quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Discos Que Marcaram a Minha Vida - Iron Maiden - Piece of Mind - 1983



 Na vida  quando mais  fazemos algo por um tempo , e  sempre que repetimos o mesmo, ele se torna especial . No meu caso , cada vez mais que ouvia a mesma música ou o mesmo disco várias vezes , aquilo se tornava uma quase relação , pois a cada audição , eu percebia algo novo e diferente naquilo. Isso aconteceu também em relação a banda Iron Maiden. De muitos amigos que tive , e alguns que tenho até hoje,sempre tinham seus discos da banda e queriam que eu ouvisse , " O Fred , leva esse Iron , é fod@. Mas eu nunca que escutava e esnobava a banda.Numa época da minha vida , eu tava curtindo muito o Heavy Metal , e escutava bandas do estilo de diferentes países, épocas sempre pesquisando sons novos.Até que um dia garimpando uns cds baratos , eis que vi aquela capa que choca logo na 1ª vista , O Eddie numa camisa de força , numa solitária toda acolchoada a sua volta . Como o preço tava convidativo , eu lembrei dos meus amigos , e o Fred levou o seu 1º Iron pra casa e não se arrependeu.


“Piece Of Mind” é uma obra que representa várias coisas. Recheado de clássicos, esse álbum é o momento em que o som do Iron Maiden casa de vez com o estilo vocal de Bruce Dickinson, é o momento em que a banda melhor desenvolve sua capacidade de compor melodias marcantes sem perder o peso característico de seu som e é, acima de tudo, o trabalho que melhor define a sonoridade da banda, aquele que melhor exemplifica tudo o que o Maiden é.

Após a saída do baterista Clive Burr, a banda recruta Nicko McBrain, do Trust. E o novo integrante já mostra a que veio na primeira música. “Where Eagles Dare” abre  de maneira fenomenal, com a batera precisa de Nicko, totalmente bem entrosada com o baixo do chefão Steve Harris, o extraordinário trabalho de guitarras da clássica dupla Dave Murray e Adrian Smith, seja nos riffs ou nos solos, além do vocal de Dickinson, melódico e atingindo notas muito altas. É difícil dizer se essa faixa é a melhor música de abertura de um disco na história do Maiden, até porque a concorrência é dura demais, mas a música é um clássico absoluto.
Em Piece of Mind, Steve Harris pela primeira vez permitiu que outros integrantes participassem ativamente das composições.
 Aí, Bruce tirou da manga "Flight of Icarus", que, ao mesmo tempo, era a cara do grupo, com sua temática mitológica , e tornou o som do Maiden radiofônico, sem farofar.
O rock mais direto de “Die With Your Boots On” é impossível de ser ouvido de forma quieta e passiva. Não bastasse toda a energia dessa música, os solos são excelentes, o baixo estala nos ouvidos durante a canção inteira e as notas atingidas pelo vocal são impressionantes. o vocalista enfiou-se novamente em seus livros e fez a bela "Revelations".Steve compareceu com, possivelmente, a canção que melhor define o Iron Maiden: "The Trooper", até hoje uma das favoritas dos fãs,um avassalador ataque da cavalaria, e rocks mais diretos como "Die With Your Boots On", em parceria com Bruce e com o guitarrista Adrian Smith, e “Where Eagles Dare".

 "To Tame a Land", baseada em Duna, não emplacou, mas ajudou a dar um charme extra ao disco.
A parte ‘menos famosa’ de “Piece Of Mind” se inicia com a semi-balada “Still Life”, única com participação do lendário guitarrista Dave Murray na composição. A música começa com uma mensagem invertida, ironizando as histórias de que o Maiden e outras bandas traziam em seus discos mensagens que, quando rodadas ao contrário, traziam alusões ao satanismo. Nesse caso, a mensagem trazia algo como “não mexa com aquilo que você não entende”. A canção em si é uma música maravilhosa, pouco executada pela banda, com uma levada marcante, belas melodias e mais um excelente trabalho vocal de Dickinson.
“Quest For Fire” talvez seja a ‘menos boa’ do disco, mas em se tratando de “Piece Of Mind”, isso está longe de ser uma música ruim. O andamento mais cadenciado e o vocal quase operístico dão o tom de mais uma excelente música, com todas as características que conferem à Donzela sua sonoridade inconfundível.
“Sun And Steel” é a faixa mais veloz do disco, com a tradicionalíssima cavalgada no riff e no acompanhamento do baixo, além de uma melodia cativante e um refrão legal. 



Não há pontos negativos a se ressaltar em “Piece Of Mind”. Pode-se até apontar alguma coisa que tenha ficado melhor que a outra, mas dizer que há algo sem qualidade nesse disco é um tanto arbitrário. A banda mostrou com esse trabalho que é possível abordar temas clássicos do heavy metal, como guerras e personagens mitológicos, de forma inteligente. Trazendo todos esses temas, além de incursões na literatura e até em citações religiosas, o disco traz algumas das letras mais bem sacadas da Donzela. A capa talvez não seja a melhor de todas, mas a expressão de loucura do Eddie lobotomizado tornou-se uma das ilustrações mais clássicas relacionadas à banda. O andamento é um pouco mais cadenciado em relação a outros discos da banda. A produção do mestre Martin Birch deixou todos os instrumentos perfeitamente audíveis e equalizados na medida certa.
Sobre a banda, não há como dizer quem se saiu melhor. O estreante Nicko McBrain faz um trabalho primoroso e, embora já mostrasse um pouco do virtuosismo que seria melhor exibido em discos posteriores, toca para a banda, sem querer aparecer mais do que a música pede.  Cabe aí o gosto pessoal de cada um. Quanto ao baixista, não bastasse ser o mentor da banda, o principal compositor desta e de todas as demais obras, sua excelência nas quatro cordas se faz desnecessária enfatizar. Impressionante como, nos dias de hoje, aparece um ou outro questionando sua habilidade como instrumentista. A dupla Adrian Smith/Dave Murray mostrou-se mais uma vez impecável, como sempre. Não se percebe entre os dois uma disputa de egos, uma competição para ver quem se sai melhor. E talvez por isso mesmo eles sejam responsáveis por algumas das mais clássicas e influentes linhas de guitarra na história do rock pesado. Quanto a Bruce Dickinson, apenas não se diz que esse foi o seu melhor trabalho para o Maiden porque sua performance em “Powerslave” também é de cair o queixo.
Qualquer um que vivenciou o metal na primeira metade dos anos 80, desde a molecada da época até os mais experientes, já gastou algumas horas de sua vida colocando “Piece Of Mind” para tocar, e para tocar de novo, e de novo, e mais uma vez. Por mais que alguém não goste do disco, se esse alguém nunca balançou a cabeça ao som de pelo menos uma das músicas desse álbum, ainda que uma única vez na vida, essa pessoa não pode dizer que sua experiência com o heavy metal esteja completa. “The Number Of The Beast” e “Powerslave” são os discos de estúdio mais famosos e aclamados da banda, mas é justamente o álbum que separa esses outros dois que pode ser dito como o que melhor expressa o que é o som do Iron Maiden. Depois de 25 anos completos, dá para dizer que além de ser a obra que melhor resume o som da banda, “Piece Of Mind” também é a síntese do que é o heavy metal clássico. Disco para toda a vida.

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