palmer. É interessante notar as mudanças cíclicas de condução rítmica da cozinha, que servem de bases para os improvisadores, começando com um groove calçado na divisão da melodia, passando por um walking jazz rápido e depois fechando com uma levada mais marcada pela banda.
Logo após vem "The Gentle Rain", do violonista brasileiro Luis Bonfá, que tem clima bossa de gringo e apresentação irretocável do tema na guitarra, com single notes floreadas, reexposição em oitavas e um baita timbre de sua Guild (naquela época ainda não existiam as Ibanez GB).Já a autoral "All Clear", com os músicos extremamente soltos, possui um clima bem relaxado e apresenta um dos melhores improvisos de Benson no disco, com direito a bends bluseiros, double-stops e solos em acordes.
"Ode to a Kudu" é a faixa mais delicada, uma verdadeira pérola bensoniana, com introdução lírica em acordes de guitarra em clima de oração, sem a banda, cujos membros vão, um a um, progressivamente, fornecendo o acompanhamento.
Os bongôs e as congas dão o clima de "Somewhere in the East", faixa mais instigante do trabalho, que revela um Benson impensável nos dias de hoje, explorando sem pudores intervalos inesperados, rítmicas complexas e efeitos variados.
O CD foi relançado e ainda conta com três bonus tracks com tomadas alternativas de faixas contidas no cd , tenho esta reedição e a recomendo.Hoje em dia o guitarrista está mais conhecido por ser um " cantador de baladas pop", do que o substituto de Wes Montgomery dos anos 60, mas é inegável que o mesmo nos tenha deixado um disco para toda a vida.
Faixas:
1 So What? 9:05
2 The Gentle Rain 9:05
3 All Clear 5:15
4 Ode to a Kudu 3:45
5 Somewhere in the East 6:05