sábado, 10 de setembro de 2011

Quando o Punk Atingiu Seu Ápice ...


O Clash surgira na primeira hora do verão londrino de 1976, reunindo Joe Strummer, com uma carreira de performances no metrô e à frente de uma banda de pubs (os 101'ers); Paul Simonon, um estudante de arte que jamais havia pegado num baixo; e Mick Jones, que também vinha da cena de pubs. Primeiro Tory Crimes, e depois com Topper Headon na bateria (e por pouco tempo com o guitarrista Keith Levene, futuro PIL, completando um quinteto), o Clash abriu concertos dos Pistols em 1976 e, um ano depois, assinou um contrato vultoso para a época, com duzentos mil dólares de adiantamento. 
Não possuir um empresário que lhe ditasse o que fazer permitiu ao Clash uma liberdade musical jamais vista em outra banda punk, aliás poucas bandas experimentaram tamanha variedade sonora na história do Rock. Esta obra-prima do Clash tem um pouco de tudo do que já havia sido feito no Rock: Punk, Rockabilly, Jazz, Blues, Hard Rock, New Wave, Pop, Ska e Reggae. A sonoridade deste disco seria o suficiente para o colocar entre os maiores já feitos em toda a história do Rock, porém a banda ainda não satisfeita com isso deu origem aos mais bem elaborados versos de protesto já feitos no Rock mundial. Aliás que outra banda teria genialidade suficiente para rimar grateful, breakfast com paid for e feckless, ou ainda citar grandes gênios como Federico Lorca em suas composições? A crítica dita especializada da época que sempre torcia o nariz para as bandas de Punk Rock, teve de se render à genialidade deste disco, ao seu engajamento social, a sua sonoridade e acima de tudo ao talento inegável dos membros do Clash.
Esse disco é uma referência do estilo, um ícone da época em que foi lançado e um divisor de águas dentro do mundo da música. Uma obra perfeita que deve ser apreciada por todos.


Os dois primeiros discos desse contrato, The Clash (1977) e Give'Em Enough Rope (1978) - já revelavam claramente o que o Clash pretendia: de dentro da barragem alucinante de decibéis erguida por Jones, Strummer cantava articuladamente uma inquietação social e política que os Pistols conheciam, mas tratavam com um ódio brutal e amorfo. Mas, na época, a forma triunfou sobre o conteúdo, iludindo a todos, sem sequer antecipar o que seria London Calling.
A arte gráfica da capa do álbum é um caso a parte nesta obra-prima e remete ao não menos clássico “Elvis Presley” de 1956 um dos maiores trabalhos daquele que é tido por muitos como o rei do rock. A foto na capa é do baixista Paul Simonon destruindo o seu baixo em uma de suas apresentações em Nova Iorque. Como quase toda grande obra musical o impacto foi pouco sentido na época, porém com o passar dos anos “London Calling” se mostrou um dos álbuns mais influenciadores da história do Rock, influenciando desde artistas internacionais.
Lançado em meados de 1979, o disco foi um clarão de lucidez e coerência que nem o rock nem o Clash conheceriam depois. As dezenove faixas do álbum duplo - a última, "Train in Vain", não está creditada na capa - interligam-se para formar ao mesmo tempo um painel da Inglatera sobre Margaret Thatcher - relutantemente multirracial, bacia de fermentação de ódios e frustrações - e de um mundo apenas aparentemente sob controle, mas impulsionado por armas, drogas e guerras sob encomenda. A música tem uma riqueza de texturas que o punk desconhecia. O Clash canta o ska e o reggae pesado da Londres negra ("The Guns of Brixton", "Rudie Can't Fail". "Wrong Em Boyo") e puxa o longo fio ancestral que vai até os anos cinquenta ("Brand New Cadillac") e o jazz ("Jimmy Jazz").


“Clampdown” é um verdadeira porrada no orgulho do capitalismo, uma das canções de protesto mais explosivas da história da música que não perdoa ninguém, seja governos corruptos e injustos ou as selvagens “leis” que regem o sistema capitalista, um dos maiores destaques do álbum. “Guns Of Brixton” traz uma forte crítica social, tendo como base o violento bairro londrino de Brixton. Apesar disso a canção tem uma batida Reggae contagiante, elaborada pelo baixista Paul Simonon, com destaque para o baixo e para a bateria marcantes. “Wrong’Em Boyo” é um Ska dançante, que dá sequência ao clima criado pela canção anterior, com arranjos simplesmente geniais com destaque para o saxofone e o órgão. “Death Or Glory” é um Hard rock direto, uma sonoridade até então incomum e novidade para uma banda de punk. “Koka Kola” traz mais uma vez uma forte crítica ao sistema capitalista e aos inclusos nele, o título da canção refere-se a empresa de mesmo nome que é um dos maiores símbolos do capitalismo ianque. “The Card Cheat” é outro Hard Rock, cujo destaque fica por conta da fantástica introdução com piano, baixo e bateria. “Lovers Rock” é vez do romantismo dar as caras no disco, rock simples, direto e descompromissado. “Four Horsemen” traz uma das melodias mais fracas de todo o disco que dá uma melhorada no refrão, a mais fraca em todo o disco, mas ainda sim uma grande canção. “I’m Not Down” traz uma melodia contagiante e vocal de Mick Love está sensacional, faixa mas enérgica que a anterior e que dá uma grande elevada na qualidade do álbum. “Revolution Rock” mostra mais uma vez a criatividade melódica da banda, e apesar do título traz uma batida cadenciada típica do Reggae. E assim esses 4 músicos participam do auge de um estilo , coisa pra poucos independendo do estilo musical, e concebem um disco para toda a vida.
 
Formação:
Mick Jones – guitarra, vocal
Joe Strummer – guitarra, vocal
Paul Simonon – baixo, vocal
Topper Headon – bateria, percussão 

Faixas:
1. London Calling
2. Brand New Cadillac
3. Jimmy Jazz
4. Hateful
5. Rudie Can´t Fail
6. Spanish Bombs
7. The Right Profile
8. Lost in the Supermarket
9. Clampdown
10. The Guns of Brixton
11. Wrong ´Em Boyo
12. Death or Glory
13. Koka Kola
14. The Card Cheat
15. Lover´s Rock
16. Four Horsemen
17. I´m Not Down
18. Revolution Rock
19. Train in Vain











 
 

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